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Falta de seguros agrava calamidade provocada pelo mau tempo

kokas

GF Ouro
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Set 27, 2006
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Além de prejuízos de milhões, as cheias fizeram um morto. Visita de ministro ficou marcada por frase sobre vítima

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A luz do dia pôs a descoberto o que já se esperava: a baixa de Albufeira, que foi inundada no domingo de manhã, acordou ontem mergulhada num mar de lama. Moradores e comerciantes contam milhares de euros de prejuízos - a câmara municipal fala mesmo em milhões -, ampliados pela falta de seguros para este tipo de desastres. "Como é que se suporta 800 euros ao ano?", questionam os lojistas, em tom de lamento. Mas a situação mais grave deste domingo de mau tempo aconteceu na Cerca das Areias, Boliqueime, onde foi encontrado o corpo de um homem que estava desaparecido.Em Albufeira, o parque de estacionamento junto à Praia dos Pescadores transformou-se numa espécie de foz, onde foram desaguar todos os materiais que a água arrancou de lojas, bares e restaurantes. Uma brigada de limpeza da autarquia estava ontem à tarde entre o amontoado de lixo, a separar o que não prestava do que ainda pode ser útil. De vez em quando, um proprietário surgia, à procura do que perdeu. O caso de um homem que retira mesas e cadeiras do monte: "São diferentes, sei que são minhas... vou tentar lavá--las e secá-las, talvez ainda as possa aproveitar", disse. "Talvez ainda possa abrir hoje, ou amanhã, isto não é nada, tudo se ultrapassa..." Mas é traído pelas lágrimas. "Foi uma vida a trabalhar, sei que devo arranjar força para recomeçar, mas não sei se vou conseguir!"O sentimento de cansaço e desespero repetia-se ao longo das ruas varridas pela intempérie. Na porta de uma papelaria, uma mulher aos gritos disparava acusações contra as obras que taparam as ribeiras, que permitiram à agua ganhar força. A neta e o marido baixaram a cabeça enquanto varriam a água e a lama para fora de portas, até que lhe ampararam a cabeça e disseram que "devia poupar a saúde".A meio da manhã ainda se multiplicavam as caves e as garagens com água até ao teto, que escondem todo o tipo de bens, desde roupa a eletrodomésticos e em alguns casos até carros. Os bombeiros não têm mãos a medir para os pedidos de ajuda, não há eletricidade e nem sempre há água. Uns agarram-se à esperança dos seguros mas... nem todos têm esse recurso."Não tenho seguro porque no ano passado tive um problema que a companhia não resolveu, desisti. E agora..." suspira João Mário. Tem os vidros da montra partidos e o artesanato amontoado à porta. A meio da manhã ainda não tinha conseguido entrar. Depois há outros proprietários que não têm os bens segurados simplesmente porque não conseguem pagar a prestação: "Como é que consigo suportar 800 euros ao ano?", lamenta Américo Gonçalves, proprietário de um dos cafés da baixa da cidade. Num restaurante perto, o proprietário também se lamenta: "Fiz um empréstimo para melhorar o espaço, agora isto. Ia ficar fechado quatro meses, o que ganhei no verão não chega para recuperar..."Ida às compras foi fatalUm idoso de 79 anos é a única vítima mortal do temporal de domingo no Algarve. O homem tinha saído de casa para ir às compras e durante esse trajeto o carro foi arrastado pelo curso de água que extravasou as margens de uma ribeira. A viatura estava presa num tubo que conduzia a água por baixo do alcatrão, mas o corpo só foi encontrado ao início da manhã de ontem, cem metros mais à frente.O ministro da Administração Interna, Calvão da Silva, deslocou-se ao local da calamidade. Ouviu primeiro as autarquias de Loulé e Albufeira, depois as pessoas afetadas, e chegou à conclusão de que os alertas emitidos pelo Instituto do Mar e da Atmosfera "funcionaram". Mas a presença do ministro ficou marcada por uma declaração sobre a vítima mortal "...Ele, que era um homem de apelido Viana, entregou-se a Deus e Deus com certeza que lhe reserva um lugar adequado".Entretanto o autarca de Albufeira disse ao final da tarde que estão reunidas as condições para avançar para o pedido de estado de calamidade pública.


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