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Hermínia d´António de Sal no FMM de Sines
Hermínia d´Antónia de Sal, presença cabo-verdiana no Festival Música do Mundo de Sines, tem 63 anos, canta desde criança, mas apenas há 10 anos, graças ao seu primeiro CD, começou a actuar fora de Cabo Verde.
«Aconteceu quando tinha de acontecer», diz à Lusa.
Hermínia é a voz cabo-verdiana no festival Músicas do Mundo, em Sines, onde subirá ao palco no dia 18.
Neste ano no décimo aniversário, o Festival Músicas do Mundo de Sines apresenta 40 espectáculos e iniciativas paralelas repartidos por quatro palcos montados em Porto Covo e na cidade de Sines.
Ao lado de figuras como o «pai» do rock chinês, Cui Jian, da diva da música indiana Asha Bhosle e grupo do movimento hip hop The Last Poets, lá estará Hermínia, que canta desde os sete anos porque a música lhe «está na veia».
«A minha mãe tocava violão e cavaquinho e ensinou-me a cantar e também a tocar. Tínhamos um pequeno negócio em casa, as pessoas que frequentavam sempre me pediam para cantar uma música e eu cantava. Adorava cantar mornas, coladeiras, que eram as músicas que a minha mãe me ensinava», contou a artista, que é prima da famosa Cesária Évora.
Nascida na ilha de S. Vicente, aos 12 anos, com a morte da mãe, Hermínia foi viver na ilha do Sal, em casa de uma tia. «Vivi muito tempo no Sal, onde tive todos os meus filhos. Com 33 anos já tinha tido dez filhos, achei que era hora de parar».
Filhos crescidos, Hermínia volta a S. Vicente, onde um deles, a trabalhar na Rádio Nacional, a levou a gravar uma morna na estação pública.
«Fui e gravámos uma morna que se chama Cavalo. A partir daí começaram a convidar-me para cantar em vários lugares, nos restaurantes, nas noites cabo-verdianas. A Cesária Évora, que é minha prima - o meu pai era irmão do pai dela - ia cantar no Hotel Porto [o maior da Cidade do Mindelo na altura], e chamou-me para fazer a primeira parte do espectáculo. O Hotel estava cheio, foi a primeira vez que cantei para tanta gente», relembra.
Hermínia soube, meses depois, que a sua vida ia mudar, quando o músico cabo-verdiano Vasco Martins foi a casa dela dizer-lhe que um francês tinha gravado o espectáculo e queria fazer um disco.
«Fiquei surpresa porque eu nem sabia que eles estavam a gravar», afirma, lembrando que depois foram quatro meses de gravação para o primeiro CD, com mornas tradicionais e algumas que Vasco Martins compôs.
Depois, o produtor levou-a a vários palcos do mundo, principalmente festivais. Anos mais tarde gravou o seu segundo CD, onde relembra as músicas antigas que a mãe lhe ensinava.
«Desde então tenho cantado em vários lugares, em França, principalmente, Holanda, Itália, Portugal várias vezes, já cantei na Bélgica, Espanha, em Abidjan e em Dakar», conta, num momento em que está a trabalhar num próximo trabalho e quando tem agendados vários espectáculos na Europa.
«Agora vou para Portugal e depois França e Itália. Continuamos a divulgar o disco mas também canto outras músicas. No próximo ano volto à Bélgica e depois disso a minha produtora acha que devemos começar a preparar mais um CD. Penso que devemos gravar mornas, coladeiras mas também quero colocar algum samba que eu gosto de cantar», diz.
Ainda que não viva apenas da música, cujos ganhos lhe deram algum conforto, Hermínia afiança que o mundo da música não é «nada daquilo que as pessoas pensam».
«Se eu não tivesse o meu trabalho - sou costureira, faço renda e bordados, se bem que estou com um problema na vista que agora está atrapalhar um pouco -, acho que não dava para viver só de música», diz, ainda que sem lamento. «Gosto de cantar», conclui.
