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Hollande condena 'violação moral' de ex-ministro que escondeu conta na Suíça
Na sequência da confissão do ex-ministro francês do Orçamento Jérôme Cahuzac sobre a conta escondida que mantinha na Suíça, o presidente francês François Hollande prometeu dar início a uma série de reformas onde se inclui a proibição de qualquer pessoa condenada por corrupção e fraude fiscal a exercer cargos públicos.Numa declaração ontem transmitida pela televisão francesa, Hollande mostrou-se duro e peremptório, classificando a atitude do ex-ministro de “grave violação moral”.
Numa tentativa de reafirmar que desconhecia a situação bancária do ex-ministro agora formalmente acusado de fraude fiscal, Hollande comprometeu-se a fazer melhorias significativas no sistema judicial e, inclusive, a tornar públicos os dados financeiros de todos os ministros e membros do parlamento, eleitos pelo povo.
Ao fim de menos de um ano na presidência, François Hollande é já um dos chefes de Estado menos populares da história de França.
Mentira do ex-ministro de Hollande "abre uma crise democrática"
Além de abalar o Presidente, que tinha prometido uma "República irrepreensível", o escândalo põe em causa o contrato de confiança entre o Estado e os cidadãos.
O Presidente François Hollande fez ontem uma breve comunicação aos franceses, tentando conter os efeitos da crise aberta, na terça-feira, pela confissão do seu ex-ministro do Orçamento, Jérôme Cahuzac, que reconheceu ter uma conta secreta na Suíça, e depois em Singapura, factos que negou ao longo de quatro meses. Era o ministro "justiceiro" no combate à evasão fiscal. O editorial do Libération acentua o aspecto moral: uma "ignomínia" que lança o descrédito sobre o "Estado irrepreensível" que Hollande prometeu. O Monde sublinha a dimensão política: "A mentira que abre uma crise democrática."
Hollande acusou Cahuzac de "enganar o chefe de Estado, o chefe do Governo, o Parlamento e, através dele, todos os franceses" e ainda de "ultraje à República, tanto mais que os factos são intoleráveis: deter, sem declarar, uma conta no estrangeiro". Anunciou três medidas: reforço da independência da Justiça, uma "luta impiedosa" contra os conflitos de interesses e a inilegibilidade vitalícia dos políticos que sejam condenados por fraude ou corrupção.
Jean-François Copé, presidente da UMP (oposição de direita), considerou "muito curtas" as explicações de Hollande e insistiu "nas perguntas que todos os franceses se fazem: estava Hollande ao corrente [da mentira de Cahuzac], estava [o primeiro-ministro] Jean-Marc Ayrault ao corrente, e, neste caso, desde quando?"
Marine Le Pen, líder da Frente Nacional (extrema-direita), pediu a demissão do Governo.
A denúncia de Mediapart
No dia 4 de Dezembro, o site de informação Mediapart informou que o ministro do Orçamento teve uma conta secreta na Suíça até 2010, nunca declarada ao fisco, e mais tarde transferida para Singapura. A base da denúncia era frágil - uma gravação telefónica - e Cahuzac negou todos os factos, sob palavra de honra, a Hollande e ao Parlamento. O Presidente deu cobertura ao ministro, com base na "presunção de inocência", mantendo-o no cargo. Cahuzac era, aliás, um dos principais artífices da política económica do Governo.
Começou uma prova de força entre o Mediapart e o ministro. No dia 8 de Janeiro, a Procuradoria de Paris abriu um "inquérito preliminar em matéria de branqueamento de fraude fiscal" - "falsear ou ocultar a justificação da origem de bens ou rendimentos do autor de um crime ou de um delito que tenha proporcionado ao autor um lucro directo ou indirecto". A 15 de Março, a polícia atestou que a voz da gravação era a do ministro. A 19, a Procuradoria de Paris abriu uma "informação judicial contra X por branqueamento e fraude fiscal". Hollande força Cahuzac a demitir-se. Este continua a negar tudo, "em bloco e em detalhe". No dia 2 de Abril, confessa: uma conta secreta de 600 mil euros na Suíça, transferida depois para Singapura. Incorre numa pena de cinco anos de prisão. O PS anunciou a sua expulsão.
A dimensão política
Os efeitos poderão ser devastadores. Toda a imprensa francesa e internacional o sublinha. Eleito há menos de um ano, Hollande bate os recordes de impopularidade, sobretudo pela degradação da situação económico-social francesa. Começa a ser visto como um "Presidente fraco" e que faz uma política aos ziguezagues. No caso Cahuzac, está encostado à parede: se não é plausível qualquer conivência, não conseguirá fugir à responsabilidade de um "grave erro de avaliação política". O abuso da sua boa-fé é já sinal de falta de autoridade, diz um analista.
Um primeiro efeito desta fraqueza é permitir à direita francesa, dividida e desorientada, disfarçar as contradições. Outro, de muito maior alcance, é a crescente "ausência" da França na cena europeia, um preocupante factor de desequilíbrio que se reflecte na crise do euro.
O pior vem a seguir: o escândalo eclode "no momento em que o Governo reclama aos cidadãos um doloroso esforço fiscal, tornado inevitável pelo estado calamitoso das finanças públicas", frisa o Nouvel Observateur. Jérôme Fourquet, do instituto de sondagens IFOP, diz que, além de ferir a imagem de Hollande, reforça a "ideia de que todos os políticos são corruptos".
Conclui o Monde: "À crise económica e social em que a França está mergulhada e a um clima político que se está a tornar deletério, junta-se agora uma crise democrática, na medida em que se rompe o contrato de confiança entre o povo e os seus governantes."