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No seu editorial o jornal irlandês Sunday Independent endereça ao 'amigo' Portugal uma carta onde deixa alguns conselhos que incidem sobre situações comuns aos dois países, nomeadamente a entrada de ajuda externa e a queda do governo.
«Sei que não nos conhecemos muito bem, mas ouvi dizer que estão a entrar em recessão», é o mote que dá início à carta, onde o autor - Irlanda -, se assume como alguém que já passou pelo mesmo que vai afectar Portugal nos próximos meses.
A carta prevê que os responsáveis políticos portugueses vão demonstrar a sua relutância em relação à intervenção de ajuda externa, e vão afirmar que apenas será concretizada «por cima dos seus cadáveres».
A carta irlandesa ressalva que tais constatações apenas vão fortalecer as certezas em torno da intervenção externa no país.
Palavras como «resgate» e «ajuda» não são encaradas de forma animadora: «[Este resgate] será inevitavelmente imposto, não virá resolver os vossos problemas, mas antes prolongá-los para gerações vindouras».
Para classificar a ajuda externa, o editorial remete antes para palavras como «agiotagem [empréstimo de dinheiro a juros elevados]», «juros», «hipotecas» ou até «roubo».
Os últimos parágrafos da carta abordam a crise política portuguesa. «Também arranjámos um novo Governo e é uma boa diversão durante um par de semanas», refere.
O 'amigo irlandês' prossegue, ao dizer: «O que vão encontrar é um novo Governo que vai surgir entre um clima de ligeira euforia na população. O novo Governo vai fazer todo o tipo de promessas (.) e a União Europeia vai fazer um sorriso benévolo enquanto tudo isso se passar».
No seguimento da euforia a carta sublinha que «no desporto, até vão ganhar alguns jogos contra o vosso velho inimigo», mas neste ponto a previsão surge tarde, pois a selecção portuguesa já venceu a Espanha (4-0) em pleno Outono, a 18 de Novembro.
Se no desporto a previsão irlandesa não parece ser válida, o último parágrafo do editorial trata de regressar aos contornos reais da perspectiva: «A realidade vai estar à espera para intervir assim que a diversão se esgote».
A carta acaba com o tradicional «Love, Ireland», mas a simpatia final não augura um bom futuro para Portugal.
Em Novembro de 2010, a crise da dívida irlandesa levou ao resgate do FMI e da UE.
Ambos concederam 85 mil milhões de euros ao país para salvar os seus bancos, naquele que foi o segundo pedido de resgate no espaço europeu após a Grécia.
Veja aqui a 'carta' da Irlanda a Portugal, pelo Sunday Independent.
SOL