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Pessoas que salvaram os Judeus

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Holocausto Judeu

O Holocausto Judeu foi um autêntico assassinato em massa de cerca de 6 milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial, considerado o maior genocídio do século XX. Este programa de extermínio étnico foi liderado por Adolf Hitler e pelo seu Partido Nazi, e ocorreu em todo o Terceiro Reich e nos territórios ocupados pelos alemães durante a guerra.
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Dos 9 milhões de judeus que residiam na Europa antes do Holocausto, cerca de dois terços foram mortos: mais de 1 milhão de crianças, 2 milhões de mulheres e 3 milhões de homens judeus morreram durante o período da guerra. Este programa de extermínio visava não apenas judeus, como outros grupos étnicos, políticos e sociais na Europa: ciganos, polacos, comunistas, homossexuais, prisioneiros de guerra soviéticos e deficientes físicos e mentais. Segundo estimativas recentes baseadas em números obtidos desde a queda da União Soviética em 1989, um total de cerca de 11 milhões de civis (principalmente eslavos) e prisioneiros de guerra foram intencionalmente mortos pelo regime nazi. Uma rede de mais de 40.000 instalações na Alemanha e nos territórios ocupados pelos nazis foi utilizada para manter, explorar e matar judeus e outras vítimas.

O número de vítimas seria muito maior se não fosse a coragem e a solidariedade de muitos dos anónimos que arriscaram as suas próprias vidas para salvar essas pessoas vítimas da descriminação racial, política e social. Casos de pessoas que foram escondidas em depósitos de carvão, atrás de paredes falsas, nos sótãos e porões das casas de vizinhos. Centenas de outras pessoas que corajosamente enfrentaram a morte a salvar judeus, mesmo não sendo da sua religião. Muitos eram católicos ou protestantes, e houve casos de famílias muçulmanas envolvidas no encobrimento de judeus.

Uma dessas pessoas corajosas era Halina, escritora, poetisa e tradutora, que viveu o terror nazi, de 1939 a 1945, com duas missões em mente: libertar sua Polónia amada dos alemães e ajudar os judeus a sobreviver a campanha nazi de aniquilação. Durante a guerra serviu como enfermeira, ajudou um grande número de judeus a escapar dos alemães, foi membro da resistência clandestina polaca contra os nazis, e foi detida como prisioneira de guerra depois do colapso da resistência. Halina relata sobre o contacto com organizações judaicas de muitos países, que vieram à Polónia anos depois da guerra, para comemorar o levantamento do Gueto de Varsóvia em 1943.
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O escultor judeu Nathan Rappaport esculpiu um monumento que
foi exposto em 1948. Feito de pedra, cada bloco celebra um indiví-
duo ou um evento no gueto de Varsóvia (Polónia).

Houve o homem de Praga que conseguiu um trabalho no gueto judeu de Varsóvia. A sua recompensa pelos esforços era uma tigela de sopa. Um dia, movido por um acto de compaixão irreflectido, ficou com um bebé recém-nascido de uma mãe cuja vida estava marcada para acabar na câmara de gás. Ele resolveu o problema de passar com a criança pelos guardas do gueto colocando-a numa grande mala que carregava para o seu trabalho. Felizmente, o bebé dormiu e foi levado à sua casa. O homem realizou sua perigosa missão, e hoje os beneficiários da sua coragem reverenciam a sua memória.

Outro caso é o de uma menina judia de 14 anos que ficou escondida no curral de porcos, enquanto seus pais conseguiram refúgio noutra cidade. Um dia, ela desejou ir ver seus pais, mas no seu caminho de volta, foi descoberta por um grupo de meninos polacos que imediatamente começaram a gritar: «judeu, judeu», o que significaria sua morte rápida e dolorosa caso as autoridades chegassem. A menina horrorizada sabia que correr de volta até aos seus pais poderia significar a descoberta e prisão deles. Felizmente, junto ao caminho fora da cidade havia uma grande cruz. Sem entender a importância total da sua atitude, a menina gritou: «Jesus, Jesus, ajuda-me». Quando os meninos ouviram-na chamar pela ajuda de Jesus, deixaram-na em paz. Assim, ela regressou ao curral e viveu lá até ao fim da guerra.

Noutro caso, um corajoso casal polaco abriu um buraco no chão da sua cozinha para esconder uma família de judeus. Quando a Gestapo estava na área, os judeus podiam escapar para dentro do abrigo e esperar até o perigo passar. Um dia, os agentes alemães entraram na casa acompanhados por um enorme pastor alemão. O cão era treinado para farejar lugares secretos em que poderia haver judeus escondidos. Felizmente, o casal tinha um pequeno cão que chamou a atenção do pastor alemão. Quando o cão da Gestapo aproximou-se do pequeno cão, este correu para fora da casa, perseguido pelo pastor alemão. Os agentes alemães encerraram a busca, e tanto a família polaca quanto os fugitivos judeus foram salvos.

Em Abril de 2005, foi homenageado numa cerimónia em Israel, um oficial do Exército da Alemanha Nazi, que salvou centenas de judeus do Holocausto nazis na Lituânia. O Major Karl Plagge abrigou cerca de 1,2 mil judeus numa oficina mecânica, salvando-os da morte. A restante população do gueto de Vilnius foi exterminada na Segunda Guerra Mundial.
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O major alemão, que morreu em 1957, foi homenageado no Memorial Yad Vashem, o Museu do Holocausto de Jerusalém. A sua história foi descoberta por um médico americano, Michael Good, que em 1999 começou a investigar quem havia sido o oficial nazi que salvou a sua mãe.

Por fim, temos o famoso Diário de Anne Frank, escrito entre 12 de Junho de 1942 e 1 de Agosto de 1944, durante a Segunda Guerra Mundial. Anne Frank, uma adolescente judia alemã, estava escondida com a sua família e outros judeus em Amesterdão, durante a ocupação nazi na Holanda. Anne Frank, com 13 anos de idade, conta no seu diário, a vida deste grupo de pessoas. Em 4 de Agosto de 1944, os agentes da Gestapo detiveram todos os ocupantes que estavam escondidos em Amesterdão. Separaram Anne de seus pais e levaram-nos para os campos de concentração.
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O Diário de Anne Frank foi entregue por Miep Gies ao seu pai Otto H. Frank após a morte de Anne Frank ser confirmada. Anne Frank faleceu no campo de concentração Bergen-Belsen, na Alemanha, no dia 31 de Março de 1945 quando tinha 15 anos. Otto foi o único dos escondidos que sobreviveu no campo de concentração. Em 1947, o pai decidiu publicar o diário. O diário está no Instituto Holandês para a Documentação da Guerra. O Fundo Anne Frank, na Suíça, ficou como herdeiro dos direitos da obra de Anne Frank.
 
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Príncipe Constantin Karadja (1889-1950)

Príncipe Constantin Jean Lars Anthony Demétrio Karadja, nasceu no dia 24 de Novembro de 1889, em Haia, na Holanda. A sua família era aristocrática e tinha raízes em Constantinopla, bem como entre os governantes da Valáquia, no século XVIII e XIX. Profundamente influenciado pela formação humanista que recebeu na Inglaterra, Constantin Karadj falava vários idiomas: inglês, francês, alemão, romeno, sueco, dinamarquês e norueguês, bem como latim e grego. Estabeleceu-se na Roménia em 1916, tendo-se naturalizado. Ingressou na carreira diplomática em 1920, servindo a Roménia em missões como cônsul em Budapeste (1921-1922), cônsul-geral em Estocolmo (1928-1930) e de Berlim (1931-1941).
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Constantin teve uma educação humanística e jurídica, dedicando atenção especial para a garantia dos direitos humanos ao longo de sua carreira. O príncipe se dedicou a proteger principalmente os cidadãos romenos, independentemente de etnia ou religião. Acredita-se que Constantin Karadja, como Cônsul Geral da Roménia em Berlim, entre 1931 e 1941, tenha salvado a vida de nada mais nada menos do que 51.000 pessoas. Para os salvar, Constantin emitiu centenas de vistos tanto para judeus romenos quanto para os não romenos durante a guerra. Pelas suas acções decisivas em favor dos judeus de nacionalidade romena, que também beneficiaram muitos outros judeus da Hungria, França e Alemanha, foi marcado pelas autoridades alemãs como uma "persona non grata".

