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Ideia destacada no passado fim-de-semana por José Sócrates para a próxima legislatura não é eficaz nem vai aumentar o rendimento da classe média, consideram líderes de empresas. O socialista Henrique Neto disse: "Mais importante do que aumentar impostos é garantir que as pessoas declarem os rendimentos que têm", disse. E acrescentou: "Há empresários que não têm ordenados. E vivem do quê? Do sol?".
A proposta de José Sócrates de limitar as deduções fiscais dos mais ricos para aliviar a carga fiscal da classe média está a ser mal recebida por alguns empresários portugueses. Uns chamam-lhe "demagogia", outros duvidam da sua eficácia.
Alexandre Soares dos Santos, presidente da Jerónimo Martins (que detém o Pingo Doce e o Feira Nova), foi um dos primeiros a tecer duras críticas. Ontem, durante o Congresso da Associação Portuguesa das Empresas Familiares, apontou o dedo a José Sócrates, dizendo mesmo que a crise é agravada pela "demagogia intolerável do primeiro-ministro", quando diz que os ricos devem ajudar os pobres.Também o socialista Henrique Neto, presidente da Iberomoldes, classifica a medida como "eleitoralista" e "demagógica" e duvida da eficácia da proposta-bandeira de Sócrates para a próxima legislatura, caso ganhe as eleições. "Mais importante do que aumentar impostos é garantir que as pessoas declarem os rendimentos que têm", disse. E acrescentou: "Há empresários que não têm ordenados. E vivem do quê? Do sol?".
Ontem, no final do debate quinzenal no Parlamento, José Sócrates pouco mais adiantou sobre a medida anunciada este fim-de-semana. Em declarações aos jornalistas, afirmou que os cidadãos com "rendimentos mais elevados são hoje os que têm deduções fiscais na saúde e na educação que devem ser reduzidas" para que as classes médias possam pagar menos impostos.
E disse que apesar de não se considerar rico (ganha cinco mil euros por mês e desconta 42 por cento de IRS) deveria ter menos deduções fiscais. "Acho que, no meu caso, as deduções fiscais em termos de saúde e de educação devem ser menores do que aquelas que tenho actualmente", esclareceu.
Do lado dos empresários, Filipe de Botton, presidente da Logoplaste, acredita que esta penalização não trará, directamente, benefícios para as classes mais baixas. Escusando-se a comentar directamente a intenção do primeiro-ministro e secretário-geral do PS, o presidente da Logoplaste afirmou à Lusa que um aumento da taxação sobre os rendimentos mais elevados "não o choca". Contudo, a medida não vai "infelizmente" aumentar o rendimento da classe média. Mais do que tirar aos ricos para dar aos pobres, Botton defende políticas de impacto mais imediato, como a "redução de impostos indirectos que têm um efeito directo no aumento do consumo".
Mas há quem defenda que, "como princípio de solidariedade", a proposta de Sócrates faz todo o sentido. Gonçalo Quadros, presidente da tecnológica Critical Software, diz mesmo que esta pode ser uma boa medida de combate à crise, visto que ajudará a evitar a extensão de fenómenos de pobreza. Tudo depende da forma como for aplicada.
Identificar os ricos
"É preciso saber quem são os ricos; disso depende a eficácia da medida", realça. Para o presidente da empresa de Coimbra, só se houver um número razoável de pessoas a quem seja aumentada a taxação dos rendimentos será possível ajudar um conjunto de contribuintes ainda mais vasto.
"Uma medida como esta só pode ser entendida como excepcional para enfrentar um contexto excepcional", afirma, acrescentando que não resolve um problema mais sério: o da "desigualdade de rendimentos e o excesso de conforto da sociedade actual, que vive com mais do que aquilo que produz".
No Parlamento, José Sócrates explicou que são as "pessoas com rendimentos mais elevados" - e não os "mais ricos", como tinha afirmado no sábado - aqueles contribuintes de IRS que serão alvo da redução de deduções.
A nova qualificação foi feita em resposta à deputada do Partido "Os Verdes", Heloísa Apolónia, que pediu ao primeiro-ministro para especificar a partir de que rendimento os contribuintes deveriam ser considerados como privilegiados.
Apesar da insistência, José Sócrates esquivou-se a dar mais pormenores sobre esse aspecto (e mesmo sobre a medida anunciada), alegando que a proposta estava a ser analisada e que tinha pedido a opinião de "muitos e variados especialistas". Sócrates apenas disse que estava contra o facto de aqueles que têm rendimentos elevados poderem deduzir mais do que os que apresentam rendimentos menores.
