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Congresso do Fado: Antropólogo alerta para «ambiguidades»

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Congresso do Fado: Antropólogo alerta para «ambiguidades»

O antropólogo Joaquim Pais de Brito alertou hoje os responsáveis da candidatura do fado a Património da Humanidade para terem em conta as suas «ambiguidades e contradições internas».

Joaquim Pais de Brito, director do Museu Nacional de Etnologia, falava na abertura do Congresso Internacional do Fado, em Lisboa, tendo defendido que esta canção se caracteriza por «contradições internas e ambiguidades que não podem ser esquecidas pela candidatura do fado à UNESCO».

Entre as contradições internas, Pais de Brito referiu que no fado «não há uma definição clara dos valores que afirma» e «ao contrário do que se pensa, o fado é um campo de esquecimento e não de memórias».

Entre as ambiguidades, o investigador referiu que «num fado o poema nunca sai vencedor relativamente à música» sendo que «uma mesma música serve várias letras».

Por outro lado, «o fado atrai os mais diferentes grupos sociais, alguns até opostos entre si».

Segundo o antropólogo, nos últimos 30 anos, desde que colocou o fado como objecto de estudo pelos académicos, têm sido várias as investigações que permitem ir conhecendo melhor esta canção, permanecendo todavia um enigma: a voz.

Para o investigador, «por mais congressos e estudos que se tenham feito, a voz continua a ser, felizmente, um enigma».

Durante a sua conferência, na Universidade Católica de Lisboa, com a prsença de cerca de meia centena de pessoas, Pais de Brito referiu que após o 25 de Abril de 1974 «o fado perdeu o seu quadro de referência» e viveu «um período de instabilidade, pois ficou institucionalmente sem enquadramento».

«Não havia um lugar para o fado», sublinhou.

Hoje, na abertura do Congresso, que se prolonga até sábado, esteve presente o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, que anunciou que a reabertura do Museu do Fado acontecerá em Setembro

O Museu do Fado, situado em Alfama, encerrou ao público no início de Março para obras de remodelação.

O autarca salientou que o fado é «um cartão de visita e património da cidade».


Diário Digital / Lusa
 
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