• Olá Visitante, se gosta do forum e pretende contribuir com um donativo para auxiliar nos encargos financeiros inerentes ao alojamento desta plataforma, pode encontrar mais informações sobre os várias formas disponíveis para o fazer no seguinte tópico: leia mais... O seu contributo é importante! Obrigado.

'Pai de acolhimento' encontra-se com menina russa após três anos de separação

florindo

Administrator
Team GForum
Entrou
Out 11, 2006
Mensagens
38,984
Gostos Recebidos
345
João Pinheiro, «pai de acolhimento» de Alexandra, a criança russa que foi entregue à mãe biológica pelo Tribunal de Guimarães há três anos, esteve na Rússia para se encontrar com a família da menina e «estabelecer um diálogo normal com ela».
«É impossível descrever o que vai dentro de mim. Nem quero acreditar que tenho os pés em Moscovo», declarou João Pinheiro à Lusa, depois de uma longa e atribulada viagem entre o Porto e a capital russa.
João Pinheiro tinha requerido junto do Consulado da Rússia em Lisboa um visto para entrar no país, mas foi-lhe várias vezes recusado.
«Não sei o que aconteceu desta vez, mas recebi o visto e aqui estou. Foram três anos a lutar por este momento e cá estou», frisou.
Como a família de Alexandra não se quis deslocar a Moscovo por motivos económicos, João Pinheiro lançou-se numa longa viagem até Pretchistoe, vila onde reside a menina, situada a mais de 360 quilómetros de Moscovo.
«Por essa menina, vou mesmo até ao fim do mundo. Vim aqui precisamente para isso. Quero abraçá-la, dar-lhe um beijo e entregar-lhe as prendas que trouxe», continua João Pinheiro, enquanto, através da janela do carro, olha para aldeias russas com enorme curiosidade.
Não sabendo como iria ser recebido, bateu à porta da velha casa da família de Natália Zarubina com um certo receio, mas não havia motivo para tal, pois foi recebido com a possível hospitalidade russa: abraços e beijos.
A "Xaninha" não estava em casa, andava a brincar com as amigas. Veio pouco depois e foi recebida por João Pinheiro com abraços e beijos, mas sem que respondesse em português a algumas das perguntas dele.
A menina dirigiu-se rapidamente para as prendas, prestando pouca atenção às conversas entre os adultos.
«A camisola de que gosta! E que estojo com perfumes bonitos! Mais uma camisa e meias bonitas!», exclama Alexandra entusiasmada, mas falando sempre em russo.
Em português apenas disse "obrigada!", mas só após a insistência da mãe.
Durante o almoço no restaurante local onde Natália ganha a vida como empregada de mesa, João Pinheiro contou como corria a vida da sua família em Portugal, tentando, ao mesmo tempo, apelar para as recordações de Alexandra sobre a sua vida passada, mas a menina raramente reagia, distraindo-se com outros afazeres.
Irrequieta e traquina, não tardou a insistir com a mãe para voltarem para casa, pois queria ir brincar com as amigas.
«Quando não está na escola, passa a vida a brincar na rua com as amigas. Não está parada», justifica Natália, mãe de Alexandra.
Rapidamente chegou a hora da despedida, pois João Pinheiro tinha ainda de regressar a Moscovo e as estradas russas não permitem grandes velocidades. Ida e volta é uma viagem de 11 horas
Ao distribuir beijos e abraços por todos os membros da família da Alexandra, desde o avô até ao padrasto, João Pinheiro propôs a Natália e ao marido que viessem passar o Natal e Ano Novo a Portugal.
«Está bem, nós vamos! Mas temos de tratar de passaportes e vistos, declarou Alexei, o padrasto da menina, dando a entender que há apenas um «pequeno» problema: a grave falta de dinheiro.
«Eu vou ajudar. Irei dar todo o apoio para vos ver lá em minha casa», retorquiu João Pinheiro.
O português não quis deixar a vila sem ver a Lúcia, cadela que acompanhou a menina para a Rússia. A coxear de uma das patas, o animal, que vagueia por Pretchistoe à procura de comida, saltou para João e começou a lamber-lhe as mãos e a pedir festas.
«Lúcia, Lúcia, ela reconheceu-me, não se esqueceu de mim», exclamou, sufocado por lágrimas e desviando-se de Alexandra e das outras pessoas para que não o vissem a chorar.
«Tentarei fazer tudo para ajudar esta família, e agora muito mais», concluiu João Pinheiro ao deixar para trás a vila de Pretchistoe.

Fonte: Lusa/SOL

 
Topo