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Polícia ignora como o cérebro dos ataques de Paris entrou em França

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Set 27, 2006
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O belga Abdelhamid Abaaoud, que morreu na operação em Saint-Denis, andou livremente pela Europa apesar de um mandado de captura internacional
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A confirmação oficial chegou ontem: o cadáver encontrado crivado de balas no segundo andar do edifício em Saint-Denis, depois do cerco de sete horas da polícia na madrugada de quarta-feira, era o do alegado cérebro dos ataques de Paris, Abdelhamid Abaaoud. O belga de origem marroquina que era alvo de um mandado de detenção internacional e que as autoridades acreditavam estar na Síria estava afinal na capital francesa. "Não sabemos como chegou cá", admitiu o primeiro-ministro francês, Manuel Valls."Não nos foi dada nenhuma informação de países europeus, por onde poderá ter passado antes de chegar a França", disse o ministro do Interior francês, Bernard Cazeneuve, revelando que só três dias depois dos ataques é "que serviços de informação de fora da Europa assinalaram que ele tinha estado na Grécia" e que estaria em França. Segundo disse uma fonte próxima da investigação à AFP, terá sido a secreta marroquina a fornecer a informação.Aos poucos, vão sendo conhecidos os passos que deu na Europa. Segundo a polícia alemã, Abaaoud terá passado pelo aeroporto de Colónia-Bona em janeiro de 2014, com destino à Turquia, sem ser travado pelas autoridades. "A polícia federal não tinha indicações segundo as quais devíamos impedir que viajasse", indicou um porta-voz. Por ser cidadão belga, tinha direito de livre circulação, apesar de pertencer ao Estado Islâmico desde 2013 e ser alvo de um mandado de captura internacional.Numa entrevista publicada em fevereiro na revista online do grupo islamita, Dabiq, Abaaoud congratulava-se de ter andado pela Europa a preparar ataques sem ser travado. "Conseguimos obter armas e estabelecer um esconderijo enquanto planeávamos operações contra os cruzados", afirmou. Um mês antes, o seu nome tinha saltado para as páginas dos jornais belgas depois de um tiroteio com a polícia na cidade de Verviers, durante um raide para desmantelar uma célula terrorista. Dois dos cúmplices foram mortos, mas ele conseguiu fugir.Segundo o ministro do Interior francês, Abaaoud terá estado envolvido em quatro dos seis ataques que foram travados em França desde a primavera. Todos foram pensados a partir do exterior e deveriam ser executados por europeus com formação recebida no estrangeiro. O ministro reiterou por isso que é "crucial" uma maior cooperação na luta antiterrorista. "É urgente que a Europa recupere, se organize e se defenda contra a ameaça terrorista."Dos assaltos para o terrorismoFilho de imigrantes marroquinos e antigo aluno de uma das secundárias de maior prestígio de Bruxelas, Abbaoud tinha 27 anos. Cresceu na comuna de Molenbeek e tornou-se num dos jihadistas mais conhecidos da Bélgica. Condenado por assalto à mão armado em 2010 (junto com Salah Abdeslam, outro terrorista ainda em fuga) e na mira da polícia antiterrorista desde 2013 quando se juntou ao Estado Islâmico (e levou o irmão de 13 anos com ele), ficou "famoso" após ser divulgado um vídeo em que aparecia a arrastar cadáveres atrás de uma pick-up.O antigo advogado, Alexandre Château, disse ao jornal La Libre Belgique que Abaaoud era um "rapaz sorridente, um pouco fechado, mais um seguidor do que um líder". Era um "pequeno delinquente sem grande envergadura que não deixava adivinhar naquilo que se viria a tornar", acrescentou.Segundo o ministro do Interior francês, Abaaoud desempenhou "um papel determinante" nos ataques de Paris e era o alvo da operação em Saint-Denis. Além de uma testemunha que disse que o tinha visto na zona, havia escutas de telemóvel e movimentos de cartões bancários a confirmá-lo. Apontado como o cérebro dos ataques, a polícia investiga se terá também participado neles - um vídeo dos tiroteios contra os restaurantes revela a presença de três elementos nesse comando, do qual faziam também parte os irmãos Brahim (que ativou o seu colete de explosivos) e Salah.Bombista suicidaA outra baixa da operação policial em Saint-Denis foi Hasna Ait Boulahcen, alegada prima de Abaaoud, de 26 anos. "Onde está o teu namorado?" pergunta um agente durante o raide. "Ele não é o meu namorado!", grita a jovem pouco antes de o cinto de explosivos que usava ser acionado - não é claro se foi ela ou se o engenho, instável, rebentou depois de ser atingido por uma bala disparada pela polícia ou outro suspeito. A troca de palavras foi captada por um vídeo amador.Ontem, as autoridades efetuaram buscas em Aulnay-sous-Bois (arredores de Paris) na casa da sua mãe. O irmão, Youssouf Ait Boulahcen, contou ao tabloide britânico Daily Mail que Hasna não tinha interesse na religião, nunca tinha lido o Alcorão e só tinha começado a usar o niqab (véu islâmico) há um mês. E uma amiga citada pelo Le Parisien disse que era uma "fofolle" ("maluca"), sendo conhecida por gostar de álcool e fumar cigarros.O jornal belga DH consultou o perfil de Facebook de Hasna, revelando que este continua fotos da jovem de niqab e com armas. Entre as mensagens, havia algumas a revelar o seu desejo de ir para a Síria e a louvar Hayat Boumeddiene, companheira de Amedy Coulibaly, que foi morto pela polícia depois de ter matado quatro reféns no supermercado kosher, dias após o ataque contra o Charlie Hebdo.


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