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A BALA PENETROU EM SUA BOCA, DESBRAVANDO SEU INTERIOR. FOI O FIM.
Honestamente sou uma pessoa desprovida de qualquer interesse pela vida alheia. Passo a vida, sem questionar absolutamente nada. Não remo contra a maré, nem espero por marés melhores. Se você vai bem, amém se vai mal, amém também. Eu não perturbo ninguém. A minha auto-suficiência vem desde criança, minha mãe notava isto. Quando me entendi por gente fui procurar meus caminhos. Nunca senti este tal de vazio interior. Meu interior sempre foi repleto de mim mesmo, eu me basto. Tenho alguns costumes, hábitos que desenvolvi. Por exemplo: Não empresto nada muito menos dinheiro; vou religiosamente ao banheiro todos os dias as 05h25minh da manhã; durmo de barriga para cima, nada de posição fetal, e detesto que me incomode, esta é a maior das minhas qualidades. Como o senhor pode perceber sou categoricamente normal. Poderia ser teu irmão gêmeo.
Veja, falar de nossas qualidades pode ser perigoso, alguém pode sentir a tentação de se aproximar. Se tiver defeitos, um deles é fazer propaganda de mim mesmo, deu no que deu. Outra qualidade que me esqueci de dizer, pego emprestado os objetos e nunca devolvo. Olha que favorzão:
- Faço a pessoa se livrar de coisas desnecessária. Não somos todos, ilhas separadas por um oceano de bugigangas?
Foi em um destes favores que passei a notar o Aparecido, mais conhecido como Cidão. Ele é do tipo “deixa disso”. Uma pessoa com tamanho conteúdo não poderia passar despercebida por muito tempo. Tomei emprestado para sempre um DVD dos Bee Gees ,dele. Cidão maravilhosamente egoísta veio me perguntar quando iria devolver. Fiz cara de bobo. Diante da minha cara ele me disse coisas lindas, escrevi até no meu caderninho pra não me deixar esquecer, caso este meio defeito de fazer propaganda ficasse muito latente. Depois disso Cidão começou a me olhar, mas não encarava não, este negócio de olhar nos olhos, como espelho da alma, é para ficção. Este jeito dele olhar tinha uma energia que me desmontava a realidade crua, mas passei a sonhar com ele. Nos sonhos Cidão me abraçava por trás e falava bem devagar - Você é tudo que sonhei. O meu sonho se confundia com o dele, e eu não sabia mais quem é que sonhava. Na nossa rotina diária, eu inventava e ele também mil e uma desculpas para nos falarmos. Eu pedia emprestado e ele negava. Estávamos em estado de êxtase em nossa relação. Na fábrica onde trabalhávamos o comentário já corria a boca pequena...
-Pára aí! Diz o pipoqueiro, atrás de seu carrinho iluminado pelo lampião a gás.
-Não estou te entendendo quem é você afinal? Como assim?-Você está confundindo a minha cabeça, está virando mingau, e eu vendo pipoca.
Como os comentários se intensificaram fomos chamados ao departamento de relações humanas. Eu tremia de raiva, como é bom sentir raiva, ranger os dentes. A espécie humana se perpetua através dela, me sinto orgulhoso de fazer parte disso. Foi nesta hora que fiquei decepcionado com Cidão. Ele chegou depois de mim ao departamento e foi logo dizendo - Não quero encrencas, fica para você o DVD dos Bees Gees.
- Seu Bonzinho! Dizia eu apontando o dedo na cara dele, é isso que você é b.o.n.z.i.n.h.o. Soletrei para que ele nunca mais esquecesse. Fomos despedidos. Cidão por este defeito monstruoso, ser bonzinho, que irritante, e a mim que coube o papel de dizer a verdade, paguemos o preço. Vai entender...
Pergunto eu: Está entendendo agora, Senhor pipoqueiro?
-Toma aqui um saquinho de pipocas, enfim você tem que começar de algum lugar a produção do seu filme, mas troca o título “Cista”,quem vai saber o que é isso,que tal “A culpa é do pipoqueiro”
Já pensaste se eu fosse bilheteiro?
