Macedo troca presentes com chinês suspeito
Zhu Xiaodong diz ao juiz que não deu “dinheiro ao ministro”. Mas há indícios na investigação de que o empresário chinês ofereceu vinho e tabaco a Macedo. Este deu-lhe bilhetes para a Champions
Eu, ao ministro, não dei dinheiro!", garantiu ao juiz, mal começou o seu interrogatório, Zhu Xiaodong, sem que Carlos Alexandre lhe tivesse perguntado nada – até porque Miguel Macedo não é arguido no processo de corrupção. Não deu dinheiro mas, segundo apurou a investigação da Judiciária, o empresário chinês ofereceu ao ministro da Administração Interna três volumes de tabaco da sua preferência e duas garrafas de vinho.
Em troca, noutra circunstância, Miguel Macedo arranjou a Zhu – um dos onze presos no escândalo de corrupção dos vistos dourados, tal como a sua mulher – dois bilhetes para a final da Liga dos Campeões, que se realizou em Lisboa, em maio.
O presente do ministro – que pediu os ingressos a Fernando Gomes, presidente da Federação de Futebol – foi entregue ao empresário chinês por intermédio de Jaime Couto Alves, outro dos presos na operação da PJ e que é, além de amigo e sócio de Macedo na sociedade JMF, funcionário de Zhu como prospetor imobiliário.
Zhu Xiaodong, sócio da Golden Vista Europe, angariaria imigrantes chineses interessados em investir mais de 500 mil euros em imobiliário, a troco de vistos gold; e Couto Alves tratava de arranjar casas, com os valores inflacionados, para os investimentos.
Quando António Figueiredo, presidente do IRN e cérebro de todo o esquema de corrupção, soube que estava a ser investigado e combinou com Miguel Macedo um fim de semana em Islantilla, no sul de Espanha, onde poderiam falar longe de vigilâncias da PJ. Couto Alves acompanhou-os, em abril passado.
Há indícios na investigação de que os três têm ali interesses imobiliários (ver infografia).
In: Cm