G@ngster
GForum VIP
- Entrou
- Nov 18, 2007
- Mensagens
- 45,515
- Gostos Recebidos
- 1

Helena Fazenda e Manuel Carneiro Rodrigues, a procuradora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) e o elemento da PJ que faz parte da equipa criada para investigar a noite do Porto, reconstituíram ontem a morte do empresário Aurélio Palha, assassinado à porta da discoteca Chic, na zona industrial da Invicta. A magistrada fez-se acompanhar dos elementos da PJ que fizeram parte da equipa especial, num momento em que preparam a dedução da acusação pública. Bruno ‘Pidá’, Mauro Santos e Sandro Onofre – três elementos do grupo da Ribeira – deverão ser acusados do homicídio, já que todos foram reconhecidos por ‘Berto Maluco’, que acompanhava Aurélio Palha na altura dos disparos. ‘Berto’ foi assassinado meses depois, à porta de casa, em Gaia, mas o seu testemunho foi valorado.
A reconstituição feita ontem tem como objectivo confirmar as investigações policiais, que dão conta de que a morte de Palha tinha como objectivo vingar o assassinato de Nuno ‘Gaiato’, ocorrido cerca de um mês antes, na discoteca Chic. As autoridades garantem que os disparos foram feitos em movimento, tendo sido usadas duas armas – uma caçadeira e uma pistola 9 milímetros. Palha foi morto com um tiro na cabeça e ‘Berto’ conseguiu esconder--se atrás de um muro.
A diligência judicial começou ontem ao princípio da tarde. Elementos da Polícia Judiciária e magistrados posicionaram-se no local e pediram à PSP que fizesse um condicionamento de trânsito na zona. Era visível Helena Fazenda a dar instruções aos elementos da PJ, enquanto Manuel Carneiro Rodrigues, inspector-chefe da PJ, se mantinha a uma distância considerável. Conversava com os polícias, designadamente com o irmão de Aurélio Palha, subchefe da PSP e o graduado que acabou por ser deslocado para o local para prestar apoio na diligência.
As autoridades levaram também viaturas idênticas às usadas, quer pelos atiradores quer pela vítima. À porta do Chic foi estacionado um jipe idêntico ao de Palha, e ao princípio da noite chegaram carros iguais aos que as câmaras de vigilância gravaram como tendo sido os usados pelos homicidas.
A reconstituição do tiroteio foi feita apenas à noite, para ser o mais próximo da realidade. Os polícias usaram armas idênticas às disparados na noite de 29 de Agosto e simularam o assassinato, para apurar o que aconteceu exactamente.
IMAGENS MOSTRAM CARROS E ATIRADORES
As imagens captadas pelas câmaras de segurança das empresas mais próximas da discoteca Chic – a Somague e o Banco Santander – foram fundamentais à investigação. De vários ângulos mostram que a viatura em que se faziam transportar os atiradores era uma carrinha Mercedes de cor escura. Nas gravações é possível ver que a Mercedes circulou na zona com mais três viaturas: uma monovolume de cor escura e outra, também de marca Mercedes, modelo Sport Coupé, cinzenta, são claramente identificadas.
Estas viaturas são posteriormente referenciadas por ‘Berto Maluco’, num segundo depoimento à PJ, cerca de 15 dias após o crime.
‘Berto’ afirmou que na madrugada de 27 de Agosto estava a conversar com Aurélio Palha no exterior da discoteca e viu chegar uma carrinha Mercedes de cor preta, conduzida por Mauro Santos, que parou junto à rampa de acesso ao estabelecimento. Segundo ‘Berto’, os vidros das portas do lado direito da Mercedes abriram-se quase que em simultâneo, tendo conseguido reconhecer Bruno ‘Pidá’ no lugar ao lado do condutor. Afirmou ainda que no banco de trás seguia Sandro Onofre.
‘Berto’ afirmou depois que foi Bruno ‘Pidá’ quem empunhou uma pistola e que, por isso, temendo um disparo, se atirou para o chão, para trás do muro. Ainda segundo o seu testemunho, através do som produzido pelos vários disparos concluiu que se tratava de mais do que uma arma, de diferentes tipos.
O segurança de Aurélio Palha, e principal testemunha do assassinato, foi também abatido a tiro, a 10 de Dezembro. Não há testemunhas daquele crime.
ARMAS TESTADAS AO PORMENOR
A reconstituição da morte de Aurélio Palha concentrou-se no posicionamento dos carros e também nas questões balísticas. Os buracos que ficaram no muro da entrada para a discoteca foram sinalizados. Na carrinha Mercedes, os elementos da PJ colocaram-se várias vezes no lugar alegadamente ocupado por Bruno ‘Pidá’. A caçadeira foi apontada para os alvos, foram medidas as distâncias e as direcções das balas. Durante a tarde de ontem a posição das viaturas foi reajustada de acordo com as instruções da equipa de Fazenda.
EQUIPA ESPECIAL CRIADA PELA PGR
A equipa especial criada pela Procuradoria-Geral da República é liderada por Helena Fazenda. A magistrada foi nomeada à revelia da então direcção da Polícia Judiciária do Porto, que acabou afastada num processo que ainda não está completamente esclarecido. Uma brigada dos homicídios da PJ esteve mais de um ano a trabalhar com os magistrados, acabando por regressar ao seu local de origem recentemente, após dedução da acusação da morte de Ilídio Correia.
PERFIS
AURÉLIO PALHA
Aurélio Palha era um conhecido empresário da noite portuense. Na noite em que foi assassinado, Palha promoveu uma reunião de 'reconciliação' que sentou à mesma mesa ‘Macaco’, líder dos Superdragões, e ‘Berto Maluco’. O objectivo era evitar vinganças depois da morte de ‘Gaiato’. Acabou morto a tiro.
BRUNO 'PIDÁ'
Bruno ‘Pidá’ está em prisão preventiva desde 19 de Dezembro de 2007, acusado da morte de Ilídio Correia. O líder do gang da Ribeira deve começar a ser julgado a partir de Setembro, pela autoria daquele homicídio, ocorrido a 29 de Novembro de 2007, em Miragaia.
PORMENORES
POR ESCLARECER
A morte de ‘Berto Maluco’ ainda não está esclarecida. Aconteceu em Dezembro e foi ainda mais violenta do que os homicídios anteriores. A testemunha da morte de Palha foi assassinada a tiros de metralhadora à porta de casa.
TESTEMUNHA PROTEGIDA
A mulher de ‘Berto’ continua com protecção policial. Andreia foi recentemente ouvida como testemunha no julgamento da morte de Nuno ‘Gaiato’.
CONDENADOS À CADEIA
Hugo foi recentemente condenado a 12 anos e meio de cadeia pela morte de Nuno ‘Gaiato’. O tribunal deu como provado que ‘Berto’ assistiu ao crime que desencadeou a onda de assassinatos.
VERSÃO
No primeiro depoimento prestado na PJ, ‘Berto’ garantia não ter visto os atiradores de Palha. Semanas mais tarde, mudou de versão.
VÍDEO:
Vídeo Sapo | |
Manuela Teixeira/Tânia Laranjo