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O Plano de Franco para conquistar Portugal

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Em Dezembro de 1940, a Espanha de Franco preparou um exército de 250.000 homens para conquistar Lisboa.

O historiador espanhol Manuel Ros Agudo revelou recentemente um plano de invasão militar de Portugal pela Espanha de Franco, no início da II Guerra Mundial. O plano foi elaborado no contexto de uma quase certa guerra com a Grã-Bretanha. Para tanto, Madrid tratou de preparar um ataque surpresa a Gibraltar, a que - segundo os estrategos espanhóis - Londres responderia pela ocupação das Canárias e por um desembarque em Portugal, visto como testa-de-ponte da invasão da Península Ibérica. O Estado-Maior militar de Franco preparou então uma vasta manobra de antecipação, que passaria pelo ataque a Gibraltar e por uma "invasão preventiva" de Portugal.

A invasão seria precedida de um ultimato, com um prazo praticamente impossível de cumprir e que o historiador calcula que seria de 24 a 48 horas. Os termos da invasão fazem parte do Plano de Campanha nº 1, um estudo de 120 páginas, elaborado pela Primeira Secção, de Operações, do Alto Estado-Maior (AEM) durante a segunda metade de 1940. O plano foi apresentado a Franco a 18 de Dezembro. O objectivo final da invasão, por terra, mar e ar, era ocupar Lisboa e o resto da costa portuguesa. Em termos de efectivos do Exército, seriam mobilizadas 10 divisões de infantaria e 1 de cavalaria, 4 regimentos de carros de combate, 8 grupos de reconhecimento e 8 regimentos mistos de infantaria - num total de 250.000 homens. Ou seja: o dobro dos meios humanos de que Portugal poderia dispor.

O desequilíbrio era tal que, ao máximo de cinco divisões que Portugal poderia organizar, a Espanha responderia, logo à partida, com 25 divisões. A Força Aérea Espanhola, por seu turno, participaria com 5 grupos de bombardeamento e 2 de caça, 2 esquadrilhas de reconhecimento, 4 esquadrilhas de caças Fiat CR-32 e 2 grupos de assalto. Para tanto, as autoridades de Madrid contavam com o apoio quer da Alemanha quer da Itália. À Marinha Espanhola estaria reservada uma missão de menor relevo, já que se temia uma forte reacção da poderosíssima Armada britânica, que não deixaria de apoiar Lisboa.

As forças espanholas seriam organizadas em dois exércitos, que actuariam a norte e a sul do Tejo:
- O primeiro avançaria ao longo da linha Guarda, Celorico da Beira, Coimbra e Lisboa;
- O segundo, pela linha Elvas, Évora e Setúbal.
O objectivo fixado pelo plano de operações era ocupar rapidamente Lisboa e dividir o país em três partes, por forma a facilitar a conquista de todo o território.

Sabe-se como a II Guerra Mundial não confirmou os receios de Espanha, que tal como Portugal, acabou por não entrar directamente no conflito. Assim, o referido plano foi arquivado, permanecendo em segredo durante 68 anos, até que o historiador Manuel Ros Agudo o revelou no livro "A Grande Tentação" (ed. Styria). O autor explicou ao Expresso que o plano da invasão é uma novidade absoluta, já que ficou guardado em segredo até hoje. Ros Agudo adiantou que há um exemplar do plano no arquivo do Estado-Maior da Defesa e outro no arquivo pessoal de Franco. O autor diz não possuir dados que lhe permitam saber quais os planos políticos posteriores à invasão.

Um episódio temporário ou uma absorção? Agudo transcreve uma conversa de Setembro de 1940, em Berlim, na qual o ministro dos Assuntos Exteriores de Espanha, Serrano Súñer, disse ao homólogo alemão, Ribbentrop, que, "ao olhar para o mapa da Europa, geograficamente falando, Portugal não tinha direito a existir". Agudo admite que "Madrid não via com maus olhos uma integração ibérica de Portugal em Espanha".

Fonte: Expresso.

Hitler salvou-nos de ataque espanhol

Investigador espanhol divulga provas documentais de que Franco quis invadir Portugal no começo da II Guerra Mundial.

