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A PSP tinha cessado a emissão de licenças para eventos pirotécnicos durante o fim de semana.
Três dias depois do “cenário dantesco” provocado pelo incêndio que assolou a Madeira, foi lançado fogo-de-artifício numa festa privada que decorreu na Quinta da Pinheira, localizada no Estreito de Câmara de Lobos, Madeira.
Tudo aconteceu na madrugada de domingo, quando foi lançado do local fogo-de-artifício durante cerca de três minutos, avançou ontem o “Diário de Notícias da Madeira”. A Quinta da Pinheira é um local onde se realizam casamentos, baptizados e outras recepções e festas. Ao que o i apurou, o “evento privado” em questão seria o casamento de um elemento da corporação dos Bombeiros Voluntários da Câmara de Vale de Lobos, o que está a causar indignação entre os habitantes.
Fonte ouvida pelo i explicou que tudo se tratou de “uma surpresa para os noivos preparada por alguns convidados”. “Julgo que quem planeou isto nem terá pensado nas repercussões, porque é muito natural haver lançamento de fogo-de-artifício em festas, públicas ou privadas, na Madeira”, afirmou. No entanto, não deixa de afirmar que este é um “ato insólito” para o qual “nem tem palavras”.
Entre os convidados da festa estariam vários elementos dos bombeiros e ainda elementos da PSP. Ao diário madeirense, o comandante dos Bombeiros Voluntários de Câmara de Lobos - um dos convidados da festa - disse que “a situação esteve sempre controlada” e que no local estavam presentes todos os meios “caso alguma coisa corresse mal”. “O espaço foi molhado antes do fogo-de-artifício e foi feita a devida prevenção, mesmo havendo água suficiente para alguma eventualidade em contrário”, referiu.
Lançamento foi Ilegal
Fernando Gomes não especificou, no entanto, que meios seriam esses nem de que modo estavam alocados ao evento. A PSP tinha cancelado até ontem, dia 15, a emissão de licenças para “qualquer espectáculo pirotécnico” por recomendação do Serviço Regional da Protecção Civil. Logo, o lançamento deste fogo- -de-artifício aconteceu à margem da lei e na presença de autoridades.
Contactada pelo i, a Protecção Civil da região recusou-se a fazer comentários sobre a ocorrência.
Indignação
A notícia está a gerar uma onda de indignação junto dos madeirenses, não só pela proximidade temporal com um dos maiores incêndios de sempre registados na ilha como pelo facto de os próprios elementos das forças de segurança terem desrespeitado a lei.
Em comentários nas redes sociais, muitos internautas pedem mesmo a demissão do comandante dos bombeiros voluntários da corporação e dizem-se “chocados” com a leviandade de um ato que consideram “palerma” e “uma vergonha”, para além de ser um “desrespeito a uma proibição da própria PSP”.
Senhora do Monte sem Arraial
As recomendações da Protecção Civil da região foram, no entanto, prontamente acatada pela maioria da população, nomeadamente pela organização das festas de Nossa Senhora do Monte - a maior festa religiosa da Madeira -, que decorreram durante o fim de semana.
Este ano, as entidades responsáveis pelo evento (Câmara Municipal do Funchal, Junta de Freguesia do Monte e paróquia) cancelaram o arraial e a romaria que todos os anos juntam milhares de pessoas, mantendo apenas a celebração litúrgica. Só nesta zona alta do Funchal arderam cerca de 60 casas e uma pessoa ficou gravemente ferida.
Também um concerto previsto para dia 21 de Agosto - dia da cidade do Funchal - foi cancelado “por solidariedade com as vítimas do incêndio”, anunciou ontem o presidente da Câmara Municipal do Funchal, Paulo Cafôfo.
Um balanço trágico
O incêndio que deflagrou na semana passada na ilha deixou 1000 desalojados e destruiu mais de 200 casas, maioritariamente no concelho do Funchal. Morreram três pessoas e a Madeira continua em alerta.
No concelho da Calheta, ontem ainda permaneciam 25 bombeiros apoiados por nove viaturas para vigiar o rescaldo dos incêndios.
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