Luz Divina
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Nova descoberta sobre malária e a gravidez
Cientistas portugueses
Investigadores portugueses mostraram pela primeira vez que há zonas da placenta onde o fluxo sanguíneo é mais reduzido e que proporcionam a acumulação de parasitas da malária, o que poderá influenciar a infeção durante a gravidez.
A descoberta foi feita por investigadores do Instituto Gulbenkian de Ciência, que observaram pela primeira vez, a circulação sanguínea na placenta de rato e mostraram como esta pode influenciar o comportamento do parasita da malária e a infeção.
O estudo foi publicado na última edição da revista científica PLOS Pathogen e foi desenvolvido por uma equipa de investigação liderada por Carlos Penha‐Gonçalves.
Os resultados revelam uma maior acumulação de parasitas (que infetam os glóbulos vermelhos) nas regiões da placenta que apresentam baixo fluxo sanguíneo, sendo estas áreas mais propensas a uma resposta inflamatória.
Esta acumulação local de glóbulos vermelhos infetados com o parasita deve-se à interação com uma molécula existente no tecido placentário.
Em resposta, as células da placenta produzem substâncias que recrutam células inflamatórias que, por sua vez, contribuem para lesões na placenta que podem afetar o desenvolvimento do feto.
A malária durante a gravidez pode provocar abortos, nados-mortos, prematuridade, atraso no crescimento uterino e baixo peso ao nascer.
Luciana Moraes, investigadora do laboratório de Carlos Penha‐Gonçalves, desenvolveu um sistema experimental que permitiu a observação do fluxo sanguíneo na placenta de rato, ao vivo.
Através de uma técnica de microscopia foi observada a placenta de um rato vivo injetado com uma substancia fluorescente para corar o sangue.
Dessa forma foi possível identificar o tecido placentário e o sangue materno, tendo-se observado pela primeira vez que a circulação sanguínea na placenta é heterogénea: existem áreas em que o sangue flui velozmente enquanto noutras regiões a velocidade do fluxo é consideravelmente reduzida, aproximando-se à ausência de fluxo.
De seguida, os investigadores inocularam ratos fêmeas grávidas com glóbulos vermelhos infetados com o parasita da malária Plasmodium berghei, que expressa uma cor diferente, e examinaram o comportamento do parasita dentro da placenta.
A conclusão é que em áreas com maior fluxo sanguíneo o parasita nunca para de se deslocar, o que não lhe permite interagir com o tecido da placenta.
No entanto, nas regiões de menor fluxo os parasitas acumulavam-se, fruto da interação com a molécula do tecido placentário.
Perante esta acumulação, as células da placenta e do sistema imune engolfam os glóbulos vermelhos infetados, numa tentativa de eliminar o parasita.
As observações dos investigadores também sugerem que os próprios movimentos do tecido da placenta podem controlar o fluxo sanguíneo.
Resta agora “explorar se um processo semelhante acontece na placenta de humanos, tendo em consideração que a microcirculação na placenta humana é bastante diferente”, afirma Carlos Penha-Gonçalves.
Só a partir daí se poderão começar a planear terapêuticas.
Este estudo teve a colaboração de investigadores da Universidade de Vigo, Espanha, e foi financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia.
impala