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Crescente procura de minerais para transição energética aumenta crime e corrupção
De acordo com estimativas, a procura de "minerais críticos", como o cobre, o lítio, o níquel, o cobalto e as terras raras, deverá duplicar até 2030 e triplicar até 2050.
A ONU alertou esta terça-feira para os "graves riscos de crime e corrupção" provocados pela crescente procura de minerais para a transição energética, que está a causar graves danos sociais, económicos e ambientais em regiões como a América Latina.
"A mineração tornou-se uma atividade crucial no contexto do atual desenvolvimento económico e da tripla crise planetária (alterações climáticas, poluição e perda de biodiversidade)", afirmou o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime ou Gabinete das Nações Unidas contra a Droga e o Crime (UNODC, na sigla em inglês), num relatório esta terça-feira publicado.
Intitulado "Estudo de Crimes Relacionados com a Mineração", o documento revela o crescente envolvimento de grupos de crime organizado neste setor.
De acordo com estimativas da Agência Internacional de Energia (AIE), a procura de "minerais críticos", como o cobre, o lítio, o níquel, o cobalto e as terras raras, deverá duplicar até 2030 e triplicar até 2050.
"Se a procura ultrapassar a oferta, a pressão resultante poderá criar um terreno fértil para os criminosos se infiltrarem, explorarem e perturbarem as cadeias de abastecimento" e até mesmo assumirem o controlo dos locais de extração, alertou o UNODC.
As atividades ilegais já fazem parte deste setor, sobretudo durante a época de mineração de ouro, recorda o relatório, destacando a necessidade de melhorar a supervisão da cadeia mineira.
"Precisamos de melhores dados para detetar e responder rapidamente à exploração criminosa no setor mineiro, assim como legislação e normas mais harmonizadas a nível global", defendeu a diretora da Investigação e Análise do UNODC, Angela Me, citada num comunicado.
"A investigação rápida e a rastreabilidade dos minerais críticos são essenciais, juntamente com respostas policiais direcionadas, para garantir a segurança das cadeias de fornecimento de minerais críticos", acrescentou.
O relatório observa que a América do Sul, com os seus ricos depósitos de lítio, cobre, prata e ouro, é um dos principais focos de mineração ilegal, que beneficia sobretudo os grupos de tráfico de droga.
"Ao contrário das drogas, a mineração ilegal permite que as organizações criminosas transnacionais beneficiem de uma cadeia de abastecimento legal, o que lhes torna mais fácil ocultar o seu envolvimento ao misturar atividades ilegais com comércio legítimo", explicou o documento.
Estes grupos estabeleceram "redes transnacionais complexas" com empresas de fachada, envolvendo corporações de vários países para lavar lucros ilícitos, acrescentou.
Segundo dados do UNODC, 44% dos territórios colombianos com mineração de aluvião (em rios e antigos canais fluviais) tinha também plantações de coca em 2022, enquanto entre 2014 e 2023, quatro países sul-americanos exportaram, em conjunto, mais de 3.080 toneladas de ouro de origem desconhecida.
O organismo da ONU sublinha que a mineração ilegal, particularmente a mineração de ouro, "é altamente lucrativa e, na Colômbia e no Brasil, por exemplo, está comprovadamente interligada a outros crimes graves".
No Equador, acrescenta o UNODC, "também há evidências" de que grupos criminosos controlam a mineração de ouro e extorquem os mineiros, atividades que se somam ao tráfico de droga e ao tráfico de armas.
Tudo isto contribuiu para o aumento da violência e da instabilidade nas regiões afetadas, destaca o relatório.
O documento sublinha ainda que a fraude, a corrupção e o branqueamento de capitais não só são comuns neste tipo de atividades, como também alimentam outros flagelos, como o tráfico humano, o trabalho forçado e a degradação ambiental.
A mineração gera uma procura de trabalho e de serviços sexuais que é satisfeita através do tráfico e exploração de pessoas, menciona ainda o UNODC.
As mulheres e as crianças são particularmente vulneráveis, já que, além de serem exploradas nas minas como mão-de-obra barata, são muitas vezes vítimas de "tráfico de pessoas, abusos sexuais, violência doméstica e outras violações dos direitos humanos".
O estudo sublinha ainda que a mineração ilegal está a agravar os danos ambientais através da utilização de produtos químicos proibidos ou perigosos, como o mercúrio, da desflorestação para aceder a depósitos minerais e do despejo ilegal de resíduos sólidos.
"Estas práticas (...) não só degradam os ecossistemas e aceleram a perda de biodiversidade, como também representam sérias ameaças à saúde pública", alertou ainda o organismo da ONU.
