Os glaciares do Alasca derreteram mais devagar de 1962 a 2006 em relação ao que era previsto, revela uma equipa franco-canadiana, com base na análise de imagens de satélite.
Durante aquele período, os glaciares do Alasca perderam cerca de 42 quilómetros cúbicos (42 mil milhões de metros cúbicos) de água por ano, escrevem os autores de um estudo publicado ontem na revista científica “Nature Geoscience”. Esta situação contribuiu para a subida do nível dos mares à razão de 0,12 milímetros por ano, “ou seja, 34 por cento menos do que estava estimado”, salientou Etienne Berthier, da Universidade de Toulouse, França.
Então o que falhou? Estes cientistas dizem que os estudos anteriores não levaram em conta o papel dos detritos que cobrem os glaciares, perto dos vales. Assim protegidos do Sol, os gelos derretem mais devagar.
Além disso, acrescentam, as imagens fornecidas pelos satélites Spot5 e Aster permitiram obter uma “melhor resolução espacial”, ou seja, dados mais precisos.
“Ao longo dos últimos 50 anos, o recuo dos glaciares e das calotas glaciares contribuiu para um aumento dos níveis do mar em 0,5 milímetros por ano”, escrevem os autores. Os glaciares do Alasca deveriam ter contribuído com um terço disso, ou seja, 0,17 milímetros por ano, de acordo com trabalhos publicados em 2002 pela Universidade do Alasca.
”Aceleração espectacular” do recuo dos glaciares
Apesar de tudo, os cientistas da Universidade de Toulouse não põem em causa a “aceleração espectacular” da redução da massa dos glaciares, desde 1990.
Em todo o planeta, os glaciares de montanha cobrem uma superfície de 500 mil a 600 mil quilómetros quadrados, ou seja, menos que as calotas glaciares da Gronelândia (1,6 milhões de quilómetros quadrados) ou da Antárctica (12,3 milhões de quilómetros quadrados).
Em Dezembro, o Conselho Árctico alertou que a calota glaciar da Gronelândia – o maior reservatório de água doce do Hemisfério Norte – tem vindo a derreter a um ritmo alarmante nos últimos anos. O volume passou de uma média de 50 mil milhões de gigatoneladas anuais entre 1995 e 2000 para 160 mil milhões anuais de 2003 a 2006. O glaciar de Jakobshavn Isbrea, em Ilulissat recuou 15 quilómetros nos últimos oito anos.
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