Matapitosboss
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Evolução. Pensava-se que nas aves muito coloridas a escolha sexual (feita pelas fêmeas) tinha um papel importante no surgimento de novas espécies. Afinal não é assim, dizem cientistas portugueses
Investigadores portugueses fizeram a descoberta
Nas espécies de aves muito coloridas, como os pintassilgos, os machos têm em geral mais cores do que as fêmeas. E no acasalamento esse é justamente um factor decisivo, porque a escolha é feita por elas. Pensava-se, por causa disso, que a escolha sexual deveria ter um papel importante no surgimento de novas espécies neste tipo de aves, mas afinal não é assim. Pelo menos nos pintassilgos. A descoberta é dos investigadores portugueses Paulo Gama Mota e Gonçalo Cardoso, do Laboratório de Etologia da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, e acaba de ser publicada na Evolution. "Conseguimos demonstrar que neste género [dos pintassilgos] a diferenciação de espécies se faz pelo processo de selecção natural e não pela selecção sexual", explicou ao DN Paulo Gama Mota, que dirige o Laboratório de Etologia da FCTUC, sublinhando que este "é mais um passo para compreender a evolução das espécies e o equilíbrio dos ecossistemas, que são fundamentais para a diversidade de espécies no mundo". A publicação do trabalho "na revista de topo mundial" nesta área é por isso "uma grande satisfação", confessa o investigador.
Na selecção natural, o que acontece é que num determinado grupo populacional se vão acumulando mutações, até que surge uma nova espécie. "Isso acontece, por exemplo, quando há isolamento geográfico prolongado", explica Paulo Gama Mota. Se houver diferenças muito grandes entre habitats, por exemplo, as populações acabam por se adaptar às suas características (de altitude, por exemplo) e isso contribui para o fenómeno da especiação (surgimento de novas espécies).
Impraticável em tempo real, uma vez que estes processos podem durar milhares ou milhões de anos, o trabalho teve de ser feito por métodos indirectos. Os dois investigadores recolheram a informação sobre 26 das 30 espécies de pintassilgos que existem no planeta no Museu de História Natural de Londres, "que tem uma das melhores colecções de aves". Depois estabeleceram uma grelha de características das diferentes espécies de forma a poder relacioná-las entre si, em termos de proximidade, e, finalmente, criaram um modelo matemático que permitiu verificar a variação de cor e relacionar esse parâmetro com o processo de especiação . "Testámos os dois modelos, o da selecção sexual e o da selecção natural, e o último claramente excluiu o primeiro", conta Paulo Gama Mota. E se nos pintassilgos é assim, os investigadores querem agora verificar a sua tese nos canários. E, com isso, testar o próprio modelo.
Fonte Inf.- DN Online
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