Correio da Manhã

De acordo com estimativas, a procura de "minerais críticos", como o cobre, o lítio, o níquel, o cobalto e as terras raras, deverá duplicar até 2030 e triplicar até 2050.
A ONU alertou esta terça-feira para os "graves riscos de crime e corrupção" provocados pela crescente procura de minerais para a transição energética, que está a causar graves danos sociais, económicos e ambientais em regiões como a América Latina.
"A mineração tornou-se uma atividade crucial no contexto do atual desenvolvimento económico e da tripla crise planetária (alterações climáticas, poluição e perda de biodiversidade)", afirmou o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime ou Gabinete das Nações Unidas contra a Droga e o Crime (UNODC, na sigla em inglês), num relatório esta terça-feira publicado.
Intitulado "Estudo de Crimes Relacionados com a Mineração", o documento revela o crescente envolvimento de grupos de crime organizado neste setor.
De acordo com estimativas da Agência Internacional de Energia (AIE), a procura de "minerais críticos", como o cobre, o lítio, o níquel, o cobalto e as terras raras, deverá duplicar até 2030 e triplicar até 2050.
"Se a procura ultrapassar a oferta, a pressão resultante poderá criar um terreno fértil para os criminosos se infiltrarem, explorarem e perturbarem as cadeias de abastecimento" e até mesmo assumirem o controlo dos locais de extração, alertou o UNODC.
As atividades ilegais já fazem parte deste setor, sobretudo durante a época de mineração de ouro, recorda o relatório, destacando a necessidade de melhorar a supervisão da cadeia mineira.
"Precisamos de melhores dados para detetar e responder rapidamente à exploração criminosa no setor mineiro, assim como legislação e normas mais harmonizadas a nível global", defendeu a diretora da Investigação e Análise do UNODC, Angela Me, citada num comunicado.
"A investigação rápida e a rastreabilidade dos minerais críticos são essenciais, juntamente com respostas policiais direcionadas, para garantir a segurança das cadeias de fornecimento de minerais críticos", acrescentou.
O relatório observa que a América do Sul, com os seus ricos depósitos de lítio, cobre, prata e ouro, é um dos principais focos de mineração ilegal, que beneficia sobretudo os grupos de tráfico de droga.
"Ao contrário das drogas, a mineração ilegal permite que as organizações criminosas transnacionais beneficiem de uma cadeia de abastecimento legal, o que lhes torna mais fácil ocultar o seu envolvimento ao misturar atividades ilegais com comércio legítimo", explicou o documento.
Estes grupos estabeleceram "redes transnacionais complexas" com empresas de fachada, envolvendo corporações de vários países para lavar lucros ilícitos, acrescentou.
Segundo dados do UNODC, 44% dos territórios colombianos com mineração de aluvião (em rios e antigos canais fluviais) tinha também plantações de coca em 2022, enquanto entre 2014 e 2023, quatro países sul-americanos exportaram, em conjunto, mais de 3.080 toneladas de ouro de origem desconhecida.
O organismo da ONU sublinha que a mineração ilegal, particularmente a mineração de ouro, "é altamente lucrativa e, na Colômbia e no Brasil, por exemplo, está comprovadamente interligada a outros crimes graves".
No Equador, acrescenta o UNODC, "também há evidências" de que grupos criminosos controlam a mineração de ouro e extorquem os mineiros, atividades que se somam ao tráfico de droga e ao tráfico de armas.
Tudo isto contribuiu para o aumento da violência e da instabilidade nas regiões afetadas, destaca o relatório.
O documento sublinha ainda que a fraude, a corrupção e o branqueamento de capitais não só são comuns neste tipo de atividades, como também alimentam outros flagelos, como o tráfico humano, o trabalho forçado e a degradação ambiental.
A mineração gera uma procura de trabalho e de serviços sexuais que é satisfeita através do tráfico e exploração de pessoas, menciona ainda o UNODC.
As mulheres e as crianças são particularmente vulneráveis, já que, além de serem exploradas nas minas como mão-de-obra barata, são muitas vezes vítimas de "tráfico de pessoas, abusos sexuais, violência doméstica e outras violações dos direitos humanos".
O estudo sublinha ainda que a mineração ilegal está a agravar os danos ambientais através da utilização de produtos químicos proibidos ou perigosos, como o mercúrio, da desflorestação para aceder a depósitos minerais e do despejo ilegal de resíduos sólidos.
"Estas práticas (...) não só degradam os ecossistemas e aceleram a perda de biodiversidade, como também representam sérias ameaças à saúde pública", alertou ainda o organismo da ONU.
Correio da Manhã