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Primeira central hidroeléctrica de Portugal vai ser um museu

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Vila Real: Primeira central hidroeléctrica de Portugal vai ser um museu


Vila Real, 24 Mai (Lusa) - A primeira central hidroeléctrica do país, a do Biel, que entrou em funcionamento em 1894, em Vila Real, vai ser transformada num núcleo museológico por iniciativa conjunta do Museu do Douro e da autarquia local.

Vila Real inaugurou no século XIX uma pioneira rede de energia eléctrica.

Em 1894 entrou em funcionamento no rio Corgo a primeira central hidroeléctrica de serviço público do país, que alimentou a rede local de distribuição de electricidade até 1926.

Para a concretização do projecto de transformar a central num museu, a câmara municipal de Vila Real já iniciou as negociações com os proprietários do imóvel.

Sexta-feira à noite, foi inaugurada a exposição "A Central do Biel: um enquadramento para a musealização da primeira central hidroeléctrica portuguesa", numa organização do Museu do Douro.

No decorrer da sessão, foi também lançado o livro "A Central do Biel", da autoria de Vítor Nogueira, escritor e director do Teatro de Vila Real.

O autor alertou para o "processo de degradação" em que as infra-estruturas e os equipamentos instalados na central entraram nos últimos anos.

"Caso único em Portugal, hoje existem ainda na velha central a maior parte dos equipamentos principais construídos e instalados no século XIX", afirmou.

Nomeadamente o motor hidráulico, que desenvolvia 151 cavalos, uma turbina Knop, construída nas oficinas da empresa alemã Briegleb Hansen, com 1,65 metros de diâmetro e 1,36 metros de altura, e o tubo de alimentação da turbina, em ferro, com 30 metros de extensão e 96 centímetros de diâmetro.

Vítor Nogueira considera que o "interesse na recuperação da antiga central pode assentar em simultâneo numa vertente museológica e numa vertente ecológica".

Para além do estudo, recuperação e divulgação daquele património, o responsável salientou ainda a promoção da educação ambiental.

"A central reúne virtualidades raras pelos materiais tradicionais utilizados na sua construção, por ter aproveitado um desnível natural do próprio rio, por ter utilizado uma forma de energia renovável, pelas características quase paradisíacas do lugar onde se encontra, pela flora autóctone centenária que a envolve, socalcos, tanques e minas de água", frisou.

Foi na cidadela de Cascais, em 28 de Setembro de 1878, que em Portugal ocorreu a primeira experiência de iluminação pública, com a aquisição, por parte do rei D.Luís, de seis lâmpadas Jablochkoff e o respectivo gerador de energia, com uma potência de oito cavalos.

Em Braga, no ano de 1893, entrou em funcionamento da primeira rede de iluminação pública capaz de abranger uma localidade, uma estrutura que era servida por um sistema gerador de energia com base numa máquina a vapor.

Um ano mais tarde, entrava em funcionamento a primeira centra hidroeléctrica portuguesa, em Vila Real.

Na década de 20, o industrial José Pires Granjo adquiriu e ampliou o edifício (preservando a maior parte das antigas máquinas), montou um elevador e instalou no local uma fábrica de curtumes que viria a funcionar até 1950.

"Para já, mais do que arranjar para a central da Biel um projecto de recuperação acabado e milagroso, é importante estancar o seu processo de degradação", referiu Vítor Nogueira.

Como museu de território, o Museu do Douro tem defendido uma urgente intervenção de recuperação e musealização da Central do Biel.

Maia Pinto, director do Museu do Douro, com sede na Régua, referiu que a central do Biel integra um grupo de 11 núcleos que a instituição pretende implementar nos concelhos durienses.

Até Junho, segundo o responsável, espera-se o resultado de uma candidatura ao Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), no valor de 300.000 euros, para a elaboração de um estudo de concepção e implantação de pólos do Museu do Douro.

Serão criados os núcleos do Pão e do Vinho (em Favaios), da Gastronomia (Lamego), do Caminho de Ferro (Barca de Alva), da Electricidade (Vila Real), da Amêndoa (em Vila Nova de Foz Côa), do Arrais e da Cereja (em Resende), do Vinho (em S. João da Pesqueira), da Seda (em Freixo de Espada à Cinta), do Somagre (Vila Nova de Foz Côa), de Barqueiros (Mesão Frio) e o Museu do Imaginário (em Tabuaço).

Estes núcleos terão uma programação integrada com o Museu do Douro, de forma a potenciar iniciativas dispersas e estimular a itinerância de exposições e outras acções culturais.

PLI

Lusa/Fim
 
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