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Nobel da Economia para francês Jean Tirole

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Mistério desvendado: o último Nobel 2014 que faltava atribuir pela Academia Sueca é o da Economia e vai para o francês Jean Tirole, 61 anos, professor da Universidade de Toulouse.

A sua «análise do poder de mercado e regulação» fizeram com que Tirole fosse o galardoado deste ano com a distinção que começou a ser atribuída em 1969, embora os prémios Nobel da Medicina, Física, Química, Literatura e Paz existam desde muito antes, 1901.

A melhor forma de a Academia Sueca descrever o trabalho de Jean Tirole? «A ciência de domar as empresas poderosas». É isso que ela tenta compreender. «É um dos economistas mais influentes do nosso tempo. Fez importantes contribuições teóricas de pesquisa em várias áreas, mas acima de tudo esclareceu como compreender e regular as indústrias com algumas empresas poderosas»

Isto porque, se pensarmos bem, muitas indústrias são dominadas por um pequeno número de grandes empresas ou até por um único monopólio. Essa realidade não é, de resto, nada desconhecida de Portugal.

«Tais mercados, muitas vezes produzem resultados socialmente indesejáveis - preços mais elevados do que aqueles que deviam ser motivados pelos custos ou empresas não produtivas que sobrevivem através do bloqueio da entrada de novos e mais produtivos» concorrentes, explica a Academia .



Desde meados da década de 80 que Jean Tirole estuda estas questões. Autor de mais de 150 artigos e vários livros de referência, «deu uma nova vida» na investigação sobre «tais falhas de mercado». «A sua análise de empresas com poder de mercado fornece uma teoria unificada, com uma forte influência sobre questões políticas centrais: como deve o governo lidar com fusões ou cartéis, e como deve regular os monopólios?».



«Estou muito agradecido, muito mesmo» , afirmou, por telefone, Jean Tirole, durante a conferência de imprensa que teve lugar para anunciar o prémio.


Antes de Tirole, outros investigadores tinham tentado perceber quais os princípios gerais de todas as indústrias, defendendo políticas simples, como bloquear os preços para os monopolistas ou proibir a cartelização de preços, abrindo sim espaço à cooperação entre empresas com diferentes posições na cadeia de valor.

Tirole mostrou teoricamente que tais regras podem funcionar bem em certas condições, mas que podem ter efeitos mais negativos do que positivos. «Os preços máximos podem fornecer às empresas dominantes com fortes motivos para reduzir custos - uma coisa boa para a sociedade -, mas também pode permitir lucros excessivos - uma coisa má para a sociedade», realça a Academia.

«Cooperação em matéria de fixação de preços num mercado geralmente é prejudicial, mas cooperação em matéria de patentes pode beneficiar todos. A fusão entre uma empresa e o seu fornecedor pode incentivar a inovação, mas também pode distorcer a concorrência», nota ainda.


Resumindo, a melhor política de regulamentação ou de concorrência deve, segundo Tirole, «ser cuidadosamente adaptada às condições específicas de cada indústria». Jean Tirole apresentou um quadro geral sobre o assunto, com aplicação prática a uma série de indústrias, desde as telecomunicações à banca. « Com base nestas novas descobertas, os governos podem incentivar as empresas mais poderosas para se tornarem mais produtivas e, ao mesmo tempo, impedi-las de prejudicar os concorrentes e clientes».


Eis a teoria de Tirole. Nem de propósito, a União Europeia vê-se atualmente a braços com mudanças na regulação bancária, encetando um desde abril deste ano um mecanismo único de resolução dos bancos. O sistema único de supervisão já tinha sido aprovado pelos eurodeputados em setembro de 2013. Por outro lado, a troika, quando esteve em Portugal, impôs mudanças nas golden shares detidas pelo Estado em empresas, e exigiu mudanças nos setores mais protegidos, como a energia e as telecomunicações. O trabalho do novo Nobel da Economia tem, efetivamente, uma aplicação prática. E tem, sem dúvida, muito que ver com o que se passa em Portugal.




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