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GF Ouro
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Coração artificial apresentado em Paris.
Cientistas prometem "vida normal" aos doentes.
Se tudo correr como previsto, lá para 2011 será realizado o primeiro transplante recorrendo a um coração artificial. Os cientistas aguardam apenas a autorização para começarem os testes clínicos.
A longa e interminável espera por um transplante de coração poderá ter os dias contados. O protótipo de um coração 100% artificial foi esta semana apresentado em Paris. Alan Carpentier, o médico do Hospital Georges Pompidou que lidera a equipa de investigadores, não tem dúvidas de que poderá salvar milhares de vidas, muitas das quais se perdem enquanto esperam por um coração. Vinte mil doentes em todo o mundo anseiam por um dador que tarda em chegar.
Há 15 anos que a equipa de Alan Carpentier, em parceria com engenheiros da EADS, o gigante franco-alemão da indústria aeroespacial e de defesa, desenvolvem este projecto em segredo absoluto. É que a concorrência é forte, já que projectos semelhantes decorrem nos Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul.
O protótipo agora apresentado recorre ao último grito da técnica em matéria de sensores, utilizados, por exemplo, nos sistemas de condução dos mísseis teleguiados.
O novo coração, feito em titânio, está ainda revestido por um tecido de origem animal quimicamente tratado que evita, por um lado, a sua rejeição por parte do sistema imunitário, e, por outro, a formação de coágulos. Um problema que outros projectos não foram capazes de resolver, mas que terá sido ultrapassado pela equipa de Carpentier.
"Se mostrar um electrocardiograma feito com este protótipo a um cardiologista, ele dirá que se trata de um coração humano", afirma Alan Carpentier, garantindo ainda que este equipamento responde, instantaneamente, a alterações na pressão arterial e fluxo sanguíneo, adequando a frequência cardíaca.
Ainda assim, explica Carpentier: "O que está aqui em causa é oferecer a doentes limitados a meia-dúzia de passos entre as suas camas e uma cadeira de repouso, a possibilidade de terem uma vida social normal. Até poderão correr, se bem que uma maratona esteja fora de causa".
Cerca de 55 milhões de euros já foram até hoje investidos no desenvolvimento deste protótipo. Implantado com sucesso em animais, grande parte dos testes foram, no entanto, realizados através de simulação computacional.
Se obtiverem luz verde por parte das autoridades francesas, os cientistas pretendem, durante os próximos dois anos e meio, testá-lo em 20 voluntários. Será uma fase crucial onde outros projectos já falharam, lembram alguns peritos contactados pela BBC.
Pronto para ser produzido em série, face aos materiais e tecnologias envolvidos, cada coração deverá custar cerca de €150.000. Bem menos do que os 17 milhões de vidas que todos os anos se perdem, vítimas de doenças cardíacas.