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Como funcionou Jack, o Estripador

Luz Divina

GF Ouro
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Como funcionou Jack, o Estripador


Em 1888, o East End de Londres era um local assombroso. Casas de ópio e bordéis dividiam o espaço apertado dos quarteirões com residências. Moradores bêbados saíam dos bares direto para as rua­s onde crianças brincavam. A violência era comum e os pedidos de ajuda normalmente não eram atendidos .

As condições de vida no East End refletiam a pobreza de seus habitantes. Havia pouco acesso à água tratada e doenças como a tuberculose e a difteria se espalhavam facilmente. Algumas mulheres se envolviam em prostituição para complementar a renda de suas famílias. Era um lugar desolador, deprimente e, muitas vezes, ameaçador para se viver.



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Isso tudo só torna mais significante que no outono daquele ano tenha sido cometida uma série de assassinatos tão brutais que se destacaram nitidamente mesmo naquele cenário sombrio, a ponto de chamarem a atenção do mundo inteiro. No distrito de Whitechapel, no East End, várias prostitutas foram assassinadas. As cenas dos crimes constituíam um palco assustador; os cadáveres brutalizados mostravam alto grau de perversão.

O assassino era um colecionador que pegava órgãos das vítimas como troféus. A assinatura de uma carta recebida durante a onda de assassinatos deu um nome a esse monstro: Jack, o Estripador. A cidade foi invadida pela desconfiança e pelo medo. Embora dezenas de suspeitos tenham sido pegos, a polícia não foi capaz de capturar o assassino.

Comitês de justiceiros foram formados e as multidões tomaram como hábito caçar pessoas pelas ruas. E então, subitamente, os assassinatos pararam. Apesar de mais três anos de investigação, a polícia nunca descobriu a verdadeira identidade de Jack, o Estripador. O caso não resolvido foi oficialmente encerrado em 1892, mas o interesse pelos assassinatos nunca diminuiu. Uma forte cultura de criminólogos amadores, conhecidos como estripadorólogos, foi cultivada pelo persistente mistério de Jack, o Estripador.



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Este artigo contém descrições detalhadas de assassinatos historicamente documentados.[/SIZE]



Os detalhes sobre o caso são tão amplos e incompletos (e, em alguns casos, tão exagerados) que a identidade do assassino pode não ser descoberta jamais. Mas existem alguns fatos apavorantes sobre os assassinatos que fornecem uma visão sobre o comportamento que hoje é definido como o trabalho de um serial killer.


Vítimas de Jack, o Estripador



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Um dos motivos pelos quais o mistério de Jack, o Estripador persiste é a incerteza que envolve os crimes. A crença mais comumente sustentada é a de que ele assassinou cinco mulheres de 31 de agosto até 9 de novembro de 1888. Esses são os chamados assassinatos do Estripador (também chamados de assassinatos canônicos) e estão entre 11 assassinatos que ocorreram por volta da mesma época, chamados de assassinatos de Whitechapel.

Incluindo o método de assassinato e a desfiguração pós-morte, as vítimas canônicas possuíam alguns aspectos em comum: eram prostitutas (ou eram conhecidas por casualmente aceitarem propostas), tinham meia-idade (a maioria), estavam bêbadas ou eram notórias alcoólatras. Os relatos de seus assassinatos podem ser lidos como capítulos de um romance perturbador.


Mary Ann "Polly" Nichols


Polly Nichols, a primeira vítima do Estripador, tinha aproximadamente 44 anos quando foi assassinada. Ela era extremamente pobre e conhecida por apreciar a bebida. Ela foi vista viva pela última vez por volta de 2h38 da manhã em 31 de agosto de 1888 e foi encontrada por volta das 3h45, jogada na estreita e pouco iluminada rua Buck's Row em Whitechapel. Ela ainda estava viva quando foi encontrada, mas morreu poucos minutos depois. Polly Nichols sofreu uma laceração de cerca de 20 centímetros na garganta, o que rasgou as artérias principais em cada lado do pescoço. Nichols também sofreu incisões adicionais no pescoço, bem como lacerações violentas no abdome .