Diário Digital / Lusa
Hermínia d´Antónia de Sal, presença cabo-verdiana no Festival Música do Mundo de Sines, tem 63 anos, canta desde criança, mas apenas há 10 anos, graças ao seu primeiro CD, começou a actuar fora de Cabo Verde.
«Aconteceu quando tinha de acontecer», diz à Lusa.
Hermínia é a voz cabo-verdiana no festival Músicas do Mundo, em Sines, onde subirá ao palco no dia 18.
Neste ano no décimo aniversário, o Festival Músicas do Mundo de Sines apresenta 40 espectáculos e iniciativas paralelas repartidos por quatro palcos montados em Porto Covo e na cidade de Sines.
Ao lado de figuras como o «pai» do rock chinês, Cui Jian, da diva da música indiana Asha Bhosle e grupo do movimento hip hop The Last Poets, lá estará Hermínia, que canta desde os sete anos porque a música lhe «está na veia».
«A minha mãe tocava violão e cavaquinho e ensinou-me a cantar e também a tocar. Tínhamos um pequeno negócio em casa, as pessoas que frequentavam sempre me pediam para cantar uma música e eu cantava. Adorava cantar mornas, coladeiras, que eram as músicas que a minha mãe me ensinava», contou a artista, que é prima da famosa Cesária Évora.
Nascida na ilha de S. Vicente, aos 12 anos, com a morte da mãe, Hermínia foi viver na ilha do Sal, em casa de uma tia. «Vivi muito tempo no Sal, onde tive todos os meus filhos. Com 33 anos já tinha tido dez filhos, achei que era hora de parar».
Filhos crescidos, Hermínia volta a S. Vicente, onde um deles, a trabalhar na Rádio Nacional, a levou a gravar uma morna na estação pública.
«Fui e gravámos uma morna que se chama Cavalo. A partir daí começaram a convidar-me para cantar em vários lugares, nos restaurantes, nas noites cabo-verdianas. A Cesária Évora, que é minha prima - o meu pai era irmão do pai dela - ia cantar no Hotel Porto [o maior da Cidade do Mindelo na altura], e chamou-me para fazer a primeira parte do espectáculo. O Hotel estava cheio, foi a primeira vez que cantei para tanta gente», relembra.
Hermínia soube, meses depois, que a sua vida ia mudar, quando o músico cabo-verdiano Vasco Martins foi a casa dela dizer-lhe que um francês tinha gravado o espectáculo e queria fazer um disco.
«Fiquei surpresa porque eu nem sabia que eles estavam a gravar», afirma, lembrando que depois foram quatro meses de gravação para o primeiro CD, com mornas tradicionais e algumas que Vasco Martins compôs.
Depois, o produtor levou-a a vários palcos do mundo, principalmente festivais. Anos mais tarde gravou o seu segundo CD, onde relembra as músicas antigas que a mãe lhe ensinava.
«Desde então tenho cantado em vários lugares, em França, principalmente, Holanda, Itália, Portugal várias vezes, já cantei na Bélgica, Espanha, em Abidjan e em Dakar», conta, num momento em que está a trabalhar num próximo trabalho e quando tem agendados vários espectáculos na Europa.
«Agora vou para Portugal e depois França e Itália. Continuamos a divulgar o disco mas também canto outras músicas. No próximo ano volto à Bélgica e depois disso a minha produtora acha que devemos começar a preparar mais um CD. Penso que devemos gravar mornas, coladeiras mas também quero colocar algum samba que eu gosto de cantar», diz.
Ainda que não viva apenas da música, cujos ganhos lhe deram algum conforto, Hermínia afiança que o mundo da música não é «nada daquilo que as pessoas pensam».
«Se eu não tivesse o meu trabalho - sou costureira, faço renda e bordados, se bem que estou com um problema na vista que agora está atrapalhar um pouco -, acho que não dava para viver só de música», diz, ainda que sem lamento. «Gosto de cantar», conclui.
Diário Digital / Lusa