billshcot
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Em Inglaterra é comum ver casas com jardins muito bem tratados, cujos donos se esmeram de tal forma que transcende um hobby e se torna numa obsessão. Em Portugal encontramos este tipo de obsessão noutra actividade: o tuning.
Como a jardinagem, a "arte" do tuning requer dedicação constante e objectivos a longo prazo. Isto poderia ser louvável se o tuning tivesse algum mérito intrínseco ou utilidade prática; só que não tem. Logo, trata-se apenas de uma mania parva.
O típico adepto do tuning enquadra-se geralmente nas categorias (ver posts anteriores) do Ayrton Senna e do Chico-esperto: quer seja um jovem que usa boné a qualquer hora do dia e da noite e ouve hip-hop aos berros ou um trintão com o "fascínio dos carros" que nunca saiu da adolescência, gosta sempre de dar nas vistas e de sentir-se especial. Como não é especial, tenta ultrapassar essa frustração através do seu carro, projectando nele a sua mediocridade.
Sem entrar em tretas psicomerdológicas que não fazem o tipo deste blog, basta dizer que são crianças grandes que substituíram os carrinhos de brincar por carros a sério como montra do seu desejo de atenção. Sempre que vejo um aileron, um escape despropositado, jantes bizarras, "saias" que não toleram um passeio, um subwoofer absurdo, autocolantes parvos, faróis extravagantes ou uma pintura de rally, sei imediatamente que estou perante um ser infantil e retardado.
Consigo até aceitar apreciadores de carros antigos que devotam o seu tempo a preservar clássicos; mas sou incapaz de compreender um palerma que artilha o seu carro contemporâneo da forma mais banal, suburbana e foleira que é possível, enquanto se julga o Rembrandt lá da rua. Um carro é um meio de transporte; quem vê nele mais do que isso precisa de rever as suas prioridades.
Dirão os mais atentos: "mas acrescentar algo artificial à nossa imagem, seja no carro, na roupa, nos gostos musicais, etc., não é exclusivo dos adeptos do tuning: todos queremos sentir-nos especiais, e o tuning é mais uma manifestação deste desejo de individualidade". Sem dúvida, mas os do tuning tende a ser dos mais irritantes. Fazem questão de berrar a sua pretensa individualidade aos ouvidos e olhos dos outros. Ignoram que a única individualidade reside no pensamento independente, em usar o que é realmente único - o seu cérebro - e não em bens transitórios como o seu carro.
O tuning não é uma arte, é uma treta. Decorar um carro banal com umas porcarias não tem nada de artístico - é apenas uma futilidade pacóvia. Se tem assim tanto tempo livre use-o em algo proveitoso: aprender um novo idioma ou, melhor ainda, ler e aprender a escrever no seu próprio idioma.
Obterá, garanto, maiores recompensas do que numa moda parola e totalmente inútil como o tuning. Ganhe juízo, deixe de brincar com bonecas-carros. Até as mulheres aprendem mais cedo ou mais tarde que o mundo não é feito de barbies.
Como a jardinagem, a "arte" do tuning requer dedicação constante e objectivos a longo prazo. Isto poderia ser louvável se o tuning tivesse algum mérito intrínseco ou utilidade prática; só que não tem. Logo, trata-se apenas de uma mania parva.
O típico adepto do tuning enquadra-se geralmente nas categorias (ver posts anteriores) do Ayrton Senna e do Chico-esperto: quer seja um jovem que usa boné a qualquer hora do dia e da noite e ouve hip-hop aos berros ou um trintão com o "fascínio dos carros" que nunca saiu da adolescência, gosta sempre de dar nas vistas e de sentir-se especial. Como não é especial, tenta ultrapassar essa frustração através do seu carro, projectando nele a sua mediocridade.
Sem entrar em tretas psicomerdológicas que não fazem o tipo deste blog, basta dizer que são crianças grandes que substituíram os carrinhos de brincar por carros a sério como montra do seu desejo de atenção. Sempre que vejo um aileron, um escape despropositado, jantes bizarras, "saias" que não toleram um passeio, um subwoofer absurdo, autocolantes parvos, faróis extravagantes ou uma pintura de rally, sei imediatamente que estou perante um ser infantil e retardado.
Consigo até aceitar apreciadores de carros antigos que devotam o seu tempo a preservar clássicos; mas sou incapaz de compreender um palerma que artilha o seu carro contemporâneo da forma mais banal, suburbana e foleira que é possível, enquanto se julga o Rembrandt lá da rua. Um carro é um meio de transporte; quem vê nele mais do que isso precisa de rever as suas prioridades.
Dirão os mais atentos: "mas acrescentar algo artificial à nossa imagem, seja no carro, na roupa, nos gostos musicais, etc., não é exclusivo dos adeptos do tuning: todos queremos sentir-nos especiais, e o tuning é mais uma manifestação deste desejo de individualidade". Sem dúvida, mas os do tuning tende a ser dos mais irritantes. Fazem questão de berrar a sua pretensa individualidade aos ouvidos e olhos dos outros. Ignoram que a única individualidade reside no pensamento independente, em usar o que é realmente único - o seu cérebro - e não em bens transitórios como o seu carro.
O tuning não é uma arte, é uma treta. Decorar um carro banal com umas porcarias não tem nada de artístico - é apenas uma futilidade pacóvia. Se tem assim tanto tempo livre use-o em algo proveitoso: aprender um novo idioma ou, melhor ainda, ler e aprender a escrever no seu próprio idioma.
Obterá, garanto, maiores recompensas do que numa moda parola e totalmente inútil como o tuning. Ganhe juízo, deixe de brincar com bonecas-carros. Até as mulheres aprendem mais cedo ou mais tarde que o mundo não é feito de barbies.