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Dona de lar onde morreram idosos é reincidente

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Antes de se instalar na Charneca da Caparica, Alamada, Maria de Fátima Machado a dona do lar ilegal onde, anteontem, terça-feira, faleceram quatro idosos, de causas ainda desconhecidas, abriu um primeiro lar na Avenida do Mar, na Marisol, em Almada, mas após dois anos de funcionamento o espaço foi encerrado voluntariamente após intimação da Segurança Social.

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Maria de Fátima Machado diz que tem fé e que quer voltar a trabalhar com idosos: "São a minha vida", afirma

Antes de se instalar na Charneca da Caparica, Alamada, Maria de Fátima Machado a dona do lar ilegal onde, anteontem, terça-feira, faleceram quatro idosos, de causas ainda desconhecidas, abriu um primeiro lar na Avenida do Mar, na Marisol, em Almada, mas após dois anos de funcionamento o espaço foi encerrado voluntariamente após intimação da Segurança Social.

"É reincidente. Já tínhamos decretado o encerramento de outro espaço. Mas nesse caso encerrou voluntariamente", avançou ao JN Edmundo Martinho, presidente do Instituto da Segurança Social, que revelou que o organismo só intervém com base em denúncias ou suspeitas.

"Quando são lares que funcionam em casas particulares o nosso conhecimento está muito limitado", adianta, explicando que o lar que foi encerrado, anteontem, não tinha sido sequer alvo de uma avaliação formal porque nunca tinha sido formalizado um pedido de alvará.

"Aquilo não tinha falhas graves que obrigassem ao encerramento imediato", frisa, justificando o facto de "não há muito tempo" a proprietária ter sido instada a fechar o lar voluntariamente.

Segundo o responsável, a notificação foi motivada por uma denúncia relacionada com os cuidados médicos e medicamentosos prestados às pessoas. Maria de Fátima Machado vai ser agora alvo de um processo de contra-ordenação e terá de pagar uma multa.

"Era uma morte anunciada com as doenças que tinham"

Maria de Fátima Machado revelou-se de consciência tranquila. A proprietária viu o lar ilegal na Avenida da Eira, na Charneca de Caparica, Almada, ser encerrado compulsivamente, mas garante que o espaço tinha boas condições

"Estou tranquila e na paz do senhor". Foi com estas palavras que recebeu o JN na sua casa. Abriu as portas de par em par, mostrou os quartos, apontou pormenores da decoração e os equipamentos médicos e revelou que o dia anterior tinha sido "aflitivo", mas que não tinha nada a esconder.

"Se agisse de má fé, teria escondido os mortos. Nós sabíamos que iria entrar aqui alguém e ver os corpos quando chamámos o INEM. Nesta casa nunca se escondeu nada e as portas estavam sempre abertas", atirou de pronto.

Questionada sobre se não considerava estranho o facto de quatro idosos terem falecido em tão curto espaço de tempo foi peremptória: "Era uma morte anunciada com as doenças que tinham. Todas as pessoas que aqui estavam tinham problemas de saúde e a morte acaba por chegar naturalmente", disse, assegurando que sempre tratou com "amor e carinho" os utentes do lar.

"Não morreram abandonados e isto não era nenhum depósito de idosos. Eles tinham sempre alguém ao pé deles. Recuso-me a dizer que isto é um lar. No fundo, é uma casa de família. Porque eles já são parte da minha família", salientou.

Confrontada com o facto de o lar estar a funcionar sem alvará, Maria de Fátima reconheceu que não condena a actuação da Segurança Social, mas contesta as leis nacionais no que concerne às limitações para abrir um local de acolhimento para idosos.

"Realmente eu não estava legal, mas um alvará não passa de um papel. Estou contra as leis que são pouco tolerantes. Há por aí casas que deviam ser fechadas porque não têm condições para receber os utentes e a Segurança Social não as encerra. O meu espaço é bem cuidado. Não foi fechado por falta de higiene, de carinho, amor ou comida", vincou.

Mostrando-se abalada com o sucedido, espera agora ter forças para "levar para a frente" a sua vida. "Quero continuar a viver para os idosos", adiantou, prometendo que vai tentar encontrar um outro espaço onde possa abrir um lar que responda aos requisitos necessários.

No dia do encerramento compulsivo da vivenda na Charneca de Caparica, Maria de Fátima foi confrontada com as questões da Polícia Judiciária: "Compreendo que têm de investigar e eles explicaram-me o que é que ia acontecer muito educadamente", avançou.

Entretanto, só após autópsia aos corpos de António Nabo, de 97 anos, Alice Silva, de 93 anos, Armando Teixeira, de 79 anos e Ilda Marques Coelho, de 76 anos, as autoridades vão apurar as causas de morte, encetando depois as diligências judiciais necessárias.

JN
 
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