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Marinho Pinto considera que ensino se tornou numa actividade 'meramente económica'
O bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho Pinto, considerou na noite de quinta-feira, em Coimbra, que o ensino superior se tornou numa actividade meramente económica, em que as universidades tratam os alunos como «clientes».
«O ensino superior, que devia merecer fazer jus ao magistério, transformou-se hoje numa actividade meramente económica, em que verdadeiramente o que os preocupa é o preço por que vendem os seus diplomas», lamentou o bastonário, que considera as ofertas «desproporcionadas às necessidades sociais».
Falando sobre ensino superior e saídas profissionais, a convite do Rotary Club de Coimbra, Marinho Pinto considerou que hoje as universidades não «ministram conhecimento: vendem diplomas, porque é isso que as pessoas querem».
«Hoje, as universidades tratam os alunos não como estudantes, mas como clientes», sublinhou o advogado, que considera a área do Direito como a «mais dramática».
Segundo o bastonário, o ensino do Direito em Portugal «degradou-se e mercantilizou-se, com as universidades preocupadas com as propinas e as prestações que cobram aos estudantes e não em prepará-los para as necessidades sociais».
No seu estilo acutilante, Marinho Pinto lamentou que o Estado não exerça um papel regulador e de fiscalização no ensino superior, considerando que a abertura ao sector privado conduziu a «uma degradação nunca antes vista em Portugal».
O causídico de Coimbra considerou ainda que «o ensino do Direito se tornou num negócio fabuloso que rendeu milhões e foi explorado inescrupulosamente por pessoas sem a mínima vocação».
No final da palestra, confrontado pelos jornalistas com as centenas de vagas em Direito abertas neste ano lectivo, acusou as universidades de «explorarem as ilusões dos jovens» e lembrou que um quarto dos licenciados sem emprego é desta área.
Para o bastonário da Ordem dos Advogados, o «Estado devia fazer, com as forças sociais, uma avaliação do número de licenciados necessários por ano, em todas as áreas, que não é seguramente os milhares que saem».
«Portugal não é um país de futuro para jovens» e as únicas saídas profissionais estão no estrangeiro, concluiu Marinho Pinto.
Lusa/SOL