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Porque é que elas são melhores do que eles?

Feraida

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Raparigas têm melhor desempenho em todos os níveis de ensino e a taxa de chumbos chega a ser metade da dos rapazes.

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Desempenho. À entrada do 2º ciclo, os rapazes chumbam quase duas vezes mais do que as raparigas / Nuno FoxOs rapazes estão a ficar cada vez mais para trás. Do 1.º ciclo à universidade, elas aplicam-se mais, têm melhores resultados e vão mais longe.

Já não é de agora mas o fosso tem vindo a acentuar-se. Portugal é um dos países onde a desigualdade é maior. A diferença no desempenho escolar começa logo nos primeiros anos de escolaridade mas vai aumentando com a idade. "As taxas de retenção e desistência no ensino básico são sempre maiores nos homens do que nas mulheres", sublinha um relatório do Conselho Nacional de Educação sobre os chumbos, divulgado na semana passada.

No 5.º ano, por exemplo, os rapazes chumbam quase duas vezes mais do que as colegas.


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Para Luísa Saavedra, professora da Escola de Psicologia da Universidade do Minho e autora de uma tese de doutoramento sobre o impacto do sexo e da classe social no rendimento académico, a diferença deve-se sobretudo a uma questão de comportamento, a que não são alheias as representações sociais associadas aos dois géneros: "As raparigas são educadas para serem mais sossegadas e bem comportadas, características que favorecem o desempenho escolar.
Já os rapazes são socializados para serem mais ativos, irrequietos e até mais violentos e indisciplinados, o que prejudica os estudos".

Teresa Seabra, diretora do mestrado em Educação e Sociedade do ISCTE, corrobora: "Há mais semelhanças entre as competências desenvolvidas na socialização familiar das raparigas e as exigências da cultura escolar, nomeadamente a responsabilização, a organização dos tempos e dos espaços ou o auto-domínio.

O seu comportamento é mais conforme às normas escolares e, por essa razão, as expectativas dos professores também são mais positivas em relação a elas".

Namorados e futebol
Além dos fatores sociais e culturais, há também fatores mais biológicos que podem favorecer o desempenho feminino na escola. "Os tempos de maturação são muito diferentes, o que naturalmente tem implicações ao nível da aprendizagem. A linguagem e todas as competências verbais são desenvolvidas mais precocemente nas raparigas", explica o neurologista Alexandre Castro Caldas, ressalvando que há muitas outras variáveis que podem explicar as diferenças e que o Ministério da Educação devia, por isso, fazer um estudo aprofundado sobre esta matéria.

Segundo um relatório da Eurydice - a rede de informação sobre os sistemas educativos europeus - sobre as desigualdades de género na escola, Portugal é um dos países onde a disparidade é maior. Aos 15 anos, 11% das raparigas já chumbaram pelo menos uma vez. Já nos rapazes a percentagem sobe para os 20%.

Não é por acaso que as diferenças no desempenho escolar são maiores na adolescência. "Do ponto de vista do desenvolvimento, as raparigas atingem a puberdade mais precocemente e tornam-se mais maduras mais cedo. Se observar uma turma do 7.º ano, eles só pensam em futebol e elas já pensam em namorados porque já despertaram para a sexualidade", exemplifica o psiquiatra Daniel Sampaio.

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"De uma forma geral, elas são mais obedientes e responsáveis. Têm os trabalhos em dia, cadernos organizados e com letra certinha.

Eles têm, por regra, uma adolescência mais turbulenta, com mais problemas de indisciplina e comportamentos de risco", adianta o especialista do Hospital de Santa Maria, em Lisboa.

A vingança das mulheres
Para a socióloga Maria Filomena Mónica, do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, é também uma questão de atitude e de vontade de ir mais longe. "Intuitivamente, de uma forma inconsciente, as mulheres estão a querer vingar-se de séculos de opressão de que foram vítimas. São mais trabalhadoras e estão mais motivadas para subir na vida porque querem afirmar-se, não apenas na escola como no trabalho".

O facto de o corpo docente ser esmagadoramente feminino - 70% dos professores desde o pré-escolar até ao ensino superior são mulheres - também pode ter influência nos melhores resultados obtidos pelas raparigas, diz Filomena Mónica. "É muito desequilibrado, o que não é bom para o sistema de ensino".

