Portal Chamar Táxi

Comunidades terapêuticas em risco devido a atrasos de pagamentos do Estado

florindo

Administrator
Team GForum
Entrou
Out 11, 2006
Mensagens
39,084
Gostos Recebidos
481
ng1211514_435x190.jpg


Comunidades terapêuticas em risco devido a atrasos de pagamentos do Estado


O director da delegação regional de Lisboa e Vale do Tejo do Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT) afirmou que há comunidades terapêuticas que correm o risco de encerrar devido ao «atraso significativo» nas transferências de verbas do Estado.

«As comunidades terapêuticas dependem em grande medida do financiamento que é dado pelo Estado e o que se passa é que há um atraso significativo nas transferências feitas a nível central para o IDT, que assim tem dificuldade em manter o pagamento em dia», disse à Agência Lusa António Maia.

Nesse sentido, sublinhou, «há comunidades que vão ter risco de fechar porque dependem essencialmente dessas verbas, que se não são pagas em tempo, as comunidades não têm condições de assegurar o pagamento aos seus recursos humanos e isto provavelmente irá criar uma grande vulnerabilidade em algumas instituições».

O coordenador da comunidade terapêutica Lugar da Manhã alertou que a instituição corre o risco de fechar por falta de emissão do IDT dos termos de responsabilidade aos doentes, que permitem efectuar o pagamento do doente em tratamento.

Nuno Eloca disse à Lusa que há comunidades que fecharam e outras correm o risco de encerrar.

António Maia admitiu que a delegação do IDT de Lisboa tem alguns meses em atraso, com o mês de Dezembro ainda por pagar.

«Isto ultrapassa o IDT porque eu não tenho dinheiro, não tenho liquidez. Até tenho autorização, cumpri rigorosamente o que o orçamento previa, trabalhei em função dessas balizas», mas não sei quando é feita a transferência das verbas para o IDT poder processar os pagamentos devidos quer ao internamento, quer às entidades, justificou, frisando que o IDT não tem autonomia financeira.

Questionado pela Lusa se a crise pode aumentar o problema da droga em Portugal, António Maia afirmou que e necessário estar atento a esta situação.

«Uma das questões que nós sabemos é que a situação associada à dependência de drogas ilícitas, ao alcoolismo, às perturbações emocionais efectivas, como depressão, estão claramente relacionadas com as condições de vida», adiantou.

«Se o quadro global é de uma deterioração da qualidade de vida das pessoas, um aumento brutal do desemprego, uma dificuldade enorme de subsistência» pode agravar o problema.

António Maia adiantou que, como o desemprego «toca mais as zonas fora da região de Lisboa, é para a grande cidade que as pessoas migram à procura de uma nova oportunidade».

«Lisboa será seguramente a região, e talvez o grande Porto, que vai sentir esta pressão e o Estado vai ter que encontrar mecanismos que, pelo menos, não ponham em causa as respostas que têm sido dadas», vincou.

O responsável considera que se for reduzido o investimento nestas áreas pode haver um retrocesso nos ganhos alcançados.

«Eu temo que em contraciclo, ou seja reduzindo o investimento e aumentando o problema, que tenhamos aqui uma situação muito complicada como a que tínhamos nos anos 80 quando começamos a trabalhar nesta área e encontramos um problema de saúde pública gravíssimo», alertou.

«Não estamos a falar apenas de pessoas que consomem substâncias, com todos os riscos inerentes, estamos a falar de pessoas que ficam sem-abrigo e vivem situações de grande precariedade social, que tem patologias mentais associadas, e que correm um risco mental de contrair doenças infecciosas associadas às práticas de consumo», sustentou.

Para o director, esta situação representa um «enorme desafio» para o Governo e todas as áreas de intervenção social.

Lusa/SOL
 
Topo