Marine quer expulsar o pai da Frente Nacional. Irá conseguir?

[kokas]

Na campanha para as europeias de maio de 2014 Marine teve o apoio do pai
Declarações antissemitas de Jean-Marie Le Pen irritam a filha e sua sucessora à frente do partido de extrema-direita. Líder promete travar candidatura do pai às regionais de dezembro.
As câmaras de gás são apenas um "detalhe" na II Guerra Mundial, o marechal Pétain "não é um traidor" e o primeiro-ministro Manuel Valls não passa de "um imigrante". As declarações de Jean-Marie Le Pen em duas entrevistas dadas nos últimos dias não são muito diferentes daquelas a que o fundador e presidente honorário da Frente Nacional habituou os franceses - e o resto do mundo - nos últimos 40 anos. Mas parecem ter sido a gota de água que fez a filha, Marine, atual líder da formação de extrema-direita francesa, falar numa "crise sem precedentes" e admitir o afastamento do pai do partido.



"O seu objetivo é prejudicar-me. Vamos reunir o gabinete executivo para encontrar a melhor forma de proteger os interesses" da Frente Nacional, anunciou Marine Le Pen em comunicado citado pelo Le Monde. A líder da FN, que nos últimos anos se empenhou em melhorar a imagem da formação e afastá-la do antissemitismo personificado pelo pai, acusou-o de ter entrado numa "espiral entre a estratégia da terra queimada e o suicídio político". "A FN não pode ficar refém das suas provocações grosseiras", rematou.

E se é verdade que a estratégia de Marine para tornar a FN um partido respeitável parece estar a dar frutos - depois de ter sido a mais votada nas europeias de maio de 2014, ficou acima dos 25% na primeira volta das departamentais de finais de março -, a líder não vai admitir que ninguém se atravesse no seu caminho. Nem mesmo o pai.


dn