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Procuradoria Geral da República admite investigar jogo da bolha

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GF Ouro
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Jun 2, 2007
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O Ministério Público dá conta dos primeiras queixas de cidadãos lesados com o jogo da “roda”. Também a PSP está a encaminhar denúncias para a ASAE e a Inspecção-Geral de jogos, que estão já no terreno. A PGR emitira parecer em breve. A PGR aguarda informação da Inspecção-Geral de Jogos para tomar uma posição.


A Procuradoria-Geral da República (PGR) admite vir a investigar o chamado jogo da “bolha” ou da “roda”, onde muitos portugueses são aliciados a ganhar dinheiro fácil, apesar do risco ser enorme para quem entra nele. O “Semanário Económico” sabe que neste momento há milhões a rolar e que o fenómeno se alastrou desde o início do ano por empresários portugueses. Mas corre o risco de colapso, com muitos apostadores a arriscarem perder milhares de euros. Os primeiros sinais chegaram já ao Ministério Público (MP) com a apresentação de queixas. O Procurador Pinto Monteiro irá em breve tomar uma posição, depois de receber informação solicitada à Inspecção-Geral de Jogos (IGJ). “Os casos denunciados respeitam a situações concretas, ocorridas com cidadãos cuja entidade não pode ser revelada por estar em segredo de justiça’, revelou ao “Semanário Económico” fonte oficial da PGR, acrescentando que os casos foram remetidos para apreciação da matéria em causa, tendo em vista a actuação do Ministério Público no âmbito das suas competências. Os magistrados do MP apreciarão os factos, por forma a concluir se é caso para investigar ou arquivar. Em causa está a leitura jurídica ou penal das denúncias apresentadas - tendo uma chegado directamente à PGR e outras sido enviadas aos vários departamentos do MP -, estando ainda por concluir se este fenómeno é um crime ou não. Para já a legalidade do jogo da “roda” divide especialistas. É face a estas dúvidas que a Polícia Judiciária (PJ) pediu recentemente ao órgão liderado por Pinto Monteiro um pedido de esclarecimento sobre se o jogo da “bolha” poderá ser considerado uma forma de burla. Fontes da PJ dizem que o assunto só será investigado por aquela entidade se o MP assim o entender e se houver queixa. Segundo a PGR, não foi emitida ainda uma orientação geral sobre o tema, pois aguarda-se que a IGJ se pronuncie. “Oportunamente e em face do que for informado pela IGJ a PGR tomará posição” avança a mesma fonte. Luís Patrão, presidente do Turismo de Portugal, entidade que integra a Inspecção-Geral de jogos, manifesta a sua preocupação relativamente à questão do jogo clandestino e ilegal, mas escuda-se no sigilo profissional para falar sobre a investigação ao jogo da ‘roda’.
“Estamos interessados e preocupados com todas as questões que dizem respeito ao jogo ilegal. Temos equipas dedicadas permanentemente à questão do jogo clandestino e ilegal, que colaboram, no geral, com outras entidades, como o Ministério Público”.

ASAE e PSP avaliam
Para o esclarecimento e aliciamento dos membros e futuros candidatos são organizados jantares periódicos ou encontros informais em bares, casas particulares, hotéis e cafés e, por vezes, em espaços geridos pelo Estado. São sempre num lugar diferente e a hora e local são sempre comunicados aos jogadores apenas com umas horas de antecedência. As trocas de dinheiro são sempre feitas em numerário. Estas são algumas das características de um jogo que faz com que a investigação seja considerada “bastante complexa”, até pela dispersão do fenómeno.
A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) é outra das entidades que está já atenta. Fonte oficial da Secretaria de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor que tutela a ASAE, confirmou que aquela entidade continua a investigar o assunto, mas escusou-se a revelar qualquer outro detalhe. O “Semanário Económico” sabe que à actuação no terreno dos inspectores da ASAE estará limitada enquanto a PGR não emitir um parecer que faça a caracterização do eventual ilícito.
“Essa matéria está na esfera de competências da ASAE, que está a trabalhar nesse dossier. É uma investigação muito complicada”, afirmou fonte oficial da secretaria de Estado. A Polícia de Segurança Pública (PSP), por seu lado, está a avaliar a situação e a sua dimensão, na sequência de denúncias que tem recebido nos últimos meses e que foram remetidas para a ASAE e IGJ. “Estamos sensíveis para este fenómeno e estamos em ligação directa com as entidades competentes”, avançou fonte oficial da Direcção Nacional da PSP.

Jogo importado de Espanha
O esquema, que está a gerar uma verdadeira euforia em tempo de crise, chegou a Portugal no início deste ano, “importado” de Espanha por empresários portugueses. Está espalhado de Norte a Sul do País e tem aliciado desde quadros médios e altos de empresas, até estudantes. O jogo da “bolha” é semelhante ao esquema em pirâmide e no meio dos jogadores comenta-se a existência de rodas que podem ir a 250 mil euros e outras de 50 euros. Um sonho de dinheiro fácil, sem impostos, que poderá transformar-se num verdadeiro pesadelo. Mais tarde ou mais cedo o jogo vai entrar em ruptura quando já não existirem novas pessoas para alimentar a roda.


@ Semanário económico
 
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