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O papel da Intervenção precoce

Por Ana Cristina Bernardo, Psicóloga, Terapeuta Familiar e Profissional de Intervenção Precoce
Ouvir, entender e acompanhar... Se tivermos connosco uma criança que efectivamente tem algum problema de desenvolvimento, que fazer?
As crianças nunca serão iguais! Há as traquinas e as pacatas, as observadoras e as que andam sempre na lua, as tagarelas e as silenciosas, todas nos invadem, mesmo sem darmos conta. Conduzem-nos a repensar os nossos gestos e atitudes, a recordar passados e a questionar futuros, a inventar estratégias e a tomar consciência das nossas dúvidas.
Todos acreditamos que temos competências para cuidar e educar uma criança, mas… quando as temos connosco, percebemos o quanto temos de incertezas, o quanto erramos no dia a dia, e mesmo, o quanto desconhecemos de todo como fazer. Cada criança é um desafio às nossas capacidades educativas, mas também uma oportunidade para nos consolidarmos como adultos.
As crianças são hoje em dia vivenciadas com bastante ansiedade, pois são mais raras nas famílias, chegam mais tarde na vida dos pais, depois de mais anos de espera e são mais frequentemente pertencentes a fratrias pequenas e inseridas em famílias não muito alargadas.
Se pensarmos que o tirar das fraldas ou o como reagir a uma birra, podem ser já acontecimentos dramáticos para alguns pais e educadores, então o que pensar se a nossa criança não estiver a desenvolver-se bem? Se tivermos connosco uma criança que efectivamente tem algum problema de desenvolvimento? Ou, se enquanto educadoras percebermos que esta criança deveria ser estimulada de forma mais intensiva para conseguir evoluir?
Nestas situações, o dramático, é mesmo o estar sozinho. Ou, ser confrontado com diversas opiniões, mas não ter interlocutores que nos ouçam e discutam connosco as nossas preocupações e necessidades. Muitas vezes seria importante apenas que nos tranquilizassem ou orientassem sobre o que fazer, ou ainda que pudéssemos falar com alguém que estivesse a viver uma situação semelhante à nossa.
Este será o papel das equipas de Intervenção Precoce. Um conjunto de profissionais, de várias áreas, abarcando a saúde, educação e intervenção social, e, que se dedicam a apoiar os adultos que têm a seu cargo crianças até aos 6 anos, com atraso de desenvolvimento ou em risco de o virem a concretizar. Desenvolvem a sua actividade junto das famílias ou instituições de infância, habitualmente de forma itinerante e gratuita, quer através de acções de estimulação das próprias crianças, quer de apoio aos pais e educadores, no sentido de melhor os capacitar para gerir todas as necessidades que surgem no percurso de vida destas crianças.
Destas equipas, é esperada competência para o trabalho com as famílias, mas também, com os profissionais de outras formações ou serviços de modo a que através da sua formação especializada e de uma rede alargada de suporte, sejamos todos capazes de ver para além da problemática imediata da criança e se concretize o seu direito à inclusão social.
Assim, pais e educadores saibam que existem profissionais vocacionados para vos apoiar, que existem hoje conhecimentos científicos e ajudas técnicas à medida das necessidades das crianças e que todos sabemos que é através de um trabalho em rede que melhor se ajuda famílias e crianças a crescer. Procure pela Intervenção Precoce nos serviços de Saúde ou de Educação da sua zona.
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