No dia 7 de Março de 1941, Constantin desobedeceu a imposição feita por seu governo para começar a colocar uma indicação da religião nos passaportes de judeus romenos, temendo que a informação atrapalhasse quem tentasse fugir. Mais tarde, naquele mesmo ano, depois de ter sido nomeado Ministro dos Negócios Estrangeiros romeno, Constantin Karadja foi capaz de aprovar uma lei que protegia todos os romenos no exterior, sem distinção ou discriminação. Indo ainda mais longe, em 1943, convenceu o governo romeno a mudar sua postura pró-Alemanha.

Graças aos esforços de Constantin Karadj, foram salvos 600.000 judeus franceses, 10.000 judeus romenos, 51.000 judeus húngaros e algumas dezenas de judeus alemães devolvidos ou migraram para a Roménia, salvos de perseguições nazis. O seu trabalho era tão notável, que acabou por ser demitido e mais tarde, a Roménia recusou a pagar-lhe a pensão. Após a sua morte ocorrida em Dezembro de 1950, em Bucareste, na Roménia, foi homenageado postumamente em 2005, pelas suas acções, durante a cerimónia realizada na embaixada de israelita em Berlim.

 
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Carl Lutz: O Anónimo Herói Suíço

Se a Suíça foi acusada de excesso de neutralidade durante a Segunda Guerra Mundial, já o diplomata Carl Lutz foi acusado de salvar a honra da pátria. Como vice-cônsul em Budapeste, na Hungria, evitou que mais de 62.000 judeus húngaros subissem nos comboios rumo a Auschwitz. Antes da chegada do Terceiro Reich, em Budapeste, na Primavera de 1944, a comunidade judaica contava com 762.000 judeus. No final da guerra sobraram apenas 219.000 para contar a história. E boa parte dos sobreviventes deve a vida a Carl Lutz.
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Carl Lutz nasceu na Suíça em 1895, e depois de se formar nos Estados Unidos, ingressou no serviço diplomático suíço. Tornou-se diplomata de carreira e passou a maior parte da sua vida fora de seu país natal. Entre outras actividades, Lutz foi cônsul suíço na Palestina, 1935 e 1940. Nomeado vice-cônsul suíço em Budapeste no ano de 1942, Carl Lutz causou o maior rebuliço no seu país de origem quando ameaçou sua neutralidade, inventando uma carta de protecção que concedia esta neutralidade a judeus. Carl entregou estes modelos de carta a mais de 10.000 crianças judias, permitindo-lhes fugir. Quando os alemães tomaram o controlo da capital húngara, em 1944, Lutz conseguiu negociar a protecção de 8000 judeus locais. Explorando o acordo que havia criado, Lutz imediatamente começou a proteger 8000 famílias judias, ou seja, concedeu protecção à família inteira daqueles primeiramente amparados.

O vice-cônsul foi além, e instalou 76 casas seguras por toda a cidade, declarando-as solo suíço. Cerca de 3000 judeus estavam abrigados no único prédio. Com a ajuda da esposa Gertrude, salvou muitos judeus das marchas de morte e dos campos de extermínio. Seu exemplo foi seguido pela Embaixada Sueca, com a actuação do lendário Raoul Wallenberg, e de outras embaixadas de países neutros, como Portugal, Espanha, e o Vaticano.
[video=youtube_share;sdoQXTixEsM]http://youtu.be/sdoQXTixEsM [/video]
Dentro dessas casas protegidas, também funcionou a "Glass House" (Casa de Vidro), uma antiga
fábrica de vidro. Mais de 3000 judeus encontraram refúgio e protecção nessa antiga fábrica. A Casa
de Vidro funciona hoje como museu aberto aos visitantes interessados na história de Carl Lutz e das
suas actividades.
 

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Hiram Bingham IV (1903-1988)

Hiram Bingham IV servia como o Cônsul dos Estados Unidos em Marselha, na França, quando se deu a eclosão da Segunda Guerra Mundial. Numa tentativa de manter boas relações com a França de Vichy (o Estado francês entre os anos 1940 e 1944 basicamente era um fantoche sob a influência nazi dos vizinhos alemães), o governo dos Estados Unidos desencorajava seus diplomatas a ajudar refugiados. Harry foi uma excepção a esta regra desumana.

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Em 1940, Hiram emitiu ilegalmente um falso conjunto de documentos de viagem a Varian Fry, romancista norte-americano e membro do Comité de Resgate de Emergência. Com esses documentos de viagem, Varian Fry Mackey (1907-1967), jornalista americano, através de uma rede de salvamento em França, ajudou cerca de 2000 a 4000 pessoas contra o regime nazi e judeus a fugir da Alemanha.
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Jornalista norte-americano Varian Fry ajudou mais de 2000 judeus a escaparem de França.

No final de 1940, Hiram Bingham visitou os campos de concentração e emitiu ordens de protecção e vistos às pessoas que lá estavam. Estes campos incluíam Gurs, Le Vernet, Argelès-sur-Mer, Agde e Les Milles. Bingham concedia a cidadania àqueles que sofriam nos campos, colocando-os sob a protecção norte-americana. Em 1941, o governo dos Estados Unidos retirou Bingham de seu cargo e o transferiu para a Argentina, provavelmente apenas para tentar se livrar dele. Mais tarde, Bingham foi fundamental no apoio de busca de criminosos de guerra nazis, na Argentina.

Hiram Bingham não falou muito de suas actividades durante a guerra. Mesmo a sua própria família tinha pouco conhecimento delas, e até depois da morte de Bingham em 1988. Em 1991, a viúva de Bingham, Rose, e filho Thomas, encontraram na quinta Connecticut, documentos sobre a sua actividade em Marselha, e doaram ao Museu Memorial do Holocausto dos Estados Unidos. Vários anos depois, o filho mais novo de Bingham encontrou documentos no armário atrás de uma chaminé, ainda foram desenterrados documentos na quinta. Todos esses documentos falam da heróica ajuda de Bingham aos refugiados e judeus.

Curiosidades:

Seu pai, Hiram Bingham III foi o descobridor da cidade perdida Inca de Machu Picchu.

O seu bisavô Hiram Bingham I e o avô Hiram Bingham II foram os primeiros missionários para o Reino do Havai.
 
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Arcebispo Angelo Giuseppe Roncalli: Amigo dos Judeus

O arcebispo Angelo Giuseppe Roncalli, que mais tarde se tornou o Papa João XXIII, actuou como Delegado Apostólico na Turquia e Grécia. Angelo usou sua posição para ajudar o movimento clandestino judeu e salvar milhares de refugiados na Europa. Ele ainda auxiliou refugiados judeus que chegavam a Istambul (Turquia) a fugir para a Palestina ao arranjar dinheiro, transporte e suprimentos.
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Angelo ainda libertou um grande número de judeus dos campos de concentração Jasenovac e Serede, concedendo-lhes documentos falsos de baptismo. Em 28 de Outubro de 1958, foi eleito Papa, e mais tarde, foi o responsável por convocar o Concílio Vaticano II, que teve como objectivo renovar os ritos da Igreja Católica. O Papa João XXIII também eliminou a descrição dos judeus como enganosos na liturgia da sexta-feira santa e fez uma confissão em nome da Igreja pelo pecado do anti-semitismo.
 
