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Governo não comparticipa vacina do colo do útero

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Governo não comparticipa vacina do colo do útero

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Regulação. Infarmed indeferiu pedido de comparticipação da vacina quadrivalente, o que significa que cerca de 2,2 milhões de mulheres terão de pagar 437 euros se quiserem proteger-se contra o papilomavírus humano. A entidade diz que não há uma relação favorável entre os custos e os benefícios


A vacina contra o cancro do colo do útero não vai ser comparticipada, o que significa que as mulheres com mais de 13 anos terão de pagar a imunização por inteiro. A excepção são as raparigas que completam 17 anos entre 2009 e 2011, que ainda vão ser vacinadas no âmbito do Plano Nacional de Vacinação.

O Infarmed confirmou ao DN que a vacina quadrivalente (Gardasil) não terá a comparticipação de 37% e que o pedido de apoio para a vacina bivalente ainda está a ser analisado. O laboratório envolvido, a Sanofi Pasteur, disse ao DN que não prestava declarações.

O Infarmed diz que "a decisão é desfavorável à comparticipação" e explicou que "não encontrou uma relação favorável entre os custos e os benefícios" da vacina. E baseou a conclusão em dados como a "eficácia, nomeadamente a duração da protecção imunológica", nas mulheres com mais de 13 anos, ou seja, as que foram excluídas do plano de vacinação. A protecção é de 98% a 100% entre os 16 e os 26 anos e ao fim de cinco anos já se provou que a vacina continua a dar resposta em contacto com o vírus.

Dados mais recentes mostram ainda que a vacina tem uma eficácia de 92% em mulheres entre os 26 e os 45 anos. Daniel Pereira da Silva, director do serviço de ginecologia do IPO de Coimbra, disse ao DN que, tal como outros especialistas, "gostaria que a vacina fosse comparticipada, porque o plano de vacinação deixa muitas mulheres de fora".

Para que a vacina tenha mais impacto na população, "através de uma redução do número de casos novos e da mortalidade, era preciso que 90% das mulheres fossem vacinadas", explica. O impacto que se prevê de redução de 60% a 70% na mortalidade só será atingido daqui "a 20 anos, quando se sentirem os efeitos do plano". Mas podia ser "mais imediato".

O médico reconhece que a vacinação gratuita de jovens de 13 anos já tem custos elevados para a tutela e que o financiamento de parte dos custos noutras faixas etárias exigiria "um esforço considerável". Veja-se: as três doses da vacina custam 437,49 euros. Com os 37% de comparticipação, cada mulher pagaria menos 161 euros.

Dois milhões têm de pagar

Mais de 2,2 milhões de mulheres entre os 15 e os 44 anos ficam de fora do plano de vacinação, tendo por base os dados por grupo etário do INE de 2007. Mesmo tendo em conta que, entre 2009 e 2011, as raparigas de 17 anos ainda vão beneficiar de uma vacina gratuita, a verdade é que a grande maioria das mulheres terá de pagar a imunização se quiser. Só entre os 15 e os 24 anos, onde há dados comprovados de eficácia da vacina, ficam mais de 600 mil raparigas de fora. Faixas etárias em que o risco de infecção é maior.

Os dois laboratórios que produzem a vacina submeteram pedidos de comparticipação em períodos diferentes. A Sanofi Pasteur MSD, que produz a vacina que protege contra quatro tipos de Papilomavírus Humano, esperou quase dois anos por uma resposta do Infarmed, que resultou em indeferimento.

A Cervarix, da GlaxoSmithKline, tem um custo mais baixo, mas só protege contra dois tipos de vírus, neste caso os que têm maior potencial oncogénico (o 16 e o 18). Deixa de fora a protecção contra condilomas genitais e lesões de baixo grau. Segundo o Infarmed, o pedido de comparticipação ainda está em análise. Ao que o DN apurou, o dossier foi entregue em Janeiro de 2007. |


DIANA MENDES
GONÇALO BORGES DIAS
Em: DN
 
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