Teresa Seabra, do ISCTE, concorda que esse fator pode favorecer as raparigas. E vai mais longe, considerando que a forma como o sistema de ensino está organizado pode discriminar os rapazes. "É preciso sensibilizar os docentes para os processos através dos quais podem penalizar os resultados escolares dos rapazes e tornar conscientes os processos de discriminação de género que podem ocorrer em sala de aula: menos elogios, menor benefício da dúvida e menor interpelação".



In:Expresso
 

Feraida

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Rapazes são menos disciplinados e leem pouco, raparigas têm menos autoconfiança





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Fotografia © woodleywonderworks | Flickr
A OCDE diz que são essas características que explicam o facto de os rapazes terem maior propensão para o insucesso escolar, e de as raparigas serem piores a matemática.
Os rapazes são menos disciplinados, menos motivados e passam menos tempo a fazer trabalhos de casa ou a ler, enquanto as raparigas têm menos autoconfiança. Segundo orelatório divulgado esta quinta-feira pela OCDE, são estas diferenças que explicam as disparidades no desempenho escolar entre os dois sexos, e não as aptidões inatas.
O relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) sobre a igualdade de género na educação focou-se nas principais diferenças de desempenho entre rapazes e raparigas: os rapazes são mais propensos ao insucesso escolar, e as raparigas têm maior probabilidade de ter dificuldades em matemática e ciências, mesmo nos casos das melhores alunas.
No caso das raparigas, a principal resposta parece estar num problema de autoconfiança e ansiedade. As raparigas têm menos confiança do que os rapazes na sua capacidade de resolver problemas de matemática ou de ciência. Mesmo entre os melhores alunos, as raparigas mostram níveis de ansiedade maiores do que os rapazes relativamente à matemática, e têm piores resultados nos exames PISA, as provas e inquéritos organizados pela OCDE nos quais se baseia o relatório. No entanto, quando a comparação nos resultados de matemática é feita apenas entre rapazes e raparigas que declaram ter os mesmos níveis de confiança, a diferença de desempenho entre os géneros desaparece.
"Quando os alunos são mais autoconfiantes, dão a si próprios a liberdade de errarem, de se envolverem nos processos de tentativa e erro que são fundamentais para adquirir conhecimentos na matemática e nas ciências", diz o relatório, que recomenda que os professores e pais procurem combater a falta de confiança nas raparigas. "Podem fornecer reforço positivo para o trabalho que as raparigas fazem bem, e oferecer-lhes oportunidades de 'pensar como cientistas' em situações onde cometer erros não tem consequência nas notas", sugere a OCDE.Portugal é um dos países onde a percentagem de mulheres licenciadas em áreas científicas mais cresceu.
Já os rapazes têm uma maior probabilidade de não se saírem bem na escola e de desistirem do ensino prematuramente. Nos exames PISA de 2012, 14% dos rapazes não chegavam aos níveis considerados mínimos de proficiência em nenhum dos assuntos principais (leitura, matemática, e ciência) por oposição a 9% das raparigas. As razões prendem-se, descreve o relatório, com a forma como escolhem passar os tempos livres. Os rapazes passam bastante menos tempo a fazer trabalhos de casa do que as raparigas, e, na maioria, não costumam ler por prazer, o que faz com que as suas capacidades de leitura sejam inferiores às das raparigas.
Uma outra explicação para o pior desempenho dos rapazes é a motivação. O relatório da OCDE descreve que os rapazes têm maior tendência a chamar à escola "um desperdício de tempo" e a não ter interesse em aprender. "Desde pequenos, os rapazes levantam menos a mão para pedir para falar, são piores a esperar pela sua vez para falar ou participar numa atividade", lê-se no relatório, que se refere à falta de "auto-regulação", ou disciplina, dos rapazes como um fator diferenciador relativamente às raparigas.
Embora os países da OCDE tenham feito "enormes progressos" na diminuição da desigualdade de género na educação nos últimos 50 anos, o relatório destaca que ainda existem muitas disparidadesque não se devem a diferenças inatas nas aptidões. Sabe-se isto porque no caso de territórios como Hong Kong ou Singapura, onde se registam os melhores resultados nos exames PISA, não existem diferenças significativas entre rapazes e raparigas em nenhuma das áreas.

In:Dn



 
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