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Angelo Rotta do Vaticano (1872-1965)

Como diplomata do Vaticano em Sofia, capital da Bulgária, Angelo Rotta salvou milhares de judeus por meio da emissão de certidões de baptismo falsas, que concediam a eles uma passagem segura para a Palestina. Apesar de ter praticado repetidas vezes esse crime, passível de ser punido com a morte pelos nazis, não parou por aí. Quando se tornou decano do corpo diplomático em Budapeste, na Hungria, condenou o holocausto.
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Rotta emitiu mais de 15.000 certificados de conduta segura, o que concedia neutralidade aos judeus. Angelo até mesmo visitou campos de trabalhos forçados e participou de marchas da morte para distribuir ainda mais certidões falsas de baptismo. Além disso, instalou pessoalmente e protegeu diversas casas seguras em toda a cidade de Budapeste para acolher aqueles que havia salvado.
 
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Selahattin Ulkumen (1914-2003)

O turco Selahattin Ulkumen era o Cônsul da Turquia em Rhodes, na Grécia, durante a Segunda Guerra Mundial. Tornou-se notável pela sua coragem e proeza, ao salvar 42 judeus para serem deportados pelos alemães nazis. No dia 19 de Julho de 1944, teve início na cidade de Rhodes, a deportação dos judeus para os campos de concentração. Rhodes tinha sido ocupada pelos alemães em 8 de Setembro de 1943. Em Julho de 1944, o general alemão Kleemann organizou a deportação dos judeus da cidade. Sabendo o destino dos judeus gregos e turcos para os campos de concentração nazis, Ulkumen conheceu Kleeman e exigiu a libertação de 42 cidadãos turcos, casados com cidadãos turcos. Inventou a existência de uma lei em que os cônjuges de cidadãos turcos são considerados cidadãos turcos também. Ulkumen exigiu que os judeus turcos que haviam sido reunidos para a deportação fossem libertados, uma vez que o governo turco não discriminava os direitos de protecção dos seus cidadãos. Finalmente, depois de muitos entraves burocráticos e com medo de fazer ainda mais inimigos, a Gestapo desistiu dos judeus, que em seguida, ficaram sob os cuidados e a protecção de Ulkumen.
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Em Agosto de 1944, quando a Turquia rompeu relações diplomáticas com a Alemanha, em represália, os alemães bombardearam a embaixada turca, matando a esposa grávida de Ulkumen e prendendo-o junto com sua equipa durante todo o resto da guerra. Ulkumen sobreviveu ao conflito e morreu em 2003. Depois de voltar à Turquia, Ulkumen continuou sua carreira diplomática. Em Junho de 1990, foi reconhecido pelo Yad Vashem como Justo entre as Nações.
 

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Friedrich Borns, da Cruz Vermelha da Suíça

Friedrich Born (1903-1963), delegado da Cruz Vermelha em Budapeste, capital húngara, entre Maio de 1944 e Janeiro de 1945. Born salvou milhares de judeus na cidade, e recrutou cerca de 3000 desses judeus para trabalhar no seu escritório, concedendo-lhes protecção, além de declarar várias casas seguras por toda a cidade e protegê-las por meio da Cruz Vermelha. Além de tudo isso, também distribuiu 15.000 documentos de protecção que impedia a deportação de judeus húngaros. No total, estima-se que Fredrich tenha sido o responsável por poupar a vida de 11.000 a 15.000 pessoas.
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Gilberto Bosques Saldivar: O Anjo Mexicano

Gilberto Bosques Saldivar (1892-1995), professor, jornalista, político e diplomata mexicano, é reconhecido como o "Schindler Mexicano", referindo-se ao empresário alemão Oskar Schindler, que salvou centenas de judeus do Holocausto nazi. Como cônsul do México em Marselha, na França de Vichy, tomou a iniciativa para resgatar dezenas de milhares de judeus e exilados republicanos espanhóis de serem deportados para a Alemanha ou Espanha.

Gilberto ordenou à sua equipa para emitir vistos a qualquer pessoa em busca de refúgio, na sua maioria judeus. Mais de 40.000 foram expedidos. Giberto chegou a alugar um castelo e uma casa de veraneio na cidade de Marselha para abrigar os refugiados sob a protecção do território mexicano. Em 1943, Saldivar e sua família, juntamente com 40 de seus funcionários, foram presos pela Gestapo e detidos por um ano. Foi libertado durante uma troca de prisioneiros entre o governo mexicano e alemão. O seu heroísmo permaneceu desconhecido para o mundo durante mais de 60 anos, até à sua morte ocorrida aos 103 anos, em 1995. Desde 2003, o seu reconhecimento internacional vem acumulando.
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Em 1944 descreveu seus esforços: "Segui a política do meu país, de apoio material e moral aos defensores heróicos da República Espanhola, os paladinos leais da luta contra Hitler, Mussolini, Franco, Pétain e Laval".
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Em 2010, um documentário sobre Gilberto Bosques Saldivar foi produzido no México, dirigido por
Lillian Lieberman, intitulado "Visa al Paraíso" (Visa ao paraíso)
 

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José Castellanos Contreras: A Esperança Judaica na América

José Arturo Castellanos Contreras (1893-1977), coronel do exército salvadorenho e diplomata, sendo cônsul de São Salvador na Suíça, trabalhou em conjunto com o empresário judeu-húngaro George Mandel (1901-1992), a salvar mais de 40.000 judeus da Europa Central de perseguição nazi, fornecendo-lhes documentos falsos de nacionalidade salvadorenha.

Trabalhando como Cônsul de São Salvador na Suíça, José começou a sua actividade ao conceder a um empresário judeu da região da Transilvânia, na Roménia, e a seus familiares, um visto para salvar a família inteira de um esquadrão da Gestapo que estava prestes a deportá-los. Depois tornou-se o Cônsul Geral de São Salvador em Genebra, em 1942. José passou a emitir milhares de vistos para refugiados judeus, permitindo-lhes fugir para o continente americano.
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Em 1944, a distribuição de documentos salvadorenhos tinha-se tornado uma produção em série: José ajudava grupos judaicos para que eles próprios pudessem produzir as falsificações ilegais e permitir que mais judeus fossem salvos. Nesse ano, percebeu que poderia fazer ainda mais, de modo que secretamente começou a emitir 13.000 certificados de cidadania salvadorenha para judeus da Europa Central.

O consulado salvadorenho foi o primeiro da América Latina a produzir esse tipo de documento contra a vontade de seus superiores e obviamente, dos nazis. Os judeus que possuíam o certificado ganhavam o direito de buscar refúgio com a Cruz Vermelha, além do próprio consulado suíço em Genebra. Os documentos foram os responsáveis por salvar milhares de judeus da extradição para os campos de extermínio nazis. Acredita-se que as acções de José Castellanos Contreras e sua equipa salvaram a vida entre 30.000 e 50.000 pessoas. Depois de regressar a São Salvador, Castellanos desapareceu na obscuridade e morreu em 1977.
 