Há muito que se suspeitava que a Espanha franquista projectara invadir Portugal. Primeiro, os falangistas vitoriosos desafiaram o caudilho a fazer um passeio triunfal até Lisboa, em Março de 1939. Depois, com a II Guerra Mundial, Franco aproximou-se perigosamente de Hitler. Contudo, faltavam provas credíveis dessas intenções.

Graças ao investigador espanhol Manuel Ros Agudo, confirma-se que, em Dezembro de 1940, Portugal esteve a um passo de ser invadido. O documento dos arquivos da Fundação Francisco Franco, descoberto em 2005, é precioso, comentou ao Expresso o historiador Fernando Rosas. "Prova que os espanhóis não só tinham um plano de invasão, como o tencionavam executar à margem dos alemães". Datado de Dezembro de 1940, o Plano de Campanha nº 1, elaborado pelo Estado-Maior Espanhol, foi apresentado por Ros Agudo numa conferência no Instituto de Defesa Nacional. Em 120 páginas, previa-se um ataque-surpresa, levado a cabo por uma força de 250.000 homens, coordenado com uma ofensiva hispano-germânica sobre Gibraltar (Operação Félix). A invasão de Portugal destinava-se a impedir que os britânicos reagissem, ocupando os portos do seu velho aliado.

Portugal opta pela neutralidade

Franco parecia não ter pejo em invadir um país que o apoiara logisticamente durante a Guerra Civil (1936-1939), e com quem celebrara um Pacto de Amizade e Não-Agressão, em 1939. Anos antes, na prestação de provas para o generalato, a sua tese fora um plano de invasão de Portugal. Desde Março de 1939 que Salazar enviara o embaixador Teotónio Pereira para junto de Franco, para contrariar a influência dos falangistas pró-ibéricos junto do ditador. Quando a guerra começa, Portugal opta pela neutralidade e a Espanha pela não-beligerância.

A 23 de Outubro de 1940, após a queda da França, Franco e Hitler encontraram-se em Hendaya. Em troca da entrada na guerra, Franco pedia Gibraltar, o Marrocos francês, parte da Argélia, a ampliação da Guiné espanhola e Fernando Pó, explicou ao Expresso Ros Agudo. As pretensões imperiais de Franco colidiam com os domínios coloniais franceses. Hitler não quis hipotecar o colaboracionismo do marechal Pétain. Hitler salvou a Espanha de entrar na guerra, e indirectamente, salvou Portugal de ser invadido. Para o historiador, só meia dúzia de pessoas saberia do plano: Franco e os seus mais directos colaboradores. Nem Hitler nem Mussolini sabiam, diz o autor de "A Grande Tentação: O Plano de Franco para Invadir Portugal" (Casa das Letras, 2009).

O desejo constante da anexação

Este professor de História Contemporânea na Universidade CEU San Pablo de Madrid, justifica o plano por razões defensivas e não anexionista, no contexto da II Guerra. Mas para Fernando Rosas, tal como o perigo espanhol é uma ideia sempre presente no nosso imaginário, a anexação de Portugal é uma constante na cultura da elite espanhola, desejosa de corrigir os lapsos que, nos séculos XIV e XVII, tinham permitido a independência de Portugal.

A Guerra Civil espanhola exacerbou estes sentimentos. Em Lisboa, o perigo espanhol foi agitado por Salazar para dizer que o desígnio ibérico dos vermelhos era a maneira de o velho perigo espanhol, agora sob a bandeira do comunismo, engolir Portugal. Mas a propaganda anexionista da Falange também inquietava o ditador português, ao ponto de, no discurso de celebração da vitória franquista, na Assembleia Nacional, a 22 de Maio de 1939, se limitar a dizer: "Ganhámos. Eis tudo!".

Como recorda Ros Agudo no seu livro, um ano depois, os falangistas da Divisão Azul, enviada para a frente russa, cantavam: "Só esperamos a ordem/que nos dê o nosso General/para apagar a fronteira/de Espanha com Portugal". Conclui Fernando Rosas: "Costumo dizer aos meus alunos que Portugal manteve a neutralidade por vários factores: servia à Grã-Bretanha, serviu ao Eixo em certa altura, servia às elites económicas portuguesas. Mas tivemos sorte quando os alemães em 1941 foram para a Jugoslávia e depois para a URSS. E porque Franco não entrou na guerra".

