A empresa nacional está a negociar a compra à Macquarie de 25% do maior parque eólico da Austrália.
A Martifer continua a reforçar a sua estratégia de internacionalização. Depois do Brasil – anunciou ontem a compra da Ventania, por 6,9 milhões de euros – a empresa de Oliveira de Frades prepara-se para dar os primeiros passos na Austrália, também na área eólica, onde já está presente através da Martifer Alumínios.
No início no Verão, a empresa assinou um acordo de princípio com o Macquarie Group com vista à identificação de projectos conjuntos no mercado das renováveis. E o acordo já está a dar frutos.
O Diário Económico sabe que Jorge Martins, vice-presidente da Martifer e responsável pela área de produção de energia, está a negociar com os australianos da Macquarie a compra de uma participação de 25% num dos maiores parques eólicos programados para este país. Segundo a imprensa australiana, o projecto, que está avaliado em 2,5 mil milhões de dólares (1,7 mil milhões de euros) e prevê a instalação de 1 GW (gigawatt), é actualmente controlado a 50% pelo grupo Macquarie. Parcela de capital que o Macquarie irá partilhar em 25% com a Martifer.
Para já, o Macquarie Group estabeleceu, no início do ano, um acordo com a alemã Epuron para o desenvolvimento do parque que prevê a instalação de 400 a 500 turbinas. A cumprirem-se os objectivos, o parque começará a ser construído no final de 2009, estimando-se que esteja operacional um ano mais tarde, altura em que terá capacidade para fornecer electricidade a cerca de 400 mil casas por ano ou o equivalente a 4,5% das necessidades energéticas da Nova Gales do Sul.
A Martifer está na Australia para ficar e ainda que não existam hoje grandes incentivos ao desenvolvimento das renováveis naquele país, a perspectiva é, ao que o Diário Económico apurou, que a atitude do governo de Camberra venha a mudar. Aliás, as eólicas são apenas um dos cenários que está a ser analisado pela equipa da Martifer que está no terreno, admitindo-se que a empresa venha a estender a presença a outras áreas como o solar.
Primeiros passos no Brasil
No Brasil, a Martifer Renewables, chegou a equacionar a hipótese de entrar neste mercado em parceria com a EDP. Mas enquanto continuam os contactos com o grupo de António Mexia, sem que haja, até agora, nada formalizado, Jorge Martins não quis perder a oportunidade.
Ontem confirmou a compra de 55% da Ventania, por 6,9 milhões de euros. A empresa brasileira dedica-se à promoção de projectos de geração eléctrica a partir de fontes renováveis e tem já dois parques eólicos em fase final de construção no nordeste do Brasil. Estas unidades, com uma capacidade instalada de 14 MW, devem entrar em funcionamento já em Outubro e produzir anualmente cerca de 61,2 GW.
A energia produzida será vendida à Electrobrás, no âmbito do PROINFA. Criado pelo governo brasileiro, este programa prevê a promoção de 300 MW em projectos de biomassa, pequenas mini-hídricas e eólicas, mas tem tido um sucesso limitado devido às condicionantes impostas, nomeadamente o facto de exigir uma taxa de incorporação nacional na ordem dos 60% e das dificuldades de aquisição de aerogeradores. Além disso, tudo o que o Brasil importa é onerado, incluindo as turbinas eólicas.
As condições de mercado foram, aliás, um dos motivos que condicionaram a entrada da Martifer no Brasil e que motivaram a aproximação à EDP.
Mas o Brasil não é terreno novo para a Martifer. Os primeiros passos foram dados pela Prio, a participada que gere o negócio dos biocombustíveis. Mais especificamente no sector agrícola. A empresa dispõe actualmente de 23 mil hectares de terrenos destinados à produção, a partir de 2010, de soja, girassol e milho, matérias-primas destinadas ao biodiesel.
Martifer deve ter menos lucros mas melhora operacionais
O lucro líquido da Martifer terá descido 18% para uma média de 4,1 milhões de euros no primeiro semestre de 2008, perante um agravamento dos encargos financeiros e um aumento dos impostos, segundo as estimativas de três analistas feita pela Reuters. As receitas totais terão subido 80,2% para uma média de 377,8 milhões e os resultados antes de impostos, juros, amortizações e depreciações (EBITDA) deverão ter subido 162,7% para um valor médio de 28,9 milhões de euros. No primeiro semestre de 2007, a Martifer reportou lucros de 5 milhões de euros, proveitos totais de 209,6 milhões e um EBITDA de 11 milhões. “Neste conjunto de resultados, o importante é acompanhar o desenvolvimento positivo que tem vindo a registar o EBITDA e eventuais anúncios que a empresa possa fazer relativamente a parques eólicos em construção”, afirmou Rui Guedes, analista da ES Research.
EDP reforça produção de electricidade no Brasil
A EDP estreou-se no mercado brasileiro há mais de uma década. Começou pela área da distribuição, mas rapidamente sentiu necessidade de alargar à produção para equilibrar o risco regulatório. Com o recente controlo da Investco, a qual gere a barragem do Lageado garantiu um aumento de 70% dos activos no segmento da geração de energia. A sua capacidade instalada passou de mil megawatts para 1.700 megawatts (MW). Possui ainda projectos de centrais a carvão e a gás natural e está agora de olhos postos nas eólicas, onde tem 216 MW em estudo no Nordeste e no Rio Grande do Sul, duas das regiões do mundo com maior potencial eólico. Para atacar o sector, criou uma parceria entre a Energias do Brasil e a EDP Renováveis e promete, à semelhança do que já foi feito na Europa e nos EUA, usar o Brasil como plataforma regional para se lançar nos mercados vizinhos das energias renováveis.
A Martifer
- A Martifer Renewables passa a estar presente em Portugal, Alemanha, Espanha, Polónia, Roménia, Ucrânia, Eslováquia, Estados Unidos, Brasil e Austrália.
- Tem cerca de 2,8 gigawatts (GW) em projectos. Em operação estão apenas 53 MW, recentemente adquiridos na Alemanha. Os restantes entrarão gradualmente em funcionamento, até 2013.
- Noutras áreas de negócio, como a construção de equipamentos e os combustíveis, a Martifer está ainda presente em Moçambique, Angola, Républica Checa, Irlanda, Tailândia, Grécia, Bélgica e Itália.
Diário Económico
A Martifer continua a reforçar a sua estratégia de internacionalização. Depois do Brasil – anunciou ontem a compra da Ventania, por 6,9 milhões de euros – a empresa de Oliveira de Frades prepara-se para dar os primeiros passos na Austrália, também na área eólica, onde já está presente através da Martifer Alumínios.
No início no Verão, a empresa assinou um acordo de princípio com o Macquarie Group com vista à identificação de projectos conjuntos no mercado das renováveis. E o acordo já está a dar frutos.
O Diário Económico sabe que Jorge Martins, vice-presidente da Martifer e responsável pela área de produção de energia, está a negociar com os australianos da Macquarie a compra de uma participação de 25% num dos maiores parques eólicos programados para este país. Segundo a imprensa australiana, o projecto, que está avaliado em 2,5 mil milhões de dólares (1,7 mil milhões de euros) e prevê a instalação de 1 GW (gigawatt), é actualmente controlado a 50% pelo grupo Macquarie. Parcela de capital que o Macquarie irá partilhar em 25% com a Martifer.
Para já, o Macquarie Group estabeleceu, no início do ano, um acordo com a alemã Epuron para o desenvolvimento do parque que prevê a instalação de 400 a 500 turbinas. A cumprirem-se os objectivos, o parque começará a ser construído no final de 2009, estimando-se que esteja operacional um ano mais tarde, altura em que terá capacidade para fornecer electricidade a cerca de 400 mil casas por ano ou o equivalente a 4,5% das necessidades energéticas da Nova Gales do Sul.
A Martifer está na Australia para ficar e ainda que não existam hoje grandes incentivos ao desenvolvimento das renováveis naquele país, a perspectiva é, ao que o Diário Económico apurou, que a atitude do governo de Camberra venha a mudar. Aliás, as eólicas são apenas um dos cenários que está a ser analisado pela equipa da Martifer que está no terreno, admitindo-se que a empresa venha a estender a presença a outras áreas como o solar.
Primeiros passos no Brasil
No Brasil, a Martifer Renewables, chegou a equacionar a hipótese de entrar neste mercado em parceria com a EDP. Mas enquanto continuam os contactos com o grupo de António Mexia, sem que haja, até agora, nada formalizado, Jorge Martins não quis perder a oportunidade.
Ontem confirmou a compra de 55% da Ventania, por 6,9 milhões de euros. A empresa brasileira dedica-se à promoção de projectos de geração eléctrica a partir de fontes renováveis e tem já dois parques eólicos em fase final de construção no nordeste do Brasil. Estas unidades, com uma capacidade instalada de 14 MW, devem entrar em funcionamento já em Outubro e produzir anualmente cerca de 61,2 GW.
A energia produzida será vendida à Electrobrás, no âmbito do PROINFA. Criado pelo governo brasileiro, este programa prevê a promoção de 300 MW em projectos de biomassa, pequenas mini-hídricas e eólicas, mas tem tido um sucesso limitado devido às condicionantes impostas, nomeadamente o facto de exigir uma taxa de incorporação nacional na ordem dos 60% e das dificuldades de aquisição de aerogeradores. Além disso, tudo o que o Brasil importa é onerado, incluindo as turbinas eólicas.
As condições de mercado foram, aliás, um dos motivos que condicionaram a entrada da Martifer no Brasil e que motivaram a aproximação à EDP.
Mas o Brasil não é terreno novo para a Martifer. Os primeiros passos foram dados pela Prio, a participada que gere o negócio dos biocombustíveis. Mais especificamente no sector agrícola. A empresa dispõe actualmente de 23 mil hectares de terrenos destinados à produção, a partir de 2010, de soja, girassol e milho, matérias-primas destinadas ao biodiesel.
Martifer deve ter menos lucros mas melhora operacionais
O lucro líquido da Martifer terá descido 18% para uma média de 4,1 milhões de euros no primeiro semestre de 2008, perante um agravamento dos encargos financeiros e um aumento dos impostos, segundo as estimativas de três analistas feita pela Reuters. As receitas totais terão subido 80,2% para uma média de 377,8 milhões e os resultados antes de impostos, juros, amortizações e depreciações (EBITDA) deverão ter subido 162,7% para um valor médio de 28,9 milhões de euros. No primeiro semestre de 2007, a Martifer reportou lucros de 5 milhões de euros, proveitos totais de 209,6 milhões e um EBITDA de 11 milhões. “Neste conjunto de resultados, o importante é acompanhar o desenvolvimento positivo que tem vindo a registar o EBITDA e eventuais anúncios que a empresa possa fazer relativamente a parques eólicos em construção”, afirmou Rui Guedes, analista da ES Research.
EDP reforça produção de electricidade no Brasil
A EDP estreou-se no mercado brasileiro há mais de uma década. Começou pela área da distribuição, mas rapidamente sentiu necessidade de alargar à produção para equilibrar o risco regulatório. Com o recente controlo da Investco, a qual gere a barragem do Lageado garantiu um aumento de 70% dos activos no segmento da geração de energia. A sua capacidade instalada passou de mil megawatts para 1.700 megawatts (MW). Possui ainda projectos de centrais a carvão e a gás natural e está agora de olhos postos nas eólicas, onde tem 216 MW em estudo no Nordeste e no Rio Grande do Sul, duas das regiões do mundo com maior potencial eólico. Para atacar o sector, criou uma parceria entre a Energias do Brasil e a EDP Renováveis e promete, à semelhança do que já foi feito na Europa e nos EUA, usar o Brasil como plataforma regional para se lançar nos mercados vizinhos das energias renováveis.
A Martifer
- A Martifer Renewables passa a estar presente em Portugal, Alemanha, Espanha, Polónia, Roménia, Ucrânia, Eslováquia, Estados Unidos, Brasil e Austrália.
- Tem cerca de 2,8 gigawatts (GW) em projectos. Em operação estão apenas 53 MW, recentemente adquiridos na Alemanha. Os restantes entrarão gradualmente em funcionamento, até 2013.
- Noutras áreas de negócio, como a construção de equipamentos e os combustíveis, a Martifer está ainda presente em Moçambique, Angola, Républica Checa, Irlanda, Tailândia, Grécia, Bélgica e Itália.
Diário Económico