*Contos
“Como assim?“
Autor: O Queimador-de-campo
Honestamente sou uma pessoa desprovida de qualquer interesse pela vida alheia. Passo a vida, sem questionar absolutamente nada. Não remo contra a maré, nem espero por marés melhores. Se você vai bem, amém se vai mal, amém também. Eu não perturbo ninguém. A minha auto-suficiência vem desde criança, minha mãe notava isto. Quando me entendi por gente fui procurar meus caminhos. Nunca senti este tal de vazio interior. Meu interior sempre foi repleto de mim mesmo, eu me basto. Tenho alguns costumes, hábitos que desenvolvi. Por exemplo: Não empresto nada muito menos dinheiro; vou religiosamente ao banheiro todos os dias as 05h25minh da manhã; durmo de barriga para cima, nada de posição fetal, e detesto que me incomode, esta é a maior das minhas qualidades. Como o senhor pode perceber sou categoricamente normal. Poderia ser teu irmão gêmeo.
Veja, falar de nossas qualidades pode ser perigoso, alguém pode sentir a tentação de se aproximar. Se tiver defeitos, um deles é fazer propaganda de mim mesmo, deu no que deu. Outra qualidade que me esqueci de dizer, pego emprestado os objetos e nunca devolvo. Olha que favorzão:
- Faço a pessoa se livrar de coisas desnecessária. Não somos todos, ilhas separadas por um oceano de bugigangas?
Foi em um destes favores que passei a notar o Aparecido, mais conhecido como Cidão. Ele é do tipo “deixa disso”. Uma pessoa com tamanho conteúdo não poderia passar despercebida por muito tempo. Tomei emprestado para sempre um DVD dos Bee Gees ,dele. Cidão maravilhosamente egoísta veio me perguntar quando iria devolver. Fiz cara de bobo. Diante da minha cara ele me disse coisas lindas, escrevi até no meu caderninho pra não me deixar esquecer, caso este meio defeito de fazer propaganda ficasse muito latente. Depois disso Cidão começou a me olhar, mas não encarava não, este negócio de olhar nos olhos, como espelho da alma, é para ficção. Este jeito dele olhar tinha uma energia que me desmontava a realidade crua, mas passei a sonhar com ele. Nos sonhos Cidão me abraçava por trás e falava bem devagar - Você é tudo que sonhei. O meu sonho se confundia com o dele, e eu não sabia mais quem é que sonhava. Na nossa rotina diária, eu inventava e ele também mil e uma desculpas para nos falarmos. Eu pedia emprestado e ele negava. Estávamos em estado de êxtase em nossa relação. Na fábrica onde trabalhávamos o comentário já corria a boca pequena...
-Pára aí! Diz o pipoqueiro, atrás de seu carrinho iluminado pelo lampião a gás.
-Não estou te entendendo quem é você afinal? Como assim?-Você está confundindo a minha cabeça, está virando mingau, e eu vendo pipoca.
Como os comentários se intensificaram fomos chamados ao departamento de relações humanas. Eu tremia de raiva, como é bom sentir raiva, ranger os dentes. A espécie humana se perpetua através dela, me sinto orgulhoso de fazer parte disso. Foi nesta hora que fiquei decepcionado com Cidão. Ele chegou depois de mim ao departamento e foi logo dizendo - Não quero encrencas, fica para você o DVD dos Bees Gees.
- Seu Bonzinho! Dizia eu apontando o dedo na cara dele, é isso que você é b.o.n.z.i.n.h.o. Soletrei para que ele nunca mais esquecesse. Fomos despedidos. Cidão por este defeito monstruoso, ser bonzinho, que irritante, e a mim que coube o papel de dizer a verdade, paguemos o preço. Vai entender...
Pergunto eu: Está entendendo agora, Senhor pipoqueiro?
-Toma aqui um saquinho de pipocas, enfim você tem que começar de algum lugar a produção do seu filme, mas troca o título “Cista”,quem vai saber o que é isso,que tal “A culpa é do pipoqueiro”
Já pensaste se eu fosse bilheteiro?
*Contos
“Como assim?“
Autor: O Queimador-de-campo