Texto publicado na edição do Expresso de 31 de Outubro de 2009.

Operação Isabella – A invasão de Portugal

Caso se tornasse necessária a ocupação militar de Portugal - país neutral no conflito -, visando evitar que a Grã-Bretanha ali posicionasse uma sólida base militar, os planos da Operação Isabella previam que seria executada por três divisões alemãs, apoiadas por parte do Exército Espanhol:
- Uma blindada, que partindo de Cáceres, executaria uma penetração em profundidade ao estilo da BlitzKrieg e atacaria os portos de Lisboa e Setúbal, evitando assim a hipótese de a Grã-Bretanha usar portos de águas profundas para envio de reforços;
- Uma de infantaria motorizada, que partindo de Valhadolid, atacaria o Norte de Portugal, e inflectindo para o sul, ameaçaria a retaguarda das forças portuguesas que defendiam Lisboa e a margem norte do rio Tejo;
- Outra de infantaria ligeira, que partindo de Sevilha, avançaria pelo Algarve, controlando todo o litoral Português e inflectindo na direcção de Lisboa, completaria o cerco à Capital Portuguesa.
Tropas Espanholas efectuariam a protecção de flancos, e após a retirada das tropas alemãs, a posterior ocupação do território.

Nesta eventualidade, o Estado-Maior do Exército Português, pretendia seguir as linhas principais do Plano Geral de Defesa do Território, elaborado em 1916:
- Uma força de 4 a 5 divisões cobriria toda a fronteira com a Espanha: as Tropas de Fronteira.
- Por detrás desta primeira linha de defesa, que manteria a ordem na fronteira e retardaria qualquer incursão militar, agrupar-se-iam 8 a 10 divisões de linha, com a missão de colmatar eventuais brechas e defender a integridade territorial nacional.
Só que o plano original de defesa, tinha sido elaborado em 1916 para a Primeira Guerra Mundial, e em 1940 a realidade política e a maneira de fazer a Guerra, eram totalmente diferentes. Embora em termos teóricos, Portugal pudesse colocar em prontidão um Exército de 400.000 homens, agrupados em 15 divisões e tropas auxiliares, por dificuldades financeiras, falta de oficiais e de equipamento, apenas 3 divisões com 50.000 soldados estavam disponíveis.

Dados da Força Armada Portuguesa em 1940:
- Exército extremamente reduzido;
- Indústria militar insignificante;
- Inexistência de veículos blindados e meios de transporte motorizados;
- Artilharia, tácticas militares e organização ao nível da Primeira Guerra Mundial;
- Munições para apenas 4 dias de combates efectivos;
- Marinha de Guerra com apenas 5 contratorpedeiros, 6 avisos coloniais e 3 submarinos como unidades modernas;
- Força Aérea com apenas 60 aviões de 1ª linha.
Todo este conjunto de condições fez com que o plano militar de Defesa Português, até Setembro de 1943, praticamente se limitasse a acções de retardamento pela destruição de pontes, caminhos-de-ferro, e minagem de estradas, com um recuo sistemático das tropas portuguesas até Lisboa, onde seria efectuada uma última resistência, enquanto o Governo retiraria, sob protecção da Marinha Inglesa, para Ponta Delgada, na ilha de São Miguel (Açores), que passaria a ser a nova capital portuguesa e de onde a luta continuaria, pois apesar de um cessar-fogo no continente ocupado, tanto o governo de António de Oliveira Salazar como o Estado-Maior das Forças Armadas Portuguesas, não tencionavam assinar qualquer capitulação militar.

Só a partir de Setembro de 1943, após a assinatura do acordo da cedência de bases estratégicas nos Açores, com a chegada de maciças quantidades de material de guerra moderno - blindados, artilharia antiaérea e anticarro, sistemas anti-submarino, e esquadrilhas de aviões de caça modernos como Supermarine Spitfires e Hawker Hurricanes - puderam ser mobilizados corpos de exército bem equipados, e a situação se alterou.
 
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