Portal Chamar Táxi

Estudo prevê efeito devastador de aquecimento sobre a agricultura

Matapitosboss

GForum VIP
Entrou
Set 24, 2006
Mensagens
13,147
Gostos Recebidos
0
O rápido aumento das temperaturas no mundo todo terá, provavelmente, um grave efeito sobre as colheitas nas zonas tropicais e subtropicais no fim deste século, prevê um estudo publicado hoje pela revista "Science".

Se não houver uma adaptação, metade do mundo enfrentará uma grande escassez de alimentos, advertiu o estudo.

A população dessas regiões é uma das mais pobres, e com maior crescimento demográfico.

Calcula-se que cerca de 3 biliões de pessoas vivam nessa área --que vai do sul dos Estados Unidos ao norte da Argentina e o sul do Brasil; do norte da Índia e o sul da China ao sul da Austrália e toda África.

"As pressões do aumento de temperaturas sobre a produção mundial de alimentos serão enormes. Isso sem levar em conta o abastecimento de água", assinalou David Battisti, professor de Ciências Atmosféricas da Universidade de Washington.

Segundo Battisti, serão necessárias muitas décadas para se desenvolver variedades de colheitas que suportem melhor os aumentos de temperatura.

Battisti e Rosamond Naylor, director do Programa de Segurança Alimentaria da Universidade de Stanford (Califórnia), tiraram esta previsão de 23 modelos climáticos.

Destes modelos, estabeleceram a existência de mais de 90% de probabilidade de que, até 2100, as temperaturas nos trópicos e subtrópicos serão as mais altas registradas na história.

Os cientistas determinaram também os períodos históricos de maior insegurança alimentar e estabeleceram que é provável que esses períodos se tornem mais frequentes.

Entre os episódios estudados, estão um na França, em 2003, e na Ucrânia, em 1972.

Na então república soviética, uma onda de calor sem precedentes arrasou as colheitas de trigo e causou uma alteração do mercado mundial desse grão que durou dois anos.

"Quando olhamos esses exemplos históricos vimos que sempre houve formas de resolver o problema. Sempre havia um lugar onde encontrar o alimento", disse Naylor.

"No entanto, no futuro, não haverá nenhum lugar onde possamos achar esses alimentos, a menos que reconsideremos as fontes de provisão", previu.

Além disso, os problemas do clima não se limitarão às zonas tropicais. Como exemplo, os cientistas citam, além do caso ucraniano, as temperaturas recorde registradas na Europa em 2003, e que causaram a morte de cerca de 52 mil pessoas.

Segundo eles indicam, as temperaturas que prevaleceram nesse verão de 2003 na França serão normais até 2100, e reduzirão a provisão de alimentos primários como milho e trigo entre 20% e 40%.

As maiores temperaturas, segundo eles, também alterarão de forma radical a humidade do solo --o que causará uma maior redução das colheitas.


.
 

xicca

GF Ouro
Membro Inactivo
Entrou
Abr 10, 2008
Mensagens
3,080
Gostos Recebidos
1
Metade da população pode viver crises alimentares no final do século


Aquecimento climático: metade da população pode viver crises alimentares no final do século

O aumento de temperatura pode deixar metade da população mundial sem comida no final do século. Antes da crise económica, antes da descida e subida do custo do petróleo, 2008 foi brindado com uma crise alimentar. Em poucas semanas o preço dos cereais subiram e milhares de pessoas ficaram sem poder de compra para adquirir alimentos. Um estudo que saiu hoje na Science online prevê que o aumento de temperatura vai ser responsável por crises semelhantes no final do século.

Segundo o estudo, a frequência de Verões muito mais quentes do que os que vivemos hoje vai diminuir a produção de cereais nos trópicos e regiões subtropicais e causar crises alimentares, isto se não se encontrar variedades agrícolas mais resistentes ao calor e novas práticas de irrigação adaptadas a cada região.

“As pressões na produção de alimentos a nível global vão ser enormes só devido à temperatura”, disse David Battisti, professor de ciências atmosféricas na Universidade de Washington e primeiro autor do artigo da Science.

Através de observações e da avaliação de 23 estudos utilizados pelo Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas, os autores prevêem que em 2100 haja uma probabilidade acima dos 90 por cento de que os Verões mais amenos na região do equador e subequatorial, sejam mais quentes do que os piores Verões que se viveram durante o último século. Tendo em conta situações ocorridas no passado, este aumento de temperatura é suficiente para impedir parte da produção de culturas nestas zonas e induzir uma crise alimentar.

“Esta é uma razão que nos obriga a investir na adaptação (...), vai levar décadas até desenvolvermos novas variedades de culturas que tenham mais capacidade de aguentar um clima mais quente”, disse Rosamond Naylor, que colaborou com Battisi no estudo.

Os autores foram estudar dois exemplos no passado em que as altas temperaturas tiveram impacte na produção de alimentos. Em 2003, uma onda de calor assolou a Europa e matou 52 mil pessoas. Só na França, a temperatura média registada foi mais alta cerca de seis graus célsius, o suficiente par reduzir um terço da produção e armazenamento de cereais.

O outro exemplo dado foi em 1972 na Ucrânia, quando outra onda de calor reduziu a produção de cereais e contribuiu para a quebra dos mercados mundiais. “O que me assustou mais é que quando olhamos para exemplos históricos, vemos que existiram formas de responder ao problema nesse dado ano. As pessoas podiam sempre buscar alimentos a outras fontes”, disse Naylor. “Mas no futuro, não vai haver nenhuma fonte a que poderemos recorrer a não ser que repensemos a forma de armazenar alimentos”, acrescentou.

Três mil milhões de pessoas vivem nos trópicos e nas regiões subtropicais, espera-se que o número seja quase o dobro no final do século. Segundo os investigadores, as altas temperaturas que se prevêem para o fim do século podem reduzir a produção de milho e arroz entre os 20 e os 40 por cento e diminuir significativamente a humidade do solo – mais outro factor de pressão para a produção agrícola. Isto afectará várias zonas do globo: o Sul dos Estados Unidos, o Brasil, o Norte da Índia, o Sul da China e da Austrália, e toda a África.

“Temos que repensar os sistemas agrícolas como um todo, não só pensar em novas variedades mas também reconhecer que muitas pessoas vão desistir da agricultura, e ainda mais pessoas vão migrar para outros locais”, explicou Naylor.





Público​
 
Topo