Annie Chapman


A segunda vítima era uma viúva alcoólatra de 47 anos que se sustentava parcialmente com a prostituição após a morte do marido. Ela foi vista com vida pela última vez no dia 8 de setembro de 1888, às 5h30 na Hanbury St., com um homem descrito como "um cavalheiro desarrumado" [fonte: Casebook]. Alguns minutos depois, outra testemunha ouviu uma mulher soltar um grito abafado de "Não!" por trás da cerca entre seu jardim e a 29 Hanbury St., seguido de um baque contra a cerca [fonte: Casebook]. Menos de meia hora depois, um morador do local encontrou o cadáver de Chapman [fonte: Walks of London]. Chapman foi encontrada com os pés empurrados em direção ao seu corpo, com os joelhos no ar e separados. Sua garganta foi cortada profundamente da esquerda para a direita e sua língua inchada sugeria que a causa da morte havia sido estrangulamento. O abdome de Chapman foi cortado e deixado aberto - seus intestinos foram removidos e colocados no seu ombro. Uma parte da genitália, bem como seu útero e sua bexiga foram retirados. A exatidão das incisões sugere que o assassino tivesse algum conhecimento sobre anatomia .


Elizabeth Stride


Na noite em que encontrou Jack, o Estripador, Stride tinha 45 anos e havia bebido um pouco antes. Stride ocasionalmente se envolvia em prostituição, mas pouco antes de morrer havia sido vista recusando uma proposta. Ela foi vista pela última vez em um domingo, 30 de setembro de 1888, à 00h35, falando com um homem com um pacote embrulhado em jornal. Cerca de 25 minutos depois, ela foi encontrada em Dutfield's Yard, um beco escuro da Rua Berner. Suas pernas foram empurradas em direção ao corpo - joelhos no alto - com um lenço amarrado no pescoço. A garganta de Stride foi profundamente cortada no lado esquerdo, com uma incisão menor à direita. A temperatura do corpo e a ausência de mutilações sugerem que o Estripador pode ter sido interrompido pelo homem que descobriu o cadáver.




Outras vítimas de Jack, o Estripador




Após ter sido supostamente interrompido durante o assassinato de Stride, o Estripador atacou novamente uma hora depois.


Catherine Eddowes


Com 46 anos e sofrendo de uma doença dos rins, Eddowes era alcoólatra e conhecida como uma pessoa inteligente e educada. Na noite de seu assassinato, ela havia sido levada em custódia policial por embriaguez em público e liberada pouco antes da 1h00. Eddowes foi vista viva pela última vez à 1h35, por três homens que saíam de um bar. Ela estava falando com um homem de bigode perto da Praça Mitre - uma área pequena e cercada em Whitechapel. Dez minutos depois, um policial encontrou o corpo de Eddowes na praça.

Como as outras vítimas do Estripador, sua garganta foi rasgada e suas pernas abertas com os joelhos erguidos. O corpo de Eddowes foi totalmente aberto desde o reto até o esterno. Suas entranhas foram espalhadas sobre ela - os intestinos sobre os ombros e por baixo do braço. O nariz de Eddowes foi arrancado e incisões profundas e violentas marcavam suas pálpebras e bochechas. A incisão em sua garganta foi determinada como a causa da morte. A maior parte de seu útero foi removido, assim como seus rins. Em conjunto, as incisões e a remoção de órgãos sugeriram ao legista que o assassino tinha experiência em anatomia humana .


Mary Jane Kelly


Diferentemente das vítimas anteriores, Kelly, aos 25 anos, era jovem e considerada atraente. Porém, como as outras, ela era uma prostituta e conhecida por beber. Ela foi a única vítima canônica a ser assassinada em um ambiente interno. Com essa privacidade, o Estripador criou a sua obra mais repugnante.
Kelly foi vista viva pela última vez na sexta-feira, 9 de novembro, depois das 2h00, entrando em seu apartamento, em Miller Court, acompanhada por um homem de bigode e que carregava um pacote. Às 10h45, o locatário entrou no apartamento de Kelly para receber o aluguel e encontrou o seu corpo.

