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GF Ouro
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A tese da cabala não tem nenhum fundamento. Seria preciso que uma constelação composta por juízes, procuradores, polícias, incluindo a inglesa, mais algumas dezenas de jornalistas se conluiassem com um tio e um primo de Sócrates para perpetrar um atentado à credibilidade política e moral do primeiro-ministro.
Nos últimos dias, surgiram alegações segundo as quais as secretas andavam a vigiar os procuradores e até os jornalistas que investigam o caso Freeport. Aparentemente, o Conselho de Fiscalização (CF) destes serviços, eleito pelo Parlamento, ficou preocupado e chamou os dois mais altos responsáveis da espionagem nacional. Marques Júnior, deputado do PS e coordenador daquele órgão, saiu satisfeito da reunião. “Disseram que não há fundamento nenhum para essas notícias”, o CF está «suficientemente esclarecido» e decidiu não proceder a diligências. Ouve-se e pasma-se! Como é que o Conselho apurou, numa simples reunião, que estava tudo bem? Esperava o deputado que, se as secretas estivessem a fazer vigilâncias ilegais, o «confessariam» candidamente? Esquece o deputado que este caso é particularmente sensível, dado envolver o primeiro-ministro que, por sua vez, tutela os serviços de informações? Ao que parece, o CF aceitou, sem qualquer apuramento sério, o que os espiões lhe disseram. Donde só se pode concluir uma de duas coisas: ou os seus membros são ingénuos ou não têm meios para actuar. Em qualquer dos casos, provam que não têm razão de existir.
Ainda esta semana, reuniu-se, também, o Conselho Superior do Ministério Público. Estranhamente, não revelou qualquer preocupação face à eventualidade de alguns procuradores ligados ao caso Freeport estarem a ser alvo de escutas e vigilâncias. Mas mostrou-se muito sensível à coincidência temporal da exposição pública daquele processo com os anos eleitorais. E mandou fazer uma averiguação, legítima, mas que não faz sentido sem exigir, de igual modo, esclarecimentos sobre se estão garantidas condições de total liberdade aos membros do Ministério Público que investigam o caso. A não ser que o CSMP esteja a alinhar com a tese da cabala, uma tese de conveniência política. O que seria arrepiante…
E bom recordar que o caso Freeport voltou à tona por iniciativa da polícia inglesa. As autoridades britânicas promoveram uma reunião com a procuradora Cândida Almeida e outros titulares do processo, em Novembro de 2008, e propuseram equipas mistas das duas polícias para investigarem o primeiro-ministro e outros «suspeitos».
Baseavam-se em elementos enviados pelas autoridades portuguesas em 2005 (e não apenas na carta anónima que deu início ao processo) e nas suas próprias investigações. Na sequência dessa reunião, os ingleses enviam para Portugal uma carta rogatória a pedir diligências sobre um conjunto de pessoas e as autoridades portuguesas desencadeiam operações de busca aos escritórios de uma firma de advogados e de um tio de José Sócrates. É depois de tudo isto que a comunicação social retoma o caso e se fica a saber, ao vivo e a cores, que há familiares do chefe do Governo envolvidos no caso.
É por estas razões que a tese da cabala não tem nenhum fundamento. Seria preciso que uma constelação composta por juízes, procuradores, polícias, incluindo a inglesa, mais algumas dezenas de jornalistas se conluiassem com um tio e um primo de Sócrates para perpetrar um atentado à credibilidade política e moral do primeiro-ministro. Ora, isso não é credível e a insistência neste tipo de argumentação só serve para desviar as atenções. Se há gente que pisa o risco, deve ser punida, mas que nenhuma manobra lateral sirva de justificação para intimidar ou impedir a descoberta da verdade.
Aliás, Sócrates só pode queixar-se de si próprio, em todo este caso. Se, em vez de se ter prontificado a receber os promotores do Freeport, quando o tio o informou de que havia pedidos de «luvas» no processo, tivesse remetido a informação para as autoridades policiais, o mais certo era as coisas não terem chegado a este ponto. E nem se percebe porque não o fez, dada a gravidade da acusação e dado que era um ministro em funções.
