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MARCO GONÇALVES O Jogo
SÉRGIO KRITHINAS
Um mês e um dia depois de ter jogado os últimos cinco minutos frente ao Leiria, Nuno Gomes ouviu ontem da boca do presidente Luís Filipe Vieira a notícia que há muito se anunciava: o Benfica não lhe iria renovar o contrato, mas oferecia-lhe "um cargo". Assim mesmo, "um cargo" - cujo âmbito ou funções nunca chegaram a ser especificados. Uma decisão que o clube tomou com base na opinião do treinador Jorge Jesus, que nunca viu no capitão uma alternativa válida para a equipa.
Os 166 golos e 398 jogos (divididos por 12 épocas) com a camisola encarnada foram insuficientes para contrariar a posição inflexível do técnico. Ainda antes do final da época, Vieira conversou com Nuno Gomes e informou-o de que o treinador não contava com ele para 2011/12, falando-lhe da possibilidade de integrar um lugar na estrutura do clube; já depois do último jogo, antes das férias, presidente e capitão voltaram a reunir-se. A situação não se tinha alterado, mas Vieira pediu ao avançado para esperar, abrindo a porta à sua renovação por mais uma temporada. Nessa altura, o líder do clube ainda esperava fazer Jesus mudar de ideias, usando como argumentos a importância de um jogador como Nuno Gomes na relação da equipa com os adeptos, bem como do seu peso dentro do próprio balneário. Nem assim conseguiu.
O entendimento de Jorge Jesus, Nuno Gomes - que celebra 35 anos de vida a 5 de Julho - era há muito "finito". A palavra foi usada numa notícia escrita por O JOGO a 16 de Novembro de 2010, dois dias depois de o capitão ter marcado o primeiro golo da temporada, frente à Naval, e era a mesma que Tomislav Ivic proferiu em 1987 para descrever Fernando Gomes, o goleador que emprestou o apelido ao jovem Nuno Ribeiro. Já nessa altura, Jesus acreditava que o avançado não tinha andamento para jogar ao mais alto nível, pelo que não contava de todo com ele. O próprio jogador, no comunicado que emitiu no seu sítio oficial, foi claro a atribuir ao treinador a responsabilidade pelo adeus: "… uma opção técnica que respeito como sempre respeitei, concordando ou não."
Cinco golos em 92 minutos
Prova disso é que, depois desse tal golo à Naval, e mesmo apresentando uma eficácia sem comparação no plantel, Nuno Gomes somou apenas mais quatro partidas (57 minutos). Contas feitas, a sua última época de águia ao peito resume-se a 92 minutos divididos por sete jogos oficiais. O suficiente para apontar cinco golos, que foram desvalorizados pelo próprio... Jesus. "Sempre que o adversário está mais cansado e com menos rigor táctico na defesa, o Nuno pode ser muito útil", explicou o treinador, momentos depois de ver o número 21 bisar em Paços de Ferreira e prometendo que iria ainda dar-lhe uma oportunidade para jogar de início. Mas depois veio a operação ao menisco do joelho esquerdo, e Nuno Gomes teve apenas direito, na última jornada, a mais cinco minutos. Que não foram de glória.
Vieira ainda tentou que o treinador mudasse de ideias e, por isso, arrastou a decisão final durante mais de um mês. Ontem de manhã, já depois de sucessivos adiamentos na véspera, o presidente ligou finalmente a Nuno Gomes, que se encontra de férias na Riviera francesa. Minutos depois, um comunicado no sítio oficial do jogador na internet dava a notícia ao mundo. "Hoje, fui informado, definitivamente, que o Benfica decidiu não renovar o contrato que tinha comigo", explicou o jogador, agradecendo aos adeptos "por tudo" e lamentando não ter a possibilidade de se ter despedido "dentro de campo". A carreira do 21 continua, pelo menos, mais um ano. Mas longe da Luz.
Cromologia de um adeus
21/03/2011 | Marca dois golos em Paços de Ferreira e Jesus promete-lhe a titularidade para breve. Lesiona-se antes do jogo com o FC Porto para o campeonato (3 de Abril) e é operado ao menisco do joelho esquerdo. Fica fora dos relvados mais de um mês.
05/05/2011 | O Benfica perde 1-0 em Braga e falha o apuramento para a final da Liga Europa. Pouco depois, Vieira fala com ele e informa-o que não entra nos planos de Jorge Jesus, propondo-lhe pela primeira vez um cargo de dirigente.
14/05/2011 | Joga os cinco minutos finais no empate (3-3) com o Leiria, naquele que foi o último jogo pelo Benfica. Antes de ir de férias, Vieira volta a falar com ele e pede-lhe para esperar mais uns dias, pois acredita que Jesus ainda mudará de ideias.
15/06/2011 | Durante as férias na Riviera francesa, Vieira liga-lhe pela manhã e informa-o da decisão final do clube: não iria renovar o seu contrato profissional, mas poderia pendurar as botas e ficar com um cargo na estrutura.