Ela estava deitada parcialmente vestida em uma camisola, com os pés recolhidos em direção ao corpo, joelhos dobrados para cada lado e as pernas abertas na já conhecida forma em que o Estripador deixava suas vítimas. Kelly foi a mais mutilada das vítimas do Estripador; seu rosto estava praticamente destruído, tendo sido cortado e apunhalado repetidamente, sendo que alguns traços foram inteiramente removidos.

Sua garganta foi cortada tão profunda e violentamente que até mesmo suas vértebras tinham marcas de faca. Seus seios, bem como seus órgãos e entranhas foram empilhados embaixo de sua cabeça e ao longo de seu corpo. Pedaços de carne tirados da barriga e das coxas foram colocados no criado-mudo ao lado de sua cama. Parte do seu coração estava faltando e havia evidências de que um machado havia sido usado no crime, juntamente com uma longa faca afiada .

Algumas pessoas acreditam que o Estripador matou mais do que as vítimas canônicas de agosto a novembro de 1888. Torsos femininos foram descobertos durante os meses e anos após os assassinatos do Estripador, e uma possível vítima foi assassinada na Cidade de Nova Iorque . Existem diversas outras vítimas cujos ferimentos combinavam com a técnica usada pelo Estripador, mas elas não estão incluídas entre as vítimas canônicas. O caso de uma prostituta brutalmente morta, Martha Tabram, alcançou alguma aceitação como um possível sexto assassinato canônico. Tabram também era uma prostituta alcoólatra e foi assassinada em 7 de agosto de 1888 - o que a faria a primeira vítima do Estripador. Tabram foi encontrada com as pernas abertas e com 39 facadas, concentradas principalmente em seu abdome e em suas virilhas .

Por trás de todo esse diabólico derramamento de sangue, havia um método organizado nos assassinatos. Com o passar dos anos, foi descoberto o modus operandi de Jack, o Estripador.


Perfil e modus operandi de Jack, o Estripador


Quanto mais alguém mergulha no estudo dos assassinatos do Estripador, mais fácil se torna imaginá-los com os olhos de Jack. O que ele sentia horas antes de matar, enquanto procurava as suas vítimas? Talvez ele brincasse com as mulheres, pagando-lhes bebidas em pubs e depois as encontrava novamente mais tarde na mesma noite. Talvez ficasse fascinado com o poder, acreditando que tinha em suas mãos o destino de cada uma dessas mulheres.

Nunca saberemos realmente o que se passava na cabeça do assassino, porém, existem algumas suposições seguras sobre o Estripador e sobre sua personalidade que a criminologia - tanto a contemporânea quanto a atual - nos oferece.

Com o prosseguir das matanças, o modus operandi (M.O.) de Jack - o método que ele usava em cada assassinato - ficou claro. Ele atacava apenas nas primeiras horas da manhã e somente aos fins de semana. Esses fatos são reveladores. Sugerem que o Estripador era solteiro, uma vez que era capaz de sair a altas horas sem levantar suspeitas. Em segundo lugar, eles apontam para a idéia de que Jack provavelmente tinha um emprego fixo durante a semana, o que explicaria a sua inatividade de segunda a quinta-feira.

A forma que ele assassinava suas vítimas também continha pistas. Todas as mulheres, exceto uma, foram mortas por estrangulamento. Uma vez que a vítima era colocada cuidadosamente sobre o chão, o Estripador cortava sua garganta, o que esgotava seu sangue antes que ele começasse o ritual de evisceração.

A maior parte da remoção de órgãos ocorria de forma limpa. No caso de Eddowes, o Estripador removeu o rim esquerdo pela frente e não pelas costas ou pela lateral . Em conjunto, as eviscerações e remoções de órgãos sugerem que o Estripador era uma pessoa com algum tipo de conhecimento em anatomia ou em cirurgias. Os ferimentos à faca também indicam que ele era destro.

Com base nas descrições de testemunhas históricas, investigadores modernos na Scotland Yard compilaram uma descrição física do assassino em 2006. Ele era um homem com idade entre 25 e 35 anos, de altura mediana e constituição robusta. Os investigadores também concluíram que Jack era um morador de Whitechapel e, o mais surpreendente, que ele deveria ser "assustadoramente normal", não levantando suspeitas nas pessoas com quem convivia .

