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"O Sétimo Selo", de José Rodrigues dos Santos, está a ser traduzido para Alemão

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O mais recente livro de José Rodrigues dos Santos, "O Sétimo Selo", deverá ser publicado na Alemanha no próximo ano, revelou à Lusa Bárbara Mesquita, tradutora e agente literária neste país do jornalista da RTP.

"Já comecei a tradução do livro, que decerto me dará muito prazer, e espero concluí-la a tempo e horas", acrescentou a tradutora alemã.

Na opinião de Bárbara Mesquita, o que levou a Editora Droemer, que já publicou na Alemanha o primeiro livro de José Rodrigues dos Santos, "A Filha do Capitão", a interessar-se pelo último trabalho do "pivot" da televisão pública foi o tema das mudanças climáticas, no contexto mais lato do apocalipse, ameaça mais temida pela humanidade.

O facto de José Rodrigues dos Santos ser uma figura mediática em Portugal, onde os seus livros têm sido grandes sucessos de vendas, não tem, na opinião da sua tradutora, "importância nenhuma" na Alemanha.

"Para a editora, o que interessa são sobretudo as hipóteses de êxito comercial, e, se conseguirmos isso com o Sétimo Selo, espero depois que decidam também comercializar os outros dois livros dele, "A Fórmula de Deus" e "Codex 632", referiu Bárbara Mesquita.

A tradutora destaca o facto de os seus contactos com José Rodrigues dos Santos para esclarecer dúvidas quanto à edição alemã terem sido sempre "muito agradáveis, por se tratar de uma pessoa acessível e sempre pronta para ajudar".

Foi o que sucedeu durante a tradução do primeiro livro para Alemão, A Filha do Capitão", com o título de "Die Französische Geliebte" (A Amante Francesa), trabalho conjunto de Bárbara Mesquita com as suas colegas Karin von Schweder-Schreiner e Marianne Gareis.

"A Filha do Capitão" conta-nos a aventura de um punhado de soldados do Corpo Expedicionário Português durante a I Guerra Mundial (1914-1918) nas trincheiras da Flandres, e a paixão impossível entre um oficial português e uma bela francesa.

O motivo para a tradução alemã ter sido feita a três foi a celeridade exigida pela editora para publicar o livro, surgido nos escaparates germânicos em Setembro de 2006.

"Embora não seja desejável um livro ser traduzido por várias pessoas, acho que saiu bem", sublinha Bárbara Mesquita.

"Tivemos muitas conversas com o autor - assinala - O romance baseia-se na tese de doutoramento dele, os livros que escreveu depois são mais ficcionados, em "A Filha do Capitão" ainda se nota muito pesquisa que fez sobre a guerra".

As minuciosas descrições a que José Rodrigues dos Santos recorreu na sua primeira obra literária obrigaram as tradutoras a fazer-lhe muitas perguntas, "mas o diálogo correu sempre bem", refere Bárbara Mesquita.

A experiente tradutora já verteu para Alemão outros autores de língua portuguesa, e confessa que um dos livros que mais gostou de traduzir ultimamente foi "Jaime Bunda", do angolano Pepetela, "por ser muito divertido".

De uma forma geral, porém, Bárbara gostou bastante de todos os autores lusófonos que traduziu, casos de Luís Fernando Veríssimo, Patrícia Melo ou, mais recentemente, "Mizé", de Ricardo Adolfo.

"É um livro que recorre a uma linguagem dos subúrbios de Lisboa, mais difícil de traduzir do que uma linguagem culta, mas acho-o muito bom, e uma crítica certeira à sociedade portuguesa", refere ainda.

Bárbara Mesquita confessa, no entanto, que a tradução literária, fianceiramente, não compensa, e só o seu amor pela Língua Portuguesa a leva por vezes a aceitar algumas encomendas.

"Na prática, acabo por financiar, digamos assim, as minhas próprias traduções literárias com traduções técnicas ou judiciais que faço, e são muito mais bem pagas", explica.

A forma como aprendeu Português foge também aos cânones tradicionais, porque não é todos os dias que uma jovem finalista que só tinha estudado Castelhano no liceu se mete numa camioneta de emigrantes em Hamburgo e vai para Portugal à aventura.

Corria então o ano de 1978, Bárbara tinha-se apaixonado pelo filho de uma família do Porto em casa de quem vivera anteriormente alguns dias com outras colegas, e ficou dois anos a residir na Cidade Invicta.

Depois, já casada, mudou-se com o marido português para Hamburgo. Ele ainda vive na segunda maior metrópole alemã, mas já estão separados há muito tempo.

"Erámos duas crianças, eu tinha 18 anos, ele tinha 19, queria conhecer a Alemanha, e como naquela época, a seguir à Revolução do 25 de Abril, era difícil arranjar emprego em Portugal, tentámos a sorte na Alemanha", conta Bárbara Mesquita.

A sua carreira de tradutora já vai longa, mas só ficará satisfeita quando conseguir realizar um dos seus sonhos, traduzir para alemão Vergílio Ferreira, o seu autor predilecto.

"Já o propus a várias editoras, é um autor que estimo muito, e ainda não está traduzido para Alemão, mas merecia bem", diz Bárbara Mesquita, que quase venera o autor de "Aparição".


FA.

Lusa/fim
 
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