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Aracy de Carvalho Guimarães Rosa: Anjo de Hamburgo

Aracy de Carvalho Guimarães Rosa (1908-2011) ganhou o nome de "Anjo de Hamburgo" por salvar centenas de judeus do nazismo, ignorando leis anti-semitas e conseguindo vistos que abriam caminho para refúgio no Brasil. Actos de coragem e de heroísmo se desenrolaram no consulado brasileiro da cidade alemã onde ela trabalhava no sector de passaportes e onde conheceu o diplomata e escritor João Guimarães Rosa, com quem se casou. Usou da sua posição para conceder vistos aos judeus de forma ilegal, ao ajudá-los a entrarem ilegalmente no Brasil durante o governo de Getúlio Vargas, entre os anos de 1939 e 1942.

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O chamado Anjo de Hamburgo não só fornecia vistos, como também ajudava os refugiados financeiramente e com suprimentos para a viagem ao Brasil comprados com o dinheiro de seu próprio bolso. Ela ainda abrigava alguns deles. Em 1938, entrou em vigor no Brasil, a Circular Secreta 1127, que restringia a entrada de judeus no país. Aracy ignorou a ordem oficial e continuou preparando vistos para os judeus, permitindo a entrada deles no país. Como despachava documentos com o Cônsul Geral, a paranaense, filha de pai português e mãe alemã, colocava os vistos entre a papelada para ser assinada. Para obter a aprovação dos vistos, Aracy simplesmente deixava de por neles a letra J, que identificava quem era judeu. Aracy viveu até aos 102 anos de idade, e faleceu apenas em 2011.
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Aracy de Carvalho Guimarães e o seu marido, João Guimarães Rosa, em Hamburgo,
na Alemanha.

Aracy também é conhecida por ter seu nome escrito no Jardim dos Justos entre as Nações, no Museu do Holocausto (Yad Vashem), em Israel, por ter ajudado muitos judeus a entrarem ilegalmente no Brasil durante o governo de Getúlio Vargas. A homenagem foi prestada em 8 de Julho de 1982. Também foi homenageada no Museu do Holocausto de Washington (E.U.A.).
 
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Luís Martins de Sousa Dantas: Oscar Schindler Brasileiro

Luís Martins de Sousa Dantas (1876-1954), sob o ofício de missão diplomática brasileira, na França, concedeu vistos para o Brasil a vários judeus e outras minorias perseguidas pelos nazis durante a Segunda Guerra Mundial, contrariando a política do governo Vargas.
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Em 10 de Dezembro de 2003, foi proclamado "Justo entre as Nações", título atribuído a pessoas que arriscaram suas vidas para ajudar os judeus perseguidos pelo regimes nazis e fascista, no Museu do Holocausto (Yad Vashem), em Israel. O resgate de sua história deve-se ao professor Fábio Koifman no seu livro "Quixote nas Trevas".
 

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Irena Sendler: O Anjo do Gueto de Varsóvia

Irena Sendler (1910-2008), também conhecida como "O Anjo do Gueto de Varsóvia," foi uma activista católica dos direitos humanos durante a Segunda Guerra Mundial, tendo contribuído para salvar mais de 2500 crianças ao conseguir que várias famílias cristãs escondessem filhos de judeus no seio do seu lar e ao levar alimentos, roupas e medicamentos às pessoas barricadas no gueto, com risco da própria vida.
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Irena Sendler "Anjo do Gueto de Varsóvia" (1910-2008)

Quando a Alemanha invadiu a Polónia em 1939, Irena era assistente social no Departamento de "Bem Estar Social" de Varsóvia. Trabalhava com enfermeiras e organizava espaços de refeição comunitários da cidade com o objectivo de responder às necessidades das pessoas que mais necessitavam. Graças a ela, esses locais não só proporcionavam comida para órfãos, velhos e pobres, como lhes entregavam roupas, medicamentos e dinheiro. Ali trabalhou incansavelmente para aliviar o sofrimento de milhares de pessoas, tanto judias como católicas.

Em 1942, os nazis criaram um gueto em Varsóvia, e Irena, horrorizada pelas condições em que ali se sobrevivia, uniu-se ao Conselho para a Ajuda aos Judeus, Zegota. Quando Irena caminhava pelas ruas do gueto, levava uma braçadeira com a estrela de David, como sinal de solidariedade e para não chamar a atenção sobre si própria. Pôs-se rapidamente em contacto com famílias, a quem propôs levar os seus filhos para fora do gueto, mas não lhes podia dar garantias de êxito. A única certeza era a de que as crianças morreriam se permanecessem lá. Muitas mães e avós eram reticentes na entrega das crianças, algo absolutamente compreensível, mas que viria a se tornar fatal para elas. Algumas vezes, quando Irena ou as suas companheiras voltavam a visitar as famílias para tentar fazê-las mudar de opinião, verificavam que todos tinham sido levados para os campos da morte.
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Ao longo de um ano e meio, até à evacuação do gueto no Verão de 1942, Irena conseguiu resgatar mais de 2500 crianças por várias vias: começou a recolhê-las em ambulâncias como vítimas de tifo, mas logo se valia de todo o tipo de subterfúgios que servissem para esconder as crianças em sacos, cestos de lixo, caixas de ferramentas, carregamentos de mercadorias, sacos de batatas, caixões, etc. Irena sonhava com o tempo de paz e da felicidade destas crianças. Queria que um dia pudessem recuperar os seus verdadeiros nomes, as suas identidades, as suas histórias pessoais e as suas famílias.

Concebeu então um arquivo no qual registava os nomes e dados das crianças e as suas novas identidades. Os nazis souberam dessas actividades e em 20 de Outubro de 1943, Irena Sendler foi presa pela Gestapo e levada para a prisão de Pawiak, onde foi brutalmente torturada. Era a única que sabia os nomes e moradas das famílias que albergavam crianças judias, suportou a tortura e negou-se a trair seus colaboradores ou as crianças escondidas. Quebraram-lhe os ossos dos pés e das pernas, mas não conseguiram quebrar a sua determinação. Foi condenada à morte, mas enquanto esperava pela execução, um soldado alemão levou-a para um interrogatório adicional. Ao sair, gritou-lhe em polaco "Corra!". No dia seguinte Irena encontrou o seu nome na lista de polacos executados. Os membros da Żegota tinham conseguido deter a execução de Irena subornando os alemães, e Irena continuou a trabalhar com uma identidade falsa.

Em 1944, durante a revolta de Varsóvia, colocou as suas listas em dois frascos de vidro e enterrou-os no jardim de uma vizinha para se assegurar de que chegariam às mãos indicadas se ela morresse. Ao acabar a guerra, Irena desenterrou-os e entregou as notas a Adolfo Berman, o primeiro presidente do comité de salvação dos judeus sobreviventes. Lamentavelmente, a maior parte das famílias das crianças tinha sido morta nos campos de extermínio nazis. De início, as crianças que não tinham família adoptiva foram cuidadas em diferentes orfanatos, e pouco a pouco, foram enviadas para a Palestina.

As crianças só conheciam Irena pelo seu nome de código "Jolanta". Mas anos depois, quando a sua fotografia saiu no jornal depois de ser premiada pelas suas acções humanitárias durante a guerra, um homem chamou-a por telefone e disse-lhe: "Lembro-me de seu rosto. Foi você quem me tirou do gueto". E assim começou a receber muitas chamadas e reconhecimentos públicos. Em 1965, a organização Yad Vashem de Jerusalém outorgou-lhe o título de Justa entre as Nações e nomeou-a cidadã honorária de Israel.

Em Novembro de 2003 o presidente da República Aleksander Kwaśniewski, concedeu-lhe a mais alta distinção civil da Polónia: a Ordem da Águia Branca. Irena foi acompanhada pelos seus familiares e por Elżbieta Ficowska, uma das crianças que salvou, que recordava como "a menina da colher de prata".