Em 1988, o FBI criou um perfil psicológico de Jack, o Estripador. O agente especial John Douglas concluiu que o Estripador era um assassino oportunista: ele escolhia prostitutas alcoólatras porque elas eram alvos fáceis. O agente também acreditava que o Estripador havia cometido outros crimes que nunca foram atribuídos a ele. Jack era um assassino de desejo, o que significa que o foco de suas mutilações rituais era a genitália feminina.

Isso não quer dizer que os assassinatos eram sexuais; não há evidências de que o Estripador tenha se envolvido sexualmente com suas vítimas antes ou depois de seus assassinatos (embora os agentes acreditem que Jack fosse cliente de prostitutas). Em vez disso, as mutilações sugerem que ele estava executando fantasias violentas direcionadas à sua mãe, provavelmente a responsável pela imagem que Jack possuía das mulheres, uma imagem que ele passou a desprezar. Ela pode ter sido uma alcoólatra - e até mesmo uma prostituta .

A investigação moderna nos forneceu uma imagem mais clara de Jack, o Estripador. Mas esse não era o caso em 1888. Descubra mais sobre o clima criado pelo assassino que assombrou Londres .



Investigação, histeria e cobertura da imprensa


Seria um eufemismo dizer que durante o outono de 1888 os habitantes do East End de Londres estavam nervosos. Hoje, nós vemos fotos borradas e desenhos de mulheres mortas em um passado remoto; mas na época, os assassinatos dessas mulheres causaram um grande medo entre a população. Embora se acredite que 9 de novembro de 1888 tenha sido a data do fim da onda de assassinatos, a população de Whitechapel na época não tinha essa certeza. Eles sabiam apenas que estavam em meio a uma série de assassinatos brutais - cujo final seria incerto - e que havia um carniceiro desumano à solta.



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Vista do Big Ben e do Parlamento em Londres, cidade
aterrorizada pelas ações de Jack, o Estripador no final do século 19


Qualquer atividade suspeita acirrava os ânimos. Qualquer um que pudesse se encaixar na descrição do Estripador era visto com muita hostilidade. Estranhos andando pelas ruas imaginavam que podiam estar ao lado do assassino. Vizinhos começaram a prestar atenção uns nos outros em busca de atividades suspeitas. Naquele outono, em Whitechapel, multidões se formavam rápida e facilmente.

Em um caso, um homem procurado pela polícia por uma infração sem ligação com os crimes do Estripador foi avistado por policiais perto da cena do assassinato de Annie Chapman. Ao ver a caçada policial, centenas de moradores de Whitechapel se juntaram a eles. A multidão, convencida de que o homem era o Estripador, queria o seu linchamento. Ele e sua escolta policial tiveram de abrir caminho entre a multidão até a delegacia e os moradores furiosos permaneceram durante horas no local .

O medo despertado pelo Estripador estimulou uma paranóia já existente na cidade. A xenofobia e o anti-semitismo (medo e desconfiança de estrangeiros e de judeus, respectivamente) encontraram voz em algumas explicações para os assassinatos - tanto oficiais quanto públicas, que colocavam a culpa sobre os estrangeiros e judeus. O medo de uma revolta anti-semita foi forte o suficiente para que a polícia mantivesse sigilo sobre uma mensagem contra os judeus que estava rabiscada em uma parede próxima à cena de um dos assassinatos .

Grande parte dessa histeria foi alimentada pela imprensa, com descrições do assassino como "um monstro, ou monstros em forma humana" e os assassinatos como uma "pavorosa séria de chacinas". Esse tipo de cobertura se estendeu aos jornais ao redor do mundo. Cartas supostamente escritas por Jack e enviadas a jornais, à polícia e residências particulares foram publicadas. Uma delas, a carta do Caro Chefe concedeu o nome Jack, o Estripador ao assassino. Ela continha uma referência enigmática ao assassino como sendo um membro da força policial. Outra carta, a carta Do Inferno foi enviada com um pedaço de rim humano, possivelmente o de Catherine Eddowes, mas nunca foi realmente provado que era dela.

