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Quatro em cada dez mulheres são assediadas no emprego
Estima-se que quatro em cada dez trabalhadoras são assediadas no emprego, mas por medo e vergonha a maioria não o denuncia. No ano passado, foram instaurados mais de 300 processos disciplinares relacionados com este crime, que o inspector-geral do Trabalho diz estar a aumentar em Portugal.
«Todos os dias, de norte a sul do país, há mulheres vítimas de assédio sexual no local do trabalho», alerta Fausto Leite, advogado especialista em Direito de Trabalho, assegurando que os casos que chegam a julgamento «são apenas a ponta do icebergue».
Fátima (nome fictício), de 36 anos, foi uma das vítimas com coragem para denunciar a situação e enfrentar o chefe em tribunal.
Na empresa de call-center, onde trabalhava há três anos, os avanços do novo superior hierárquico começaram subtilmente: elogiava-a com frequência e atribuiu-lhe mais responsabilidades. Pouco tempo depois começou a acompanhá-la nos serviços externos, criava pretextos para estar sempre a seu lado e à saída do emprego pedia-lhe boleia. Na noite em que a convidou «para subir a sua casa e beber uns martinis» Fátima assustou-se.
«Quando comecei a recusar sistematicamente os convites, foi o descalabro total. Passou a controlar-me, mudou os meus horários para que eu almoçasse sempre sozinha, nas reuniões não me deixava falar, chegava a ser agressivo e a humilhar-me em frente aos colegas».
A situação arrastou-se durante meses até que decidiu pedir apoio jurídico ao sindicato, porque «não podia ficar calada». Por ela, e por todas as outras mulheres. Na altura, o advogado avisou-a de que, muito provavelmente, as represálias iriam aumentar e, por isso, quando a empresa lhe moveu um processo disciplinar conducente ao despedimento não ficou surpreendida. Fátima avançou para tribunal com uma queixa por assédio.
Só no ano passado, a Associação Nacional de Pequenas e Médias Empresas (ANPME) acompanhou mais de 300 processos disciplinares por assédio sexual. Um número que para o especialista Fausto Leite está muito longe da realidade: «Calcula-se que em cada dez trabalhadoras há quatro assediadas». Mas, ao contrário de Fátima, a grande maioria das vítimas esconde o drama.
«Temos muito, muito poucas denúncias. Era importante que nos fizessem chegar [as queixas], que tivessem essa coragem, porque são situações que nos preocupam e que acontecem com cada vez mais frequência», alerta o Inspector-Geral do Trabalho, Paulo Morgado de Carvalho.
Das centenas de processos que em 2007 chegaram ao gabinete jurídico da ANPME´s, «apenas três resultaram em despedimento», afirma.
Se a maioria das vítimas não denuncia a situação por medo e vergonha, há também quem desista de apresentar queixa perante a dificuldade de arranjar colegas com coragem para testemunhar contra os superiores hierárquicos ou contra outros trabalhadores «com influência no poder».
