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Famílias não pagam crédito ao consumo

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GF Ouro
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Jun 2, 2007
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O crédito de cobrança duvidosa ultrapassou em Novembro a barreira dos três mil milhões de euros. Neste mês a subida mais acentuada do malparado verificou-se no segmento do crédito ao consumo, que aumentou 44 milhões de euros, mais um milhão do que na habitação.

Apesar do total do crédito ao consumo representar pouco mais de 10% do total dos empréstimos à habitação (ver info), o valor do malparado cresceu mais naquele segmento do que na habitação entre Outubro e Novembro. Esta situação vem mais uma vez provar que quando confrontadas com dificuldades para fazer face a todos os empréstimos, as famílias deixam mais facilmente de pagar os que contraíram para adquirir bens de consumo.

Os dados ontem publicados pelo Banco de Portugal mostram que o valor total do malparado ascendia em Novembro a 3,03 mil milhões, enquanto o montante de crédito total concedido a particulares era de 117,3 mil milhões de euros. Na habitação, o crédito de cobrança duvidosa (com um atraso superior a 90 dias) ascendia no final de Novembro a 1,6 mil milhões de euros, tendo crescido 319 milhões face a igual mês de 2007 e 43 milhões em relação ao mês anterior. No segmento do crédito ao consumo, o malparado registou uma subida homóloga de 264 milhões (mais 49,3%) e um aumento mensal de 44 milhões.

Estes dados provam, como referiu ao JN Natália Nunes, do departamento de apoio aos sobreendividados, da Deco, que quando se vêem em dificuldades financeiras "as pessoas deixam primeiro de pagar o cartão de crédito, créditos ao consumo e pessoais". E só em último caso deixam o crédito da casa entrar em incumprimento. "São muitas as pessoas que recorrem a poupanças e a a ajuda de familiares para não deixarem de pagar o empréstimo da casa", referiu aquela jurista.

Depois de em 2008 ter registado um número recorde de abertura de processos de apoio a famílias sobreendividadas, Natália Nunes adiantou ao JN que neste primeiros 20 dias de 2009 a Deco já contabiliza a abertura de mais 158 novos processos - contra 129 em todo o mês de Janeiro de 2008. A estes casos, juntam-se as "centenas de telefonemas já recebidos este ano". Estes números não surpreendem Natália Nunes porque apesar do alívio proporcionado pela descida da Euribor, há muitos particulares com dificuldade em pagar os empréstimos por causa do aumento do desemprego (ler ao lado).

Do lado das empresas, o malparado subiu 139 milhões de euros em apenas um mês e 952 milhões em termos homólogos. Em Novembro, os empréstimos contraídos pelas empresas totalizavam 111,5 mil milhões de euros, enquanto o montante de cobrança duvidosa ascendia a 2,67 mil milhões.

Por sectores, a fatia mais significativa deste crédito está nas empresas de construção (que respondem por 21,9 mil milhões do endividamento), sendo que é também aqui que o malparado é mais expressivo: totaliza 856 milhões de euros, quase o dobro do registado há um ano.

Juros não afastam depósitos

A instabilidade dos mercados está a fazer com que cada vez mais portugueses apliquem as suas poupanças nos clássicos depósitos a prazo. De tal forma que este produto registou em Novembro uma subida de 2,9 mil milhões de euros ( 2,6%) em relação ao valor registado no mês anterior.

Esta situação ocorre num momento de descida das taxas de juro, que caíram em Novembro para valores próximos dos praticados em Junho. As taxas de juro médias para os novos depósitos a prazo (os que foram constituídos mais recentemente) efectuados por particulares baixaram em Novembro para 4,27%, invertendo a tendência de subida que tinha começado em 2005. Ainda assim, a segurança dos depósitos a prazo (cobertos pelo Fundo de Garantia) continua a captar poupança. Já do lado dos empréstimos, a descida das taxas e da Euribor reflectiu-se de forma positiva nos créditos concedidos às empresas que viram, em Novembro, as taxas de juro para empréstimos até um milhão de euros baixar de 8,08% para 7,96%, enquanto nas operações superiores a um milhão há uma diminuição de 6,26% para 6,18%. Nos particulares, a tendência de descida não é uniforme, uma vez que as médias ponderadas das taxas de juro dos saldos dos empréstimos para habitação revelam um ligeira subida (de 5,93% para 5,99%), mas a TAEG (Taxa Anual Efectiva Global) das novas operações de crédito à habitação descem.

@ DN
 
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