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Os médicos estão a prescrever electronicamente aos utentes medicamentos que não existem nas farmácias, porque a base de dados utilizada por estes profissionais não corresponde à realidade dos fármacos disponíveis no mercado, denunciaram hoje médicos e farmacêuticos.Num comunicado conjunto da Ordem dos Médicos (OM) e da Associação de Farmácias de Portugal (AFP), no qual são expressas diversas preocupações, estes profissionais relatam a existência de uma «diferença entre a informação das bases de dados dos princípios activos a que os médicos e os farmacêuticos têm acesso no respectivo software».
«A base de dados utilizada para a prescrição electrónica não corresponde à realidade dos fármacos e respectivos preços efectivamente disponíveis no mercado e, por consequência, nas farmácias», afirmam no comunicado.
Segundo a OM e a AFP, trata-se de um problema que o INFARMED não consegue resolver, pois «não uniformiza a informação que disponibiliza aos diferentes níveis da cadeia de valor do SNS» (Serviço Nacional de Saúde).
O que acontece, então, é que o médico tem acesso a informação de fármacos que obtiveram a devida Autorização de Introdução no Mercado (AIM), mas que o laboratório não produziu nem disponibilizou no mercado.
«O resultado é que há muitos utentes a dirigirem-se às farmácias para adquirirem medicamentos prescritos que não existem à venda nas farmácias, ou cuja forma farmacêutica não corresponde àquela a que o médico teve acesso no momento da prescrição», explicam.
Esta situação, agravada pela «rigidez imposta pelas novas regras da receita electrónica», está a gerar confusão e problemas para os profissionais e utentes, afirmam os responsáveis, alertando ainda que é nas farmácias – último elo da cadeia – que o utente «mais facilmente descarrega a sua revolta perante a comprovada ineficiência do sistema».
Por outro lado, as farmácias estão a ser penalizadas com «avultados prejuízos», em termos de facturação, já que as receitas médicas são consideradas incorrectas pelo Centro de Conferências Nacional do SNS, que as devolve sem o devido pagamento da parte relativa à comparticipação do Estado, acrescentam.
Outra preocupação revelada por médicos e farmacêuticos tem a ver com risco de aumento da automedicação motivada pelo aumento das taxas moderadoras e pelo preço «anormalmente baixo» a que chegaram alguns medicamentos.
Para estes profissionais, «o impacto previsível de uma política do medicamento exclusivamente financeira, com a procura insana e obsessiva de cortar nas despesas do Estado, sem preocupação com as consequências negativas a vários níveis, só contribuirá para aumentar ainda mais a actual ineficiência do sistema».
Fonte: Lusa/SOL