Prémio Nobel da Paz seria para Irena Sendler

Irena Sendler foi apresentada como candidata para o prémio Nobel da Paz pelo governo polaco. Esta iniciativa pertenceu ao presidente Lech Kaczyński e contou com o apoio oficial do Estado de Israel através do primeiro-ministro Ehud Olmert, e da Organização de Sobreviventes do Holocausto residentes em Israel. As autoridades de Auschwitz expressaram o seu apoio a esta candidatura, já que consideraram que Irena Sendler era um dos últimos heróis vivos da sua geração, e que tinha demonstrado uma força, uma convicção e um valor extraordinários frente a um mal de uma natureza extraordinária. O prémio, no entanto, foi dado a Al Gore pela sua defesa do meio-ambiente.

Filme
[video=youtube;5-LoJzqC3Ps]https://www.youtube.com/watch?v=5-LoJzqC3Ps[/video]
Em 2009, a CBS produziu o filme The Courageous Heart of Irena Sendler que mostra os factos mais
importantes da luta de Irena. A intérprete de Sendler, Anna Paquin, foi indicada ao Globo de Ouro de
2010.

Curiosidade:

No colchão de palha da sua prisão, Irena Sendler encontrou uma pequena estampa de Jesus Misericordioso com a inscrição: "Jesus, em Vós confio", e conservou-a consigo até 1979, quando a ofereceu ao Papa João Paulo II.
 
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Oskar Schindler: A Esperança Judaica

Nasceu em 28 de Abril de 1908 em Zwittau na Morávia. Filho de um industrial bastante rico, Oskar Schindler cresceu numa família muito religiosa. A sua família de classe média católica pertencia à comunidade que falava alemão nos Sudetas. O jovem Schindler, que estudava engenharia, esperava seguir os passos do seu pai e tomar conta da fábrica de máquinas agrícolas. Casou aos 19 anos com Emilie Schindler depois de seis anos de namoro. Pouco depois, Schindler tornou-se alcoólico e começou a trair a sua mulher, tendo resultado no nascimento de duas crianças de outra mulher.
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Oskar Schindler e a sua esposa Emilie.

Alguns dos colegas e vizinhos amigos de Schindler eram judeus, mas não estabeleceu nenhuma amizade íntima e duradoura com nenhum deles. Tal como muitos dos jovens que falavam alemão dos Sudetas, ele inscreveu-se no partido alemão Konrad Henlein’s Sudeten, tendo-se inscrito no partido nazi depois da anexação alemã dos Sudetas em 1938. Schindler ficou sem trabalho quando os seus pais perderam o negócio durante a Grande Depressão, nos anos 30. Em Setembro de 1939, no início da guerra, parte para Cracóvia, na Polónia, onde encontra emprego como vendedor de máquinas. Na altura, com 31 anos de idade, Schindler encontra a cidade habitada por cerca de 60.000 judeus e sob a administração alemã, provando ser muito atractiva para os empresários alemães, que desejavam capitalizar as adversidades existentes no país ocupado. Naturalmente astuto e sem escrúpulos, Schindler apareceu, inicialmente, para alcançar algum sucesso por aqueles lados. Em Outubro de 1939, apropriou-se de uma fábrica até então proprietária de um judeu. Como resultado de algumas manobras, através do conselho comercial de um contabilista judeu polaco, Itzhak Stern, Schindler começou a construir a sua própria fortuna. Em Zablocie, arredores de Cracóvia, uma pequena fábrica de equipamento de cozinha para o exército alemão começou a crescer. Em apenas três meses, a fábrica já empregava cerca de 250 polacos, incluindo 7 judeus. No final de 1942, a fábrica expandiu-se para a produção de munições, ocupando cerca de 45.000 m2 e empregando quase 800 homens e mulheres. Destes, 370 eram judeus do gueto de Cracóvia, estabelecido pelos alemães depois de terem entrado na cidade.
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Desde cedo que Schindler adoptou um estilo de vida extravagante, divertindo-se à noite na companhia de altos oficiais das SS, assim como na companhia de uma mulher polaca bastante bonita. Em termos ideológicos, Schindler nunca desenvolveu qualquer resistência ideológica contra o regime nazi. No entanto, a sua crescente repulsa e horror relativamente à insensível brutalidade da perseguição nazi à população judaica provocou uma curiosa transformação no oportunismo imoral. Gradualmente, o seu objectivo egoísta de ganhar dinheiro passou para segundo plano, dando mais importância ao facto de pretender salvar o máximo de judeus das execuções nazis.

Uma das principais ferramentas de Schindler para a tarefa de salvar vidas prendia-se com facto da sua fábrica ser considerada como essencial para o esforço de guerra na Polónia ocupada. Tal não servia apenas para obter contratos lucrativos com os militares mas também para retirar alguns judeus da jurisdição das SS. Quando os seus empregados eram ameaçados com a deportação para Auschwitz por parte das SS, Schindler podia pedir para que fossem dispensados, argumentando que a sua deportação iria dificultar seriamente os esforços para manter a produção essencial para o esforço de guerra. Schindler não hesitou em falsificar os documentos, empregar crianças, mulheres e advogados como sendo experientes mecânicos. Para além disso, também foram protegidos trabalhadores sem qualificação ou temporariamente incapacitados. A Gestapo prendeu Schindler algumas vezes, tendo chegado a interrogá-lo sobre possíveis irregularidades e favorecimento de judeus.

Em Março de 1943, o gueto de Cracóvia foi liquidado, sendo os judeus que ainda restavam transportados para o campo de trabalhos forçados de Plaszóvia, nos arredores de Cracóvia. Schindler pediu ao brutal comandante do referido campo, que o deixasse estabelecer um campo secundário especial para os trabalhadores judeus da sua fábrica de Zablocie. Nesse local, era mais fácil de manter os judeus em condições relativamente toleráveis, fornecendo-lhes alimentos comprados com o próprio dinheiro no mercado negro.

No fim de 1944, Plaszóvia e todos os campos secundários tiveram de ser evacuados devido ao avanço dos russos. A maioria dos prisioneiros (mais de 20.000 homens, mulheres e crianças) foram enviados para os campos de extermínio. Ao receber ordem de evacuação, Schindler, que tinha conseguido aproximar-se do supremo comando do exército, tratou de obter autorização oficial para continuar a produção numa fábrica que ele e a sua mulher tinham estabelecido em Brünnlitz, nos Sudetas. Sendo assim, era suposto que todos os trabalhadores de Zablocie, aos quais já se tinham juntado grande parte dos trabalhadores do campo de Plaszóvia, fossem transferidos para a referida fábrica. No entanto, em vez de serem transferidos para Brünnlitz, 800 homens (entre os quais 700 judeus) e 300 mulheres da lista de Schindler, foram desviados para Gross-Rosen e para Auschwitz, respectivamente. Quando soube do sucedido, Schindler tratou de assegurar a libertação dos homens do campo de Gross-Rosen. Depois, enviou o seu secretário pessoal alemão a Auschwitz por forma a negociar a libertação das mulheres. Foi necessário pagar à Gestapo 7 marcos alemães por cabeça diariamente. Este foi o único caso na história do campo de extermínio da libertação de um grande número de prisioneiros na altura em que as câmaras de gás ainda se encontravam em funcionamento.

Uma das acções humanitárias mais notáveis levadas a cabo pelo casal Schindler envolveu 120 prisioneiros judeus de Goleszow, um dos campos secundários de Auschwitz. Os homens trabalhavam na fábrica de uma pedreira que pertencia à companhia sob a tutela das SS. Com a aproximação dos russos em Janeiro de 1945, foram evacuados para Goleszow e transportados em vagões para gado sem comida nem água. Após sete dias de caminho em pleno Inverno, os guardas das SS estacionaram os vagões às portas de Brünnlitz. Emilie Schindler foi a tempo de impedir que o comandante das SS do campo ordenasse que o comboio voltasse para trás. Schindler, que tinha regressado ao campo depois da procura de comida no exterior do campo, teve alguma dificuldades em convencer o comandante de que precisava urgentemente das pessoas que se encontravam encerradas no comboio para a fábrica. Quando os vagões foram finalmente abertos, foram descobertos quase 30 corpos congelados. Schindler percebeu que o comandante planeava incinerar os desafortunados num dos fornos da fábrica. Schindler conseguiu que fossem cremados de acordo com os rituais religiosos judaicos numa parcela de terreno perto de um cemitério católico, que tinha sido comprado especialmente para esse fim. Os restantes 107 sobreviventes, terrivelmente enregelados e assustados, tiveram tratamento médico.

Nos últimos dias de guerra, mesmo antes da entrada do exército russo na Morávia, Schindler conseguiu ir para a Alemanha, em território controlado pelos Aliados. O magnata industrial do tempo de guerra encontrava-se então sem um único centavo. No entanto, organizações de judeus e grupos de sobreviventes apoiaram-no nos anos seguintes, ajudando a financiar (a longo prazo, mal sucedido) a sua emigração para a América do Sul. Quando Schindler visitou Israel em 1961, a primeira das suas 70 visitas, foi recebido e extremamente bem tratado por 220 sobreviventes. Ele continuou a viver parcialmente em Israel e na Alemanha. Depois da sua morte em Hildesheim, na Alemanha, em Outubro de 1974, os sobreviventes desolados apoiaram a transferência dos restos mortais de Schindler para o Cemitério Protestante de Jerusalém, em Israel. Emilie Schindler morreu a 5 de Outubro de 2001 e encontra-se enterrada na Alemanha.

A 18 de Julho de 1967, Yad Vashem decidiu reconhecer Oskar Schindler como um Honorável entre as Nações. No dia 24 de Junho de 1993, Yad Vashem decidiu reconfirmar a sua decisão original e estendendo o reconhecimento também para a mulher de Schindler, Emilie Schindler.

A Lista de Schindler

A Lista de Schindler, filme norte-americano que fala sobre a vida de Oskar Schindler, um empresário alemão que salvou a vida de mais de 1000 judeus durante o Holocausto ao empregá-los na sua fábrica. O filme foi dirigido em 1993 por Steven Spielberg e escrito por Steven Zaillian, baseado no romance Schindler's Ark escrito por Thomas Keneally. Teve a participação de Liam Neeson, interpretando a personagem Oskar Schindler; Ben Kingsley como o contador judeu de Schindler Itzhak Stern e Ralph Fiennes como o oficial da SS Amon Göth.

O filme foi um sucesso de bilheteira e recebeu sete Óscares, incluindo Melhor Filme e Melhor Director, como também muitos outros prémios: incluindo 3 Globos de Ouro e 7 BAFTA. Em 2007, o American Film Institute elegeu o filme A Lista de Schindler como o oitavo melhor filme americano da história. É considerado pela crítica especializada como um dos melhores filmes já feitos.
[video=youtube_share;lEeT-Po-QEM]http://youtu.be/lEeT-Po-QEM[/video]
Este é o trailer original de A Lista de Schindler, lançado em Portugal pela Filmes Lusomundo, a distribuidora portuguesa. Steven Spielberg adquiriu os direitos do livro de Thomas Keneally em 1983, mas inseguro da sua maturidade, apenas decidiu avançar em 1992, após o genocídio na Bósnia e a projecção que várias pessoas estavam a receber por negarem a existência do Holocausto. O filme retrata a história do enigmático Oskar Schindler, um membro do partido nazi, mulherengo e especulador de guerra, que salvou a vida a mais de 1100 judeus durante o Holocausto.
 
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Raoul Wallemberg: O Anjo da Hungria

Raoul Gustaf Wallenberg (1912-1947?), arquitecto, empresário e diplomata sueco, tornou-se famoso através dos seus esforços bem-sucedidos para resgatar dezenas de milhares de judeus da Hungria ocupada pelos nazis durante o Holocausto.

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Em 1931, Wallenberg foi estudar arquitectura na Universidade de Michigan, nos Estados Unidos. Na faculdade, aprendeu inglês, alemão e francês. De volta à Suécia, seu diploma americano de arquitecto não foi validado pelas autoridades locais. No entanto, seu avô conseguiu-lhe um emprego na Cidade do Cabo, na África do Sul, no escritório de uma empresa sueca de venda de materiais de construção. Entre 1935 e 1936, Wallenberg foi trabalhar numa filial do Banco Holandês em Haifa, na então Palestina Britânica, onde travou conhecimento com a grande comunidade judaica local. De volta à Suécia em 1936, obteve um cargo em Estocolmo, com a ajuda de seu tio e padrinho, Jacob Wallenberg, na empresa de exportação e importação de propriedade da Kálmán Lauer, um judeu húngaro.

Entretanto, a partir de 1938, a Hungria, sob a regência do fascista Miklós Horthy, mergulhou numa onda de anti-semitismo. Foram adoptadas medidas inspiradas nas leis recentemente promulgadas na Alemanha Nazi. As novas leis húngaras restringiam os judeus de inúmeras profissões. Na tentativa de driblar as leis antijudaicas, Kálmán Lauer nomeou Wallenberg como seu sócio e representante. Com isso, ele passou a viajar para a Hungria para fazer negócios em nome de Lauer e de zelar pelos membros da grande família de Lauer que permaneceram em Budapeste. Logo aprendeu a falar húngaro. Wallenberg também se tornou íntimo dos métodos da burocracia alemã da época, por ter de fazer negócios com empresas nazis. Tal conhecimento seria fundamental mais tarde, quando se aproveitou das brechas legais nazis para salvar judeus.

Estando em contacto bastante estreito com os alemães em plena Guerra, Wallenberg pôde testemunhar a campanha de perseguições e extermínio contra os judeus, empreendida pelo regime Nacional-Socialista. Tais acontecimentos chocaram o empresário, que a partir de 9 de Julho de 1944 se tornou nomeado primeiro-secretário da delegação sueca em Budapeste. Agora feito diplomata, Wallenberg se aproveitou da imunidade, de seu poder e de seus contactos para expedir passaportes especiais para cidadãos judeus. Estes eram qualificados como cidadãos suecos à espera de repatriamento. Embora tais documentos não fossem legalmente válidos, pareciam impressionar os oficiais nazis que ocupavam a Hungria, que acabavam dando passagem aos seus portadores. Além disso, Wallenberg alugou casas para os refugiados judeus em nome da embaixada sueca, colocando nas suas entradas falsas identificações, tais como "Biblioteca da Suécia" ou "Instituto de Pesquisas Suecas". Protegidas pelo status diplomático, tais casas não podiam ser invadidas pelos nazis e os seus moradores encontravam nelas um refúgio.
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Wallenberg habilmente negociou com oficiais nazis, como Adolf Eichmann e o comandante das forças armadas alemãs na Hungria, general Gerhard Schmidhuber. A dois dias da chegada do Exército Vermelho em Budapeste, conseguiu cancelar uma leva de judeus que seriam deportados para campos de extermínio na Alemanha, usando um bilhete assinado pelo seu amigo fascista Pál Szalay, que os ameaçou de processo por crimes de guerra. Estima-se em 100.000, o número de judeus que teriam sido salvos da morte por conta das acções de Raoul Wallenberg.

Prisão e assassinato

A chegada dos soviéticos à Hungria determinou o fim das perseguições aos judeus. Mas foi o início do fim de Raoul Wallenberg. Em 17 de Janeiro de 1945, quando a guerra ainda se desenrolava, Wallenberg e seu motorista particular foram presos pelas autoridades soviéticas, acusados de serem "espiões da OSS", a agência de inteligência britânica. De Budapeste, Wallenberg foi deportado para Moscovo, onde foi encarcerado na prisão de Lubyanka. Posteriormente foi transferido para a prisão de Lefortovo, também em Moscovo, onde permaneceria até sua suposta morte, dois anos depois.

Mais tarde, foi relatado que morreu em 17 de Julho de 1947, enquanto estava preso na prisão de Lubyanka, em Moscovo. Os motivos por detrás da prisão de Wallenberg pelo governo soviético, juntamente com as circunstâncias de sua morte permanecem misteriosos. As condições das cadeias soviéticas eram tão terríveis quanto às vigentes nos campos de concentração nazis. Torturas, privações extremas, terrorismo psicológico e execuções sumárias faziam parte dos métodos.

O mistério do seu desaparecimento

Incomunicável, Wallemberg teria morrido em Lefortovo no dia 17 de Julho de 1947. Pelo menos foi isso o que as autoridades russas afirmaram em 6 de Fevereiro de 1957, após a deflagração de uma intensa campanha internacional por notícias de seu paradeiro. Mesmo após tal notícia, prosseguiram as investigações em busca de seu paradeiro.

Em 1981, sobreviventes dos gulags afirmaram terem conhecido um prisioneiro estrangeiro com as mesmas características físicas de Raoul Wallemberg, ainda vivo muitos anos depois da data de sua suposta morte. Contudo em 1991, Vyacheslav Nikonov foi encarregado pelo governo da Rússia de investigar o destino de Wallenberg. Ele concluiu que Wallenberg morreu em 1947, executado como prisioneiro na prisão de Lubyanka.

Homenagem

Devido a suas acções corajosas em nome dos judeus húngaros, Raoul Wallenberg tem sido objecto de numerosas honrarias humanitárias nas décadas seguintes a sua morte presumida.

Em 1981, o deputado Tom Lantos, ele próprio salvo por Wallenberg, elaborou uma lei tornando Wallenberg Cidadão Honorário dos Estados Unidos. Wallenberg também é um cidadão honorário do Canadá, Hungria e Israel.

Também em Israel, Raoul Wallenberg é considerado como um dos "Justos entre as Nações", citado e homenageado no Yad Vashem, o Memorial do Holocausto.
 
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Aristide de Sousa Mendes Cardoso: O Oskar Schindler Português

Aristides de Sousa Mendes Cardoso foi um dos poucos heróis nacionais do século XX, e o maior símbolo português saído da II Guerra Mundial. Em 1940, quando era cônsul em Bordéus, na França, protagonizou a "desobediência justa". Não acatou a proibição de Salazar de se passarem vistos a refugiados: transgrediu e passou 30.000, sobretudo a judeus. Foi demitido compulsivamente. A sua vida estilhaçou-se por completo.
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Aristides de Sousa Mendes nasceu a 19 de Julho de 1885 em Cabanas de Viriato, distrito de Viseu e era filho do Juiz José de Sousa Mendes e de Maria Angelina Ribeiro de Abranches. Teve um irmão gémeo de nome César, que tal como Aristides seguiu a carreira diplomática e que foi nomeado Ministro dos Negócios Estrangeiros quando Salazar tomou posse como Primeiro-Ministro. Aristides casou-se com a sua prima direita, Maria Angelina Coelho de Sousa Mendes, de quem viria a ter 14 filhos. Como Cônsul exerceu funções na Guiana Inglesa, Galiza, Zanzibar, Curitiba, São Francisco na Califórnia, Maranhão, Vigo e Antuérpia.

Nomeado para exercer funções como Cônsul-Geral em Bordéus, em 1939, pouco antes do início da Segunda Guerra Mundial, Aristides de Sousa Mendes viu-se confrontado com um problema de consciência:
- Por um lado, a afluência de milhares de refugiados que, com a invasão da França pelas tropas alemãs, afluíram a Bordéus na esperança de conseguir um visto para a Liberdade (América do Norte e do Sul, principalmente);
- Por outro lado, as ordens recebidas do seu próprio Governo (Circular 14), que o impedia de passar vistos à maior parte dos refugiados, nomeadamente judeus, exilados políticos e cidadãos provenientes de países do Leste Europeu, sob pena de vir a ser castigado.

O seu gesto humanitário e a sua queda.

Perante esse dilema, Aristides de Sousa Mendes optou por obedecer à sua consciência e desse modo, contrariando ordens, decidiu passar vistos para a liberdade a todos que o solicitassem, independentemente da sua religião, raça ou credo político. O seu gesto, para além de afectar os seus filhos, que se viram obrigados a emigrar, valeu-lhe a instauração de um processo disciplinar que na prática teve como resultado final a expulsão da carreira diplomática, apesar de no despacho de punição, datado de Outubro de 1940, constar que o mesmo deveria ficar na situação de inactividade com direito a metade do vencimento da categoria, durante um ano, findo o qual deveria ser aposentado.

Ora nem mesmo essa situação lhe foi concedida, conforme se pode verificar no Anuário Diplomático de 1954 (ano da sua morte), onde consta que o mesmo se encontrava naquela data a aguardar passagem à situação de reforma. Aristides de Sousa Mendes faleceu ignorado até pelos seus amigos e na situação de miséria em 3 de Abril de 1954, no Hospital da Ordem Terceira de São Francisco, em Lisboa.

O reconhecimento

O seu gesto só foi relatado e enaltecido depois de 25 de Abril de 1974, principalmente pela imprensa, sendo reabilitado pela Assembleia da República em 1988 (sob proposta de vários deputados entre os quais Jaime Gama e Jorge Sampaio) portanto, 14 anos depois da instauração do regime democrático em Portugal. Depois disso, muitas homenagens lhe foram feitas em Portugal e no estrangeiro. Sem esquecer o valor e significado de muitas outras, entre as quais, a condecoração Grã Cruz da Ordem de Cristo, que lhe foi atribuída pelo Presidente da República em 1995, por iniciativa da Maria Barroso Soares.

De modo a melhor divulgar o gesto de Aristides de Sousa Mendes, foi decidido pela sua família, com o apoio de várias entidades, criar a Fundação Aristides de Sousa Mendes. Esta tem como principal objectivo recuperar a Casa do Passal (que pertenceu a Aristides de Sousa Mendes), em Cabanas de Viriato, concelho de Carregal do Sal, a fim de nela instalar uma Casa Museu, Centro de Exposições, Biblioteca e Arquivo. Para além de vir a ser também a sede da Fundação.
 

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Salvadores no resto do Mundo

John Rabe: O Anjo Alemão

John Rabe (1882-1950), alemão, conhecido pelo seu trabalho para evitar o Massacre de Nanquim, e apesar de não conseguir seu objectivo, ajudou a proteger 200.000 chineses contra as atrocidades cometidas pelo exército japonês durante este período.
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John Rabe trabalhava, desde 1910, para a Siemens na China, e usou sua filiação ao partido nazi para tentar apelar aos japoneses. Criou uma zona de protecção na cidade e chegou a abrigar refugiados na sua própria residência, conseguindo manter os japoneses no exterior, permitindo assim que milhares de outros refugiados escapassem. Ao regressar à Alemanha em 1938, usou sua influência para denunciar os massacres e evitar outras atrocidades, mas foi detido para interrogatório pela Gestapo, sendo depois libertado por influência da Siemens, ficando impedido de continuar sua campanha. No final da Segunda Guerra Mundial foi preso por causa de sua filiação ao partido nazi, porém em Junho de 1946 foi declarado inocente pelos Aliados. Actualmente a residência usada por John Rabe durante o episódio do massacre na Universidade de Nanquim abriga um memorial e um centro de estudos para a paz.

O Massacre de Nanquim

O Massacre de Nanquim foi um episódio sangrento cometido pelas tropas japonesas na cidade de Nanquim, na China, durante a Segunda Guerra Sino-Japonesa. O massacre ocorreu durante um período de seis semanas a partir de 13 de Dezembro de 1937, o dia em que os japoneses tomaram Nanquim, que na época era a capital chinesa. Durante este período, centenas de milhares de civis chineses e combatentes desarmados foram mortos por soldados do Exército Imperial Japonês. Vários dos principais perpetradores das atrocidades, na altura rotulados como crime de guerra, foram mais tarde julgados e considerados culpados pelo Tribunal Militar Internacional para o Extremo Oriente e pelo Tribunal de Crimes de Guerra de Nanquim, e foram executados. Outro responsável, o príncipe Asaka, um membro da Família Imperial Japonesa, escapou da acusação por ter imunidade, que foi anteriormente concedida pelos Aliados.

Número de baixas:

O número de mortos no massacre não pode ser estimado com precisão porque a maioria dos registos militares japoneses sobre os assassinatos foram deliberadamente destruídos ou mantidos em segredo logo após a rendição do Japão, em 1945.

O Tribunal Militar Internacional para o Extremo Oriente estimou em 1948, que mais de 200.000 chineses foram mortos no incidente.

A estimativa oficial da China é de mais de 300.000 mortos, com base na avaliação do Tribunal de Crimes de Guerra de Nanquim em 1947.

O número de mortos tem sido contestado entre os estudiosos desde a década de 1980, com estimativas que variam de 40.000 a mais de 300.000 mortes.

A negação do massacre

O evento continua a ser uma questão política controversa, já que vários dos seus aspectos foram contestados por alguns revisionistas históricos e japoneses nacionalistas, que alegam que o massacre foi exagerada ou totalmente fabricado para fins de propaganda. Como resultado dos esforços nacionalistas para negar ou racionalizar os crimes de guerra, a controvérsia em torno do massacre continua a ser um obstáculo nas relações sino-japonesas, bem como nas relações japonesas com outras nações da Ásia-Pacífico, como Coreia do Sul e Filipinas.

Embora o governo japonês admita que houve assassinatos de um grande número de não-combatentes, saques e outras violências cometidas pelo Exército Imperial Japonês depois da queda de Nanquim, os japoneses veteranos que serviram em Nanquim naquela época, confirmaram que um massacre ocorreu, mas uma presente minoritária tanto no governo quanto na sociedade japonesa tem argumentado que o número de mortos era de natureza militar e que tais crimes de guerra nunca ocorreram. A negação do massacre tornou-se um ponto importante do nacionalismo japonês. No Japão, a opinião pública dos massacres variam e poucos negam a ocorrência total do massacre.

Chiune Sugihara: O Schindler Japonês

Chiune Sugihara (1900-1986), diplomata japonês durante a Segunda Guerra Mundial, ajudou os judeus radicados na Lituânia a saírem do país, então ocupado pelas tropas nazis, fornecendo-lhes milhares de vistos de trânsito para que pudessem viajar para o Japão. Muitos dos judeus eram da Polónia ou residentes de Lituânia. Sugihara concedeu vistos na qual facilitaram a fuga de mais de 6000 refugiados judeus para o território japonês, arriscando-se a sua carreira e a vida de sua família.
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Chiune Sugihara (1900-1986) e a sua esposa.

Em 1939, era vice-cônsul do Consulado do Japão em Kaunas, na Lituânia. Mas além da diplomacia, tinha outros deveres que eram reportar sobre o movimento das tropas russas e alemãs. Em Setembro de 1939, a Alemanha invadira a Polónia e as notícias e relatos sobre crimes horríveis dos alemães contra judeus se espalhavam. Muitos do refugiados conseguiram chegar à Lituânia dominada pelos russos, mas era questão de tempo antes que as tropas alemãs chegassem ao local. Para os refugiados a única rota de fuga era por terra através da União Soviética. Mas para isso os russos permitiriam a passagem desde que os refugiados fossem recebidos por outro país.

Sugihara telegrafou ao Ministro do Exterior em Tóquio, explicando a situação dos judeus, para solicitar a permissão de conceder vistos de trânsito, na qual foi negado três vezes. Uma vez que os vistos japoneses eram apenas de trânsito, as pessoas deveriam ter que declarar um destino final. Curaçao, uma possessão holandesa das Caraíbas foi uma sugestão. Então começou a emitir vistos na manhã de 1 de Agosto, que demoravam cerca de 15 minutos para emiti-las. Sugihara deixara de almoçar para emitir tantos quanto possível, trabalhando dia e noite. Quando acabaram os formulários oficiais, escreveu mais à mão. À medida que passavam os dias, começou a ficar fraco, ficando com os olhos injectados, por falta de sono, dedicando-se a emitir mais vistos.

Na terceira semana de Agosto, Sugihara recebeu telegramas ordenando-o a parar, pois grande número de refugiados polacos chegavam ao Japão nos portos de Yokohama e Kobe, provocando confusão, mas ele ignorou as ordens. No final de Agosto, os soviéticos exigiram que o consulado fosse fechado. Tóquio instruiu Sugihara a mudar-se para Berlim, porém mais judeus estavam chegando ao local. Assim decidiu ficar mais um dia no hotel para conceder o máximo de vistos que pudesse emitir e uma multidão seguiu a família até ao hotel. Chegou a emitir mais de 300 vistos num dia. Na manhã seguinte um grupo ainda maior seguiu Sugihara e sua família à estação de comboio. Já dentro do comboio, ele continuou a escrever freneticamente, mas não conseguia dar vistos para todos. Então começou a assinar seu nome em folhas em branco e carimbados, esperando que o resto pudesse ser preenchido. Ainda estava passando os papéis quando o comboio partiu com destino a Berlim.

Fim e reconhecimento de Sugihira

A desobediência valeu a Sugihara uma brusca interrupção de sua brilhante carreira diplomática. Dispensado pelo governo, teve que contentar-se com um trabalho de tradutor. Mesmo assim, jamais alardeou seu heroísmo. Só em 1969 foi encontrado por Yehoshua Nishri, um dos judeus que ele salvou. Centenas de outros relatos logo começaram a aparecer. Aos poucos, o Yad Vashem (Memorial do Holocausto), uma instituição sediada em Israel que se dedica a manter vivas as lembranças da tragédia nazis, foi percebendo a importância de Sugihara. Quase 50.000 pessoas incluindo os descendentes devem sua vida a ele.

Apenas em 1985, 45 anos depois de seu acto heróico, o ex-cônsul foi considerado Justo entre as Nações, a mais alta honraria concedida pelo Yad Vashem, e uma árvore foi plantada em sua homenagem. Aos 85 anos, ele estava muito doente para receber o prémio pessoalmente. Morreu no ano seguinte. Na sua lápide, está gravado seu primeiro nome: Chiune. Coincidência ou não, essa palavra, em japonês, quer dizer "Mil Novas Vidas".
 
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