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O piloto do avião da companhia indonésia Lion Air que caiu ao mar perto do aeroporto da ilha de Bali, no sábado, disse que o aparelho foi “arrastado” pelo vento enquanto ele tentava controlá-lo para evitar o acidente. Outros relatos, de passageiros e do chefe da estação meteorológica do aeroporto, contrariam a versão do piloto.
Todos os 108 passageiros e a tripulação sobreviveram quando o Boeing 737 da companhia aérea low cost Lion Air, tentou aterrar na pista do aeroporto internacional Ngurah Rai, em Denpasar. O avião, pertencente a uma companhia proibida de voar na Europa e EUA, acabou por cair no mar, a poucos metros da pista, por volta das 15h (hora local).
As autoridades consideram prematuro dizer qual a causa do acidente, uma vez que ainda está a ser investigado, com o apoio de equipas especializadasdos Estados Unidos e de técnicos da Boeing. Mas os primeiros interrogatórios, os relatos das testemunhas e os relatórios meteorológicos indicam a possibilidade de ter ocorrido um fenómeno designado “tesoura de vento” ou uma corrente descendente de nuvens de tempestade conhecido como microburst, que gera ventos fortes e convergentes.
Apesar de raras, os especialistas dizem que estas rajadas de vento violentas e imprevisíveis podem descontrolar até os aparelhos mais modernos e potentes, sobretudo nos momentos que antecedem a aterragem.
As causas do acidente poderão ter implicações na reputação da Lion Air, uma das empresas aéreas com crescimento mais rápido no mundo, que está a tentar sair da "lista negra" da União Europeia em termos de segurança. A companhia comprou recentemente 234 aviões Airbus A320 e 230 aviões Boeing 737 para tentar melhorar a sua posição, mas continua sem poder voar para a União Europeia e para os Estados Unidos.
De acordo com a descrição feita inicialmente pelo piloto, o avião estava a aproximar-se do aeroporto na recta final de um voo interno que decorreu sem incidentes, vindo de Bandung, na ilha de Java. O co-piloto, de nacionalidade indiana com 2000 horas de experiência, estava encarregado do vôo, com uma duração estimada de 1h40.
Porém, assim que o avião se aproximou de terra, seguido por um avião da transportadora nacional Garuda, o co-piloto terá deixado de ver a pista, onde se encontrava um aparelho a aguardar para descolar, devido à forte chuva que caía no momento.
O comandante, de nacionalidade indonésia com cerca de 15 mil horas de experiência e licença de instrução, assumiu o controlo do aparelho. Os pilotos contam que entre os 122 e os 61 metros de altitude foi como se estivessem a voar através de uma parede de água, com chuva forte e sem qualquer visibilidade. Devido à baixa altitude, tiveram pouco tempo para reagir.
Sem avistar as luzes e as marcas na pista, o comandante decidiu abortar a aterragem e fazer um go around – termo usado para descrever uma manobra de rotina para a qual todos os pilotos são treinados, em que a aterragem é abortada e o avião retoma o voo ascendente para depois voltar a tentar. Porém, segundo os relatos do piloto, em vez de ganhar altitude, o aparelho começou a afundar-se de forma incontrolável.
“O comandante disse que pretendia andar à volta da pista mas sentiu que o avião foi arrastado para baixo pelo vento, e foi aí que caiu ao mar”, disse à Reuters uma fonte ligada ao processo, que pediu anonimato por estarem em curso as investigações.
Segundo esta fonte, o piloto garantiu que estava a chover com muita intensidade no momento do acidente. No entanto, o chefe da estação meteorológica do aeroporto Ngurah Rai, Erasmus Kayadu, disse que não estava a chover naquele período e que a visibilidade era de dez quilómetros. O vento estaria a 11 quilómetros por hora, segundo Kayadu, que está a colaborar nas investigações.
Um passageiro a bordo do avião disse à estação de televisão indonésia Metro TV que só sentiu o avião em dificuldades no momento da aterragem. “Não havia qualquer sinal de que o avião estava prestes a cair mas de repente caiu na água”, contou Tantri Widiastuti.
A Lion Air recusou-se a prestar quaisquer declarações sobre este assunto.
De acordo com a Fundação Flight Safety, os boletins que dão informações de voo aos pilotos indicam que àquela hora havia poucas nuvens de tempestade a 518 metros de altitude. O vento era moderado. Segundo uma fonte desta fundação, não há indícios óbvios de erro técnico ou do piloto mas os investigadores vão agora analisar a velocidade do aparelho e outros pormenores para apurar se o acidente podia ter sido evitado.
Segundo a imprensa da Indonésia, nos últimos dois anos foram presos cinco pilotos da Lion Air por consumo de drogas, mas o co-fundador da companhia garantiu à Reuters que tem acompanhado a situação de perto no último ano e que têm sido cumpridas todas as regras neste domínio. Ambos os pilotos fizeram testes à urina, que não acusaram drogas nem álcool.
O avião foi entregue à empresa em Fevereiro e desde então teve apenas um problema técnico: uma luz de aterragem que tinha de ser substituída. Agora, o aparelho está semi-submerso, com a fuselagem partida em dois, a seguir às asas. As imagens fazem lembrar a amaragem de um Airbus A320 no rio Hudson, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, em Janeiro de 2009. Também aqui não houve vítimas mortais.
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