O tom dessas cartas provocava a polícia - e não era sem motivo. Em alguns casos, a Polícia Metropolitana e a Polícia Municipal se envolveram em disputas territoriais durante a investigação, e oficiais de alto escalão foram criticados como incompetentes. A polícia costumava entrar em Whitechapel, pesquisar a área, entrevistar habitantes e prender possíveis suspeitos. Mas eles não tinham as técnicas legais e investigativas modernas e a polícia de Londres nunca encontrou o Estripador.

O pior é que os investigadores modernos acreditam que a polícia da era vitoriana pode, em algum momento, tê-lo entrevistado e o deixado ir embora . A incapacidade da polícia em capturar Jack levou à formação de comitês de justiceiros locais. A investigação chegou a tamanho nível de desespero que a polícia começou a remover os moradores mentalmente doentes de Whitechapel e os mandar para asilos sob a premissa de que o assassino deveria ser louco .

Embora a polícia nunca tenha chegado a alguém que pudesse ser condenado pelos crimes do Estripador, alguns investigadores tinham os seus favoritos para o homem responsável pelas mortes.


Suspeitos de serem Jack, o Estripador



Com o passar dos anos, cerca de 170 pessoas foram apontadas como suspeitas no caso de Jack, o Estripador . Algumas se mostraram controversas, como a suposição de que o assassino seria uma mulher, "Jill, a Estripadora". Outras suspeitas polêmicas recaíram sobre o pintor Walter Sickert, sobre o escritor Lewis Carroll e sobre o herdeiro ao trono, Príncipe Albert Victor. Algumas teorias de conspiração sugerem que toda a família real ou os membros da maçonaria estavam por trás dos assassinatos.

Com o passar dos anos, os suspeitos foram excluídos pelos estripadorólogos e, em alguns casos, inocentados. Por exemplo, o russo Michael Ostrog, médico e ladrão condenado era um suspeito, uma vez que foi citado (junto a outros dois homens) no relatório final do caso não resolvido, redigido pelo comissário de polícia Neville Macnaughten em 1889.

Ostrog dificilmente se encaixaria no papel, pois era um criminoso insignificante e nunca foi suspeito de outros assassinatos, embora tenha sido internado várias vezes em asilos. Seu paradeiro desconhecido durante os assassinatos o manteve como suspeito até que o escritor Phillip Sugden afirmou em um livro publicado em 2002 que documentos da polícia de Paris mostram que Ostrog estava sob custódia na França durante os assassinatos do Estripador .

Macnaughten também citou outro médico - Montague John Druitt, que desapareceu após o assassinato de Kelly, em Miller Court. Druitt foi encontrado afogado no rio Tâmisa em dezembro seguinte, o que combinava com a opinião do comissário, de que os assassinatos haviam terminado devido à morte ou ao aprisionamento do assassino [fonte: Bardsley]. O terceiro suspeito citado no relatório era Aaron Kosminski. Considerado insano, ele foi enviado a um asilo, onde morreu em 1919. No entanto, apesar da descrição feita por Macnaughten, Kosminski não era considerado violento .

É possível que Macnaughten tenha confundido Kosminski com outro suspeito - Severin Klosowski (também conhecido como George Chapman), que foi citado em uma entrevista à imprensa em 1903 por um inspetor chefe que estava no caso, Frederick George Abberline [fonte: Morrison]. Klosowski era o único dos suspeitos citados conhecido como assassino, tendo envenenado três de suas esposas.

Ele saía tarde da noite, tinha um emprego regular e era um médico habilidoso. Ele também se mudou para os Estados Unidos e vivia em New Jersey quando a possível única vítima americana do Estripador foi morta. Mas Klosowski usava veneno para matar, um M.O. completamente diferente do de Jack, o Estripador. Porém, ele havia atacado sua primeira esposa com uma faca, apesar de ter sido interrompido antes de feri-la .

Outro investigador envolvido no caso original preferia o Dr. Francis J. Tumblety como suspeito. Tumblety era um médico americano, preso em novembro de 1888 por atentado ao pudor, que pagou a fiança e fugiu de volta para os EUA. Os detetives da Scotland Yard viajaram para a América para investigar Tumblety, mas não executaram prisão.

Outro provável suspeito era Joseph Barnett, um peixeiro muito habilidoso com facas. O perfil de Barnett se encaixa quase completamente com os perfis físico e psicológico do assassino. Mais do que isso, Barnett viveu com a última vítima canônica, Mary Jane Kelly, pouco antes de seu assassinato e estava apaixonado por ela. É possível que sua morte tenha sido o ápice dos ataques assassinos, o que explicaria o motivo de os assassinatos terem acabado .

Os estripadorólogos de hoje analisaram minuciosamente os possíveis suspeitos. O seu trabalho ilustra o poder que os assassinatos ainda possuem.


O legado de Jack, o Estripador




Quando o assombroso trabalho manual de Jack, o Estripador começou a aparecer em Whitechapel, ele marcou o surgimento de um novo tipo de assassino. Jack não foi o primeiro serial killer do mundo, mas, sem dúvidas, foi o produto de uma sociedade cada vez mais industrializada, bem como do anonimato e do isolamento que ela produziu. Ele não matava por dinheiro, para eliminar um inimigo ou para punir um cônjuge - os motivos costumeiros para um assassinato. As mortes pareciam aleatórias e ele pegou os oficiais de polícia de Londres completamente desprevenidos .

Para capturar esse novo tipo de assassino, a criminologia teve de evoluir. Aquela que foi a primeira foto de cena do crime (tirada de Mary Jane Kelly, em Miller Court) hoje é um procedimento padrão em investigações policiais . A técnica de comparar os corpos das vítimas para estabelecer o M.O. também nasceu durante as investigações sobre o Estripador . Pode-se argumentar que todas as técnicas modernas de investigação nasceram durante os assassinatos do Estripador.

Os assassinatos do Estripador também ficaram caracterizados pela cobertura que receberam da imprensa. Foi a primeira vez que um serial killer recebeu cobertura internacional. A exposição gerou uma onda de centenas de cartas. Embora não haja prova de que qualquer dessas cartas tenha sido escrita pelo assassino real, elas se mostraram como um legado duradouro.

Assassinos posteriores, como o Assassino do Zodíaco, nos anos 60, correspondiam-se com os próprios veículos de imprensa que apresentavam seus crimes ao público. A imprensa e os assassinos vieram a formar uma relação simbiótica - a mídia fornece o renome pelo qual muitos serial killers anseiam e os assassinos providenciam o sustento dos repórteres.

Jack, o Estripador também teve um efeito imediato sobre Londres ao expor a existência das classes baixas e vitimadas pela pobreza. Antes dos assassinatos, as classes mais ricas estavam cientes de inquietações sociais ocorrendo no East End. Uma revolta e uma manifestação alastrada pelas classes mais pobres havia vazado para fora do East End dois anos antes.

Mas as mortes chamaram a atenção de lentes internacionais sobre esse distrito e sobre a qualidade de vida das pessoas que viviam nas favelas do mundo desenvolvido. O dramaturgo George Bernard Shaw disse que, ao atrair ampla atenção sobre as condições da região, os pavorosos assassinatos tiveram sucesso naquilo que os reformadores sociais não conseguiram.

Talvez o mais óbvio legado de Jack, o Estripador seja o interesse duradouro pelo caso, que nunca desapareceu completamente. O Estripador continuou como um atrativo em filmes, em bancas de jornais, em televisão, em excursões e em exposições. O campo da estripadorologia é levado a sério por aqueles que fazem mais do que apenas conversar sobre o assunto. Muitos estripadorólogos escreveram livros de sucesso, alguns dos quais se mostrando fontes definitivas no tema dos assassinatos.

Mas isso não explica o motivo do legado do Estripador perdurar. Uma perspectiva mais sombria foi sugerida por Alex Murray em 2004. Tendo emergido das favelas de uma sociedade desenvolvida, Jack, o Estripador permanece como um lembrete da violência potencial latente em cada um de nós, não importa o quão civilizados nós nos tornemos. Murray escreve, "A única coisa a ser revelada na investigação de Jack, o Estripador somos nós mesmos" .


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