Portal Chamar Táxi

Investigadores do IGC elucidam malária durante a gravidez e controlo da fase hepática

Grunge

GF Ouro
Membro Inactivo
Entrou
Ago 29, 2007
Mensagens
5,124
Gostos Recebidos
0
Investigadores do IGC elucidam malária durante a gravidez e controlo da fase hepática

Desenvolver fármacos que diminuam ou eliminem as consequências da Malária. É esta a expectativa de uma equipa de investigadores do Grupo de Genética de Doenças do Instituto Gulbenkian da Ciência (IGC), cujos resultados têm estado a ser divulgados na revista PLoS ONE. Os estudos publicados em Fevereiro e Março permitem uma melhor compreensão da fase hepática da doença, e ainda da malária adquirida durante a gravidez. "O grande objectivo será controlar a doença de modo a reduzir drasticamente o grande número de pessoas doentes e a mortalidade, principalmente entre as crianças. São muitos milhões de pessoas que sofrem com esta doença".

No estudo sobre a malária durante a gravidez, a equipa desenvolveu um modelo animal - um ratinho que pela primeira vez recapitula fielmente os sintomas da doença, tanto na mãe como no feto. Segundo Carlos Penha-Gonçalves, este modelo proporciona um novo método de estudo dos mecanismos celulares e moleculares que conduzem as situações clínicas que se desenvolvem nas mulheres grávidas que contraem malária, "nomeadamente o insucesso da gravidez por aborto, o baixo peso à nascença dos filhos e a debilidade da mãe".

De acordo com os investigadores, estima-se que, em regiões onde a malária é endémica, o número de gravidezes seja superior a 50 milhões por ano. A malária associada à gravidez é um dos maiores fardos de saúde pública em África, pois leva, anualmente, a cerca de cem mil casos de morte infantil.

"Os nossos estudos da malária da gravidez poderão levar a descoberta de marcadores biológicos para monitorizar e prever a severidade da malária nas mulheres grávidas", explicou Carlos Penha-Gonçalves. "O método de combate preferível da doença seria a utilização de vacinas eficazes. Este objectivo tem-se revelado muito difícil de atingir. No entanto, existe a perspectiva cada vez mais consistente de que possa ser produzida uma vacina contra a Malária da gravidez. É por isso importante que os nossos conhecimentos sobre Malária da gravidez sejam desenvolvidos e aprofundados", acrescentou.

Estudo da fase inicial da doença

Os sintomas da malária surgem quando os parasitas atingem a corrente sanguínea. Porém, a caminho da corrente sanguínea, os parasitas primeiro infectam células do fígado, onde se multiplicam abundantemente. Noutro estudo, a equipa do IGC identificou uma região localizada no cromossoma 17 de ratinhos que, aparentemente, dificulta a expansão dos parasitas nas células hepáticas.

Os investigadores repararam que no fígado de uma das linhagens de ratinho com que trabalham, o parasita Plasmodium berghei se multiplica menos do que noutra linhagem. Consequentemente, o número de parasitas no sangue é menor, e os sintomas da doença menos graves. Recorrendo a técnicas de mapeamento genético, identificaram uma região a que chamaram berl1 (berghei liver resistance 1) que parece ser responsável por esta resistência.

"Este é o primeiro estudo publicado que se dedica a identificação de factores genéticos de resistência a esta fase da doença. É a primeira fase da doença, sendo o fígado o primeiro local onde o parasita da malária se multiplica no corpo humano. Este estudo abre caminho para que se possam identificar mecanismos de resistência ao parasita e se possam identificar alvos terapêuticos na fase inicial da doença", frisou o investigador.

Desenvolver novos agentes terapêuticos

Segundo o investigador, a próxima etapa do trabalho é estudar o equivalente humano do gene berl1, para averiguar a sua capacidade de conferir resistência à infecção hepática. Para tal, recorrerão a doentes que apresentem infecções hepáticas assintomáticas. "Estes estudos poderão ser realizados nos próximos dois anos no contexto de projectos que estamos a desenvolver na Ilha do Príncipe (S. Tome e Príncipe) e em Angola", adiantou.

Carlos Penha-Gonçalves salientou ainda que, a longo prazo, a investigação procura identificar moléculas que possam ser alvo de novos agentes terapêuticos capazes de reduzir ou eliminar definitivamente as consequências clínicas da Malária.
 
Topo