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Portadores do HIV têm mais treze anos de esperança média de vida

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Estudo no "Lancet"
Portadores do HIV têm mais treze anos de esperança média de vida


Os portadores do vírus da sida ganharam mais 13 anos de esperança média de vida na última década graças ao melhoramento dos antirretrovirais. Esta é a conclusão do estudo da equipa de Robert Hogg, do British Colombia Centre for Excellence in HIV/AIDS, em Vancouver, no Canadá, publicado hoje num número especial da revista científica "The Lancet" sobre a sida.

A investigação reuniu dados de países europeus, do Canadá e dos Estados Unidos e comparou a mortalidade e a esperança média de vida de pacientes com o HIV entre os anos 1996/99 e 2003/05.

O que está por trás das boas notícias foi o aperfeiçoamento dos antirretrovirais. Quando começaram a ser usadas combinações de medicamentos, em meados dos anos 90, envolviam a toma de três químicos, que impediam a replicação do vírus e dificultavam o desenvolvimento de resistência aos medicamentos

Na altura, a rotina das tomas e os efeitos secundários da terapia pioravam o nível de vida dos pacientes e estes acabavam por rejeitar a terapia, apesar dos benefícios.

“Passámos de 20 comprimidos diários para um”, disse ao PÚBLICO por telefone o médico Francisco Antunes, chefe do Serviço de Doenças Infecciosas do Hospital de Santa Maria. A investigação foi tornando as terapias mais eficientes, mais bem toleradas e com uma dosagem simplificada, aumentando a adesão dos doentes.

O artigo diz que se uma pessoa de 20 anos começasse a fazer o tratamento no período de 1996/99 teria em média mais 36,1 anos de vida. Mas se iniciasse o tratamento em 2003/05 a média subiria para 49,4 anos. Um acréscimo superior a 13 anos. Por outro lado, no mesmo intervalo, a mortalidade passou de 16,3 para dez pessoas em cada mil — uma diminuição de 40 por cento.

Mas as melhorias não são iguais para todos. As pessoas infectadas por seringas têm uma esperança de vida bastante menor. As mulheres vivem ligeiramente mais que os homens.

No estudo, fica claro a importância de iniciar a medicação o mais rapidamente possível. As células do sistema imunitário que são atacadas pelo HIV, os linfócitos CD4+, vão diminuindo à medida que o tempo passa, e “quantos mais linfócitos CD4+ tivermos, mais conseguimos recuperar”, explica o médico. Um número baixo destas células torna-nos muito vulneráveis a qualquer agente patogénico.

Em Portugal a Comissão de Luta Contra a Sida diz que as tendências são iguais. Mesmo assim, apesar de os tratamentos serem grátis e estarem facilitados (o estado gasta por ano 150 milhões de euros), a esperança média de vida continua abaixo da das pessoas saudáveis.

Novo medicamento a caminho?

Um novo tipo de medicamento que combate o HIV está na última fase de ensaios clínicos, com bons resultados. O raltegravir é a primeira droga a inibir a integrase, uma molécula que permite que o material genético do HIV possa integrar-se no ADN da célula hospedeira e replicar-se. Estas células transformam-se em santuários para o vírus. Ou seja, mesmo que os antirretrovirais matem todos os vírus, o material genético integrado pode produzir novos vírus.

“Este medicamento pode contribuir para que o doente que tem o vírus suprimido, possa eliminar os santuários celulares”, explicou o médico Francisco Antunes, chefe do Serviço de Doenças Infecciosas do Hospital de Santa Maria. O tratamento não funciona sozinho, necessita da ajuda dos antirretrovirais.



Fonte: Público
 
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