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Na fronteira entre a Tailândia e o Camboja
OMS alerta para casos de resistência ao tratamento contra a malária
Na fronteira entre a Tailândia e o Camboja têm surgido casos alarmantes de resistência à mais potente arma terapêutica contra a malária, a artemisinina. A Organização Mundial de Saúde está preocupada, e diz que o risco é semelhante ao da resistência aos antibióticos. E que isto pode ser um importante revés no combate à doença que todos os anos afecta 500 milhões de pessoas e causa a morte de cerca de um milhão.
Quando um parasita resiste a todas as armas disponíveis para o combater, resta aos cientistas procurar novos caminhos, mas as alternativas demoram tempo demais para quem está doente.
“Se não pusermos um ponto final na situação de resistência aos medicamentos que se verifica na fronteira entre a Tailândia e o Camboja, essa resistência pode espalhar-se rapidamente aos países vizinhos e ameaçar os nossos esforços para combater a doença”, explicou em comunicado o director-geral adjunto da Organização Mundial de Saúde (OMS), Hiroki Nakatani. Nesse comunicado, divulgado na quarta-feira, é ainda referido que a resistência ao medicamento detectada pode reverter os sucessos alcançados nos últimos tempos no combate à malária.
A artemisinina é um componente extraído de uma erva chinesa e tem sido considerada uma das formas mais eficazes de combater a malária, de tal modo que em 90 por cento dos casos a resposta ao tratamento é positiva. No entanto, a OMS tem recomendado que seja usada em conjunto com outros medicamentos, exactamente para evitar o desenvolvimento de resistências. Não é a primeira vez que o tema é abordado, mas desta vez houve um alerta concreto.
Na fronteira entre a Tailândia e o Camboja há muita gente que percorre vários quilómetros todos os dias para limpar as florestas. Os sistemas de monitorização da OMS naquela região, bem como outras investigações ali realizadas, levaram a concluir que existem casos de resistência à artemisinina. “O tratamento apropriado com artemisinina é bem sucedido em 90 por cento dos casos. Mas a resistência à medicação na fronteira entre a Tailândia e o Camboja ameaça essa conquista.”
O fundador da Microsoft e a mulher, Bill e Melinda Gates, doaram 22,5 milhões de dólares para combater a malária, e a OMS anunciou que irá usar esse dinheiro para travar a resistência do parasita à artemisinina. Em conjunto com várias entidades locais serão tomadas medidas para detectar os casos de resistência, reduzir a exposição à artemisinina para limitar essa resistência, evitar a disseminação através da população que se desloca muitos quilómetros e promover o acompanhamento dos vários casos.
“Sabemos que a malária pode ser tratada e prevenida”, considera Regina Rabinovich, directora da área de doenças infecciosas da Fundação Bill e Melinda Gates. “Mas se perdermos o melhor tratamento que temos disponível neste momento é como se estivermos a viver numa casa com apenas metade do telhado.”
O Público