@ DN
A proposta de José Sócrates de limitar as deduções fiscais dos mais ricos para aliviar a carga fiscal da classe média está a ser mal recebida por alguns empresários portugueses. Uns chamam-lhe "demagogia", outros duvidam da sua eficácia.
Alexandre Soares dos Santos, presidente da Jerónimo Martins (que detém o Pingo Doce e o Feira Nova), foi um dos primeiros a tecer duras críticas. Ontem, durante o Congresso da Associação Portuguesa das Empresas Familiares, apontou o dedo a José Sócrates, dizendo mesmo que a crise é agravada pela "demagogia intolerável do primeiro-ministro", quando diz que os ricos devem ajudar os pobres.Também o socialista Henrique Neto, presidente da Iberomoldes, classifica a medida como "eleitoralista" e "demagógica" e duvida da eficácia da proposta-bandeira de Sócrates para a próxima legislatura, caso ganhe as eleições. "Mais importante do que aumentar impostos é garantir que as pessoas declarem os rendimentos que têm", disse. E acrescentou: "Há empresários que não têm ordenados. E vivem do quê? Do sol?".
Ontem, no final do debate quinzenal no Parlamento, José Sócrates pouco mais adiantou sobre a medida anunciada este fim-de-semana. Em declarações aos jornalistas, afirmou que os cidadãos com "rendimentos mais elevados são hoje os que têm deduções fiscais na saúde e na educação que devem ser reduzidas" para que as classes médias possam pagar menos impostos.
E disse que apesar de não se considerar rico (ganha cinco mil euros por mês e desconta 42 por cento de IRS) deveria ter menos deduções fiscais. "Acho que, no meu caso, as deduções fiscais em termos de saúde e de educação devem ser menores do que aquelas que tenho actualmente", esclareceu.
Do lado dos empresários, Filipe de Botton, presidente da Logoplaste, acredita que esta penalização não trará, directamente, benefícios para as classes mais baixas. Escusando-se a comentar directamente a intenção do primeiro-ministro e secretário-geral do PS, o presidente da Logoplaste afirmou à Lusa que um aumento da taxação sobre os rendimentos mais elevados "não o choca". Contudo, a medida não vai "infelizmente" aumentar o rendimento da classe média. Mais do que tirar aos ricos para dar aos pobres, Botton defende políticas de impacto mais imediato, como a "redução de impostos indirectos que têm um efeito directo no aumento do consumo".
Mas há quem defenda que, "como princípio de solidariedade", a proposta de Sócrates faz todo o sentido. Gonçalo Quadros, presidente da tecnológica Critical Software, diz mesmo que esta pode ser uma boa medida de combate à crise, visto que ajudará a evitar a extensão de fenómenos de pobreza. Tudo depende da forma como for aplicada.
Identificar os ricos
"É preciso saber quem são os ricos; disso depende a eficácia da medida", realça. Para o presidente da empresa de Coimbra, só se houver um número razoável de pessoas a quem seja aumentada a taxação dos rendimentos será possível ajudar um conjunto de contribuintes ainda mais vasto.
"Uma medida como esta só pode ser entendida como excepcional para enfrentar um contexto excepcional", afirma, acrescentando que não resolve um problema mais sério: o da "desigualdade de rendimentos e o excesso de conforto da sociedade actual, que vive com mais do que aquilo que produz".
No Parlamento, José Sócrates explicou que são as "pessoas com rendimentos mais elevados" - e não os "mais ricos", como tinha afirmado no sábado - aqueles contribuintes de IRS que serão alvo da redução de deduções.
A nova qualificação foi feita em resposta à deputada do Partido "Os Verdes", Heloísa Apolónia, que pediu ao primeiro-ministro para especificar a partir de que rendimento os contribuintes deveriam ser considerados como privilegiados.
Apesar da insistência, José Sócrates esquivou-se a dar mais pormenores sobre esse aspecto (e mesmo sobre a medida anunciada), alegando que a proposta estava a ser analisada e que tinha pedido a opinião de "muitos e variados especialistas". Sócrates apenas disse que estava contra o facto de aqueles que têm rendimentos elevados poderem deduzir mais do que os que apresentam rendimentos menores.
@ DN