SÉRGIO KRITHINAS
Um mês e um dia depois de ter jogado os últimos cinco minutos frente ao Leiria, Nuno Gomes ouviu ontem da boca do presidente Luís Filipe Vieira a notícia que há muito se anunciava: o Benfica não lhe iria renovar o contrato, mas oferecia-lhe "um cargo". Assim mesmo, "um cargo" - cujo âmbito ou funções nunca chegaram a ser especificados. Uma decisão que o clube tomou com base na opinião do treinador Jorge Jesus, que nunca viu no capitão uma alternativa válida para a equipa.
Os 166 golos e 398 jogos (divididos por 12 épocas) com a camisola encarnada foram insuficientes para contrariar a posição inflexível do técnico. Ainda antes do final da época, Vieira conversou com Nuno Gomes e informou-o de que o treinador não contava com ele para 2011/12, falando-lhe da possibilidade de integrar um lugar na estrutura do clube; já depois do último jogo, antes das férias, presidente e capitão voltaram a reunir-se. A situação não se tinha alterado, mas Vieira pediu ao avançado para esperar, abrindo a porta à sua renovação por mais uma temporada. Nessa altura, o líder do clube ainda esperava fazer Jesus mudar de ideias, usando como argumentos a importância de um jogador como Nuno Gomes na relação da equipa com os adeptos, bem como do seu peso dentro do próprio balneário. Nem assim conseguiu.
O entendimento de Jorge Jesus, Nuno Gomes - que celebra 35 anos de vida a 5 de Julho - era há muito "finito". A palavra foi usada numa notícia escrita por O JOGO a 16 de Novembro de 2010, dois dias depois de o capitão ter marcado o primeiro golo da temporada, frente à Naval, e era a mesma que Tomislav Ivic proferiu em 1987 para descrever Fernando Gomes, o goleador que emprestou o apelido ao jovem Nuno Ribeiro. Já nessa altura, Jesus acreditava que o avançado não tinha andamento para jogar ao mais alto nível, pelo que não contava de todo com ele. O próprio jogador, no comunicado que emitiu no seu sítio oficial, foi claro a atribuir ao treinador a responsabilidade pelo adeus: "… uma opção técnica que respeito como sempre respeitei, concordando ou não."
Cinco golos em 92 minutos
Prova disso é que, depois desse tal golo à Naval, e mesmo apresentando uma eficácia sem comparação no plantel, Nuno Gomes somou apenas mais quatro partidas (57 minutos). Contas feitas, a sua última época de águia ao peito resume-se a 92 minutos divididos por sete jogos oficiais. O suficiente para apontar cinco golos, que foram desvalorizados pelo próprio... Jesus. "Sempre que o adversário está mais cansado e com menos rigor táctico na defesa, o Nuno pode ser muito útil", explicou o treinador, momentos depois de ver o número 21 bisar em Paços de Ferreira e prometendo que iria ainda dar-lhe uma oportunidade para jogar de início. Mas depois veio a operação ao menisco do joelho esquerdo, e Nuno Gomes teve apenas direito, na última jornada, a mais cinco minutos. Que não foram de glória.
Vieira ainda tentou que o treinador mudasse de ideias e, por isso, arrastou a decisão final durante mais de um mês. Ontem de manhã, já depois de sucessivos adiamentos na véspera, o presidente ligou finalmente a Nuno Gomes, que se encontra de férias na Riviera francesa. Minutos depois, um comunicado no sítio oficial do jogador na internet dava a notícia ao mundo. "Hoje, fui informado, definitivamente, que o Benfica decidiu não renovar o contrato que tinha comigo", explicou o jogador, agradecendo aos adeptos "por tudo" e lamentando não ter a possibilidade de se ter despedido "dentro de campo". A carreira do 21 continua, pelo menos, mais um ano. Mas longe da Luz.
Cromologia de um adeus
21/03/2011 | Marca dois golos em Paços de Ferreira e Jesus promete-lhe a titularidade para breve. Lesiona-se antes do jogo com o FC Porto para o campeonato (3 de Abril) e é operado ao menisco do joelho esquerdo. Fica fora dos relvados mais de um mês.
05/05/2011 | O Benfica perde 1-0 em Braga e falha o apuramento para a final da Liga Europa. Pouco depois, Vieira fala com ele e informa-o que não entra nos planos de Jorge Jesus, propondo-lhe pela primeira vez um cargo de dirigente.
14/05/2011 | Joga os cinco minutos finais no empate (3-3) com o Leiria, naquele que foi o último jogo pelo Benfica. Antes de ir de férias, Vieira volta a falar com ele e pede-lhe para esperar mais uns dias, pois acredita que Jesus ainda mudará de ideias.
15/06/2011 | Durante as férias na Riviera francesa, Vieira liga-lhe pela manhã e informa-o da decisão final do clube: não iria renovar o seu contrato profissional, mas poderia pendurar as botas e ficar com um cargo na estrutura.