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Exposição inédita é homenagem a Aristides de Sousa Mendes

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Set 27, 2006
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Patente em Los Angeles até 1 de março, o evento lembra o cônsul português que em 1940 contrariou a Circular 14, que proibia a emissão de vistos a judeus e apátridas, e terá salvo 30 mil pessoas

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Aristides de Sousa Mendes já foi chamado "Schindler português", mas o cônsul que desobedeceu a Salazar salvou muito mais vidas do que o industrial alemão: 30 mil pessoas escaparam ao horror na II Guerra Mundial com os vistos emitidos no consulado de Bordéus. Esquecido durante décadas, o feito de Sousa Mendes está a ser reconhecido por todo o mundo com o impulso de familiares e descendentes dos refugiados que salvou.É o que se pode ver na exposição Visas to Freedom: Aristides de Sousa Mendes and the Refugees of World War II, que foi inaugurada neste fim de semana no Los Angeles Museum of the Holocaust (LAMOTH). Estará patente até 1 de março, acompanhada da exibição de dois filmes sobre o português e um concerto do compositor Neely Bruce, intitulado Circular 14: The Apotheosis of Aristides, com participação do músico português Pedro da Silva. A exposição faz parte das iniciativas do Dia Internacional de Memória das Vítimas do Holocausto, que se assinala no dia 27."Escolhemos não refletir no crime, mas naqueles que salvaram pessoas de sofrer aquele crime", disse Michael Berenbaum, diretor da American Jewish University, durante a inauguração. "Sousa Mendes mostrou o que é preciso para opor a tirania, a opressão e a morte. A diferença entre vida e morte era um carimbo num passaporte."E assim foi para 30 mil pessoas, incluindo mais de dez mil judeus, que entre 17 e 23 de junho de 1940 receberam vistos passados pelo então cônsul português em Bordéus e fugiram aos nazis. Muitos deles podem agora ser vistos no LAMOTH, onde também se vê uma edição do romance histórico Flight through Hell, que um dos seus 15 filhos, Sebastião, publicou em 1951 sob o pseudónimo Michael d"Avranches. É o primeiro relato do que aconteceu naqueles dias, a que se seguiu o castigo do regime. Sebastian Mendes, filho de Sebastião, esteve em Los Angeles para partilhar a sua história."Desde os 5 anos que me lembro de ouvir o meu pai falar sobre isto. Fiquei fascinado com a ideia de que o meu avô tinha trabalhado sem cessar, 20 horas por dia", diz ao DN. "Imaginava-o a escrever um número, o nome de um refugiado e a sua assinatura, e a repetir isto 30 mil vezes. Era como um super-humano para mim." Sebastian co-criou a Sousa Mendes Foundation com Olivia Mattis, outra descendente, que também esteve na inauguração. "Ele não traiu o seu país, foi traído pelo seu país", disse, salientando que a Ordem da Liberdade entregue de forma póstuma em 1986 foi "um resultado direto da pressão dos Estados Unidos".As vidas que salvouFoi há pouco tempo que a Sousa Mendes Foundation começou a identificar as pessoas que receberam vistos. Mais de metade não eram judeus, o cônsul português, um fervoroso católico, salvou indiscriminadamente quem fugia do fascismo. Há nomes conhecidos, como o pintor catalão Salvador Dalí e a sua mulher, os Rothschild e a família real do Luxemburgo. Outros tiveram descendentes com impacto na sociedade, como o cofundador do Huffington Post e criador do Buzzfeed, Jonah Peretti, neto de uma refugiada, e o ator Michel Gill, que interpreta o presidente dos EUA na série House of Cards. "Só descobri há alguns anos que o nome do meu pai e do meu avô estavam na lista", revelou o ator no evento. "As nossas famílias nunca foram capazes de vencer o medo. Crescemos com a certeza de que outro Holocausto seria inevitável", partilhou, numa sessão emotiva em que fez a ponte com o que está a acontecer na Europa.Sebastian Mendes, agora com 67 anos, está a tentar obter cidadania portuguesa. Lembra a extrema tristeza do pai pelo castigo que a família sofreu - a queda em desgraça, que levou os filhos a emigrar, e a pobreza extrema em que Sousa Mendes morreu, em 1954 - mas diz que nunca houve arrependimento. "As pessoas chamam ao meu avô o "Schindler português"", refere. "Mas eu digo que ele é mais o "Moisés português"."



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