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Emissões de dióxido de carbono foram ignoradas durante muito tempo
Fonte: Público
A ideia dominante pelo menos até há cerca de um ano era de que os biocombustíveis representavam um avanço em direcção a energias para transporte mais limpas do que a gasolina e o gasóleo. Esta ideia tem vindo a ser desfeita. Mas como é possível a comunidade científica ter estado, na sua maioria, enganada a este respeito durante tanto tempo?
A comunidade científica ignorou maioritariamente a questão das emissões de dióxido de carbono induzidas pelos biocombustíveis durante muito tempo, apesar de haver vozes que a levantam há décadas, segundo Tiago Domingues, da Secção de Energia e Ambiente do departamento de Engenharia Mecânica do Técnico. Por outro lado, muitos estudos reconheciam o problema das emissões derivadas da mudança de uso da terra mas tinham dificuldade em contabilizá-las e não as consideravam, segundo relata o artigo de Timothy Searchinger na “Science”.
Também do ponto de vista da opinião pública “e até das associações ambientalistas o problema das emissões de CO2 foi inicialmente ignorado”, disse ao PÚBLICO Tiago Domingos, em conversa telefónica. Na sua opinião, “‘a priori’ os biocombustíveis parecem uma coisa boa porque o CO2 emitido é antes fixado” na matéria orgânica. E os aspectos negativos foram sendo sucessivamente adicionados.
Os cientistas "não estão habituados a olhar para a ‘big picture’, mas sim para aspectos particulares. E isto porque não há grupos preparados para isso”, explicou. Para um problema como este, é preciso dominar pelo menos as questões económica, agrícola e ambiental, havendo “pouca gente no mundo que seja capaz de olhar simultaneamente para as três”.
Outro problema referido por Tiago Domingues é que há “pressão” institucional para publicar “e as revistas científicas aceitam estas análises parcelares”, o que “faz com que se publique até análises com conclusões contraditórias, porque respeitantes apenas a partes dos problemas”.
A interdisciplinaridade, segundo explica, está na ordem do dia dos decisores de política pública para ciência. Mas os cientistas foram formados para ser especialistas, para “saber muito sobre muito pouco”. Defende por isso que devia haver um processo para formar “um número muito menor [de cientistas] que seja capaz de integrar vários saberes”. E diz que a questão da “interdisciplinaridade está na ordem do dia dos decisores de política pública para ciência”.
Fonte: Público
A ideia dominante pelo menos até há cerca de um ano era de que os biocombustíveis representavam um avanço em direcção a energias para transporte mais limpas do que a gasolina e o gasóleo. Esta ideia tem vindo a ser desfeita. Mas como é possível a comunidade científica ter estado, na sua maioria, enganada a este respeito durante tanto tempo?
A comunidade científica ignorou maioritariamente a questão das emissões de dióxido de carbono induzidas pelos biocombustíveis durante muito tempo, apesar de haver vozes que a levantam há décadas, segundo Tiago Domingues, da Secção de Energia e Ambiente do departamento de Engenharia Mecânica do Técnico. Por outro lado, muitos estudos reconheciam o problema das emissões derivadas da mudança de uso da terra mas tinham dificuldade em contabilizá-las e não as consideravam, segundo relata o artigo de Timothy Searchinger na “Science”.
Também do ponto de vista da opinião pública “e até das associações ambientalistas o problema das emissões de CO2 foi inicialmente ignorado”, disse ao PÚBLICO Tiago Domingos, em conversa telefónica. Na sua opinião, “‘a priori’ os biocombustíveis parecem uma coisa boa porque o CO2 emitido é antes fixado” na matéria orgânica. E os aspectos negativos foram sendo sucessivamente adicionados.
Os cientistas "não estão habituados a olhar para a ‘big picture’, mas sim para aspectos particulares. E isto porque não há grupos preparados para isso”, explicou. Para um problema como este, é preciso dominar pelo menos as questões económica, agrícola e ambiental, havendo “pouca gente no mundo que seja capaz de olhar simultaneamente para as três”.
Outro problema referido por Tiago Domingues é que há “pressão” institucional para publicar “e as revistas científicas aceitam estas análises parcelares”, o que “faz com que se publique até análises com conclusões contraditórias, porque respeitantes apenas a partes dos problemas”.
A interdisciplinaridade, segundo explica, está na ordem do dia dos decisores de política pública para ciência. Mas os cientistas foram formados para ser especialistas, para “saber muito sobre muito pouco”. Defende por isso que devia haver um processo para formar “um número muito menor [de cientistas] que seja capaz de integrar vários saberes”. E diz que a questão da “interdisciplinaridade está na ordem do dia dos decisores de política pública para ciência”.