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Operação para conter guerra entre facções tem tiroteio em favelas da Zona Norte do Rio

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Na ação, um taxista e um agente do Bope foram baleados

Rio - A Polícia Civil, com apoio do Batalhão de Operações Especiais (Bope), realiza uma operação contra disputas territoriais entre traficantes do Comando Vermelho (CV) e do Terceiro Comando Puro (TCP) nas comunidades da Serrinha, Juramento, Campinho e Fubá, na Zona Norte, na manhã desta terça-feira (26). Segundo moradores, há intenso tiroteio também nas regiões do Ipase, Vila da Penha e arredores desde as primeiras horas do dia. Na ação, um taxista e um agente do Bope foram baleados.
Até o momento, os agentes prenderam três homens e apreenderam um fuzil e grande quantidade de drogas. Além disso, veículos foram recuperados e 18 seteiras destruídas.

Segundo a PM, no Conjunto do Ipase, equipes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) atuavam com objetivo de reprimir a atuação de criminosos. No local, os agentes foram atacados a tiros e um militar acabou ferido, sendo levado ao Hospital Estadual Getúlio Vargas. O estado de saúde dele é considerado estável. Na ocorrência, os agentes apreenderam uma pistola e munições.
Ainda durante o confronto, o taxista Robson L. Teixeira, de 49 anos, acabou baleado dentro do Carioca Shopping, na Vila da Penha. Ele está internado, com quadro estável, na mesma unidade de saúde do policial.

Nas redes sociais, relatos apontam que os disparos iniciaram antes das 6h e seguiram ao longo da manhã. Em outros pontos como a comunidade do Flexal, Vila Kosmos e o Complexo do Alemão também registraram troca de tiros.

De acordo com as investigações, as localidades se tornaram palco de confrontos armados entre as facções. De um lado, criminosos como Wallace de Brito Trindade, o "Lacoste", e William Yvens da Silva, o "Coelhão", expandem sua influência a partir da Serrinha. Do outro, o CV, sob a liderança de Edgar Alves de Andrade, o "Doca", promove ataques no Morro do Juramento.

Segundo a Delegacia de Repressão a Entorpecentes da Capital (DRE-CAP), os grupos vêm promovendo um cenário de guerra urbana, marcado pelo uso de armamento pesado, granadas, munições traçantes e explosivos.

Em maio deste ano, uma mulher de 56 anos foi morta por bala perdida no Morro do Juramento e, em junho, um trabalhador morreu no Morro do Fubá, atingido enquanto recolhia ferro-velho.

"Esses episódios somam-se a uma série de homicídios de criminosos e ataques recíprocos das facções que afetam diretamente moradores inocentes, obrigados a viver sob toque de recolher imposto pelo tráfico, com escolas e unidades de saúde paralisadas e a rotina do comércio local comprometida", diz a Polícia Civil.

A ação, que também conta com apoio do Departamento-Geral de Polícia Especializada (DGPE), faz parte da "Operação Contenção", uma vez que os conflitos ocorrem por conta de uma busca do Comando Vermelho por expandir sua atuação na Zona Oeste, ocupando a área que liga as duas regiões, entre Campinho e a Praça Seca.

Escolas e clínicas impactadas
Devido a operação, a Secretaria Municipal de Educação informou que quatro escolas interromperam o funcionamento na Serrinha, outras quatros nos morros do Juramento e Juramentinho, seis no Ipase e Vila Kosmos. Já nas regiões do Campinho e Morro do Fubá, as unidades atendem presencialmente.

Além disso, o funcionamento de cinco unidades de saúde em Vila Kosmos, Tomás Coelho, Madureira e adjacências foram afetados.

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, até o momento, quatro clínicas suspenderam o início do atendimento e avaliam a possibilidade de abertura nas próximas horas. Apenas uma mantém as portas abertas, com as atividades externas realizadas no território, como as visitas domiciliares, suspensas.

Lideranças na região

Wallace Brito Trindade, o Lacoste, é ligado ao TCP e chefia o tráfico no Complexo da Serrinha, em Madureira. Ele também é conhecido como Flamengo, WC ou Salomão. O Portal dos Procurados oferece uma recompensa de R$ 1 mil, por informações que levem a sua prisão.

Segundo informações do Disque Denúncia, a região, que integra as comunidades da Serrinha, Fazenda, Patolinha, São José e Dendezinho, tem a maior quantidade de armas e bocas de fumo de Madureira. Investigações apontam que centenas de fuzis e pontos de drogas rendem mensalmente mais de R$ 700 mil para o grupo, que domina todas as cinco favelas do complexo.

William Yvens da Silva Rios, o Coelhão, gerencia pontos de venda de drogas e seria um dos principais homens de confiança de Lacoste. Além disso, o traficante seria responsável por comandar os ataques aos Morros do Cajueiro e Congonhas, de facção rival, e também de praticar vários assaltos na região.

Edgar Alves de Andrade, o Doca ou Urso, é considerado um dos traficantes de alto escalão ainda em atividade no Comando Vermelho e um dos mais procurados do Rio. O grupo criminoso, intitulado como "Tropa do Urso", é responsável pela invasão a diversas comunidades da Zona Norte.

Com mais de 24 mandados de prisão em aberto, ele também é acusado de participação no desaparecimento de três meninos em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, em 2021. No inquérito, uma testemunha afirmou que ouviu de Wille de Castro, o 'Stala', um dos executores, dizer que tinha permissão de Doca para cometer o crime. 'Stala' foi morto pelas mãos do próprio Doca, após o caso ganhar repercussão nacional. Ele também teria torturado e assassinado outros envolvidos no crime.

Na mesma época em que houve a morte dos meninos de Belford Roxo ocorreu o feminicídio de Bianca Lourenço, 24 anos, na Penha. A polícia descobriu que ela foi morta pelo ex-namorado, Dalton Vieira Santana, traficante subordinado a Doca. Ele matou Bianca por ela não querer mais o relacionamento. A jovem foi torturada antes de morrer, após visitar uma amiga na comunidade.

Segundo a Justiça, Doca é apontado como responsável por ter autorizado o assassinato e fornecer as informações para o crime ser realizado. O traficante Doca também chegou a ser investigado pelo rapto do helicóptero, em setembro de 2021, que pretendia resgatar presos de Bangu.

O Dia
 
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