@ Visão
Nos últimos dias, surgiram alegações segundo as quais as secretas andavam a vigiar os procuradores e até os jornalistas que investigam o caso Freeport. Aparentemente, o Conselho de Fiscalização (CF) destes serviços, eleito pelo Parlamento, ficou preocupado e chamou os dois mais altos responsáveis da espionagem nacional. Marques Júnior, deputado do PS e coordenador daquele órgão, saiu satisfeito da reunião. “Disseram que não há fundamento nenhum para essas notícias”, o CF está «suficientemente esclarecido» e decidiu não proceder a diligências. Ouve-se e pasma-se! Como é que o Conselho apurou, numa simples reunião, que estava tudo bem? Esperava o deputado que, se as secretas estivessem a fazer vigilâncias ilegais, o «confessariam» candidamente? Esquece o deputado que este caso é particularmente sensível, dado envolver o primeiro-ministro que, por sua vez, tutela os serviços de informações? Ao que parece, o CF aceitou, sem qualquer apuramento sério, o que os espiões lhe disseram. Donde só se pode concluir uma de duas coisas: ou os seus membros são ingénuos ou não têm meios para actuar. Em qualquer dos casos, provam que não têm razão de existir.
Ainda esta semana, reuniu-se, também, o Conselho Superior do Ministério Público. Estranhamente, não revelou qualquer preocupação face à eventualidade de alguns procuradores ligados ao caso Freeport estarem a ser alvo de escutas e vigilâncias. Mas mostrou-se muito sensível à coincidência temporal da exposição pública daquele processo com os anos eleitorais. E mandou fazer uma averiguação, legítima, mas que não faz sentido sem exigir, de igual modo, esclarecimentos sobre se estão garantidas condições de total liberdade aos membros do Ministério Público que investigam o caso. A não ser que o CSMP esteja a alinhar com a tese da cabala, uma tese de conveniência política. O que seria arrepiante…
E bom recordar que o caso Freeport voltou à tona por iniciativa da polícia inglesa. As autoridades britânicas promoveram uma reunião com a procuradora Cândida Almeida e outros titulares do processo, em Novembro de 2008, e propuseram equipas mistas das duas polícias para investigarem o primeiro-ministro e outros «suspeitos».
Baseavam-se em elementos enviados pelas autoridades portuguesas em 2005 (e não apenas na carta anónima que deu início ao processo) e nas suas próprias investigações. Na sequência dessa reunião, os ingleses enviam para Portugal uma carta rogatória a pedir diligências sobre um conjunto de pessoas e as autoridades portuguesas desencadeiam operações de busca aos escritórios de uma firma de advogados e de um tio de José Sócrates. É depois de tudo isto que a comunicação social retoma o caso e se fica a saber, ao vivo e a cores, que há familiares do chefe do Governo envolvidos no caso.
É por estas razões que a tese da cabala não tem nenhum fundamento. Seria preciso que uma constelação composta por juízes, procuradores, polícias, incluindo a inglesa, mais algumas dezenas de jornalistas se conluiassem com um tio e um primo de Sócrates para perpetrar um atentado à credibilidade política e moral do primeiro-ministro. Ora, isso não é credível e a insistência neste tipo de argumentação só serve para desviar as atenções. Se há gente que pisa o risco, deve ser punida, mas que nenhuma manobra lateral sirva de justificação para intimidar ou impedir a descoberta da verdade.
Aliás, Sócrates só pode queixar-se de si próprio, em todo este caso. Se, em vez de se ter prontificado a receber os promotores do Freeport, quando o tio o informou de que havia pedidos de «luvas» no processo, tivesse remetido a informação para as autoridades policiais, o mais certo era as coisas não terem chegado a este ponto. E nem se percebe porque não o fez, dada a gravidade da acusação e dado que era um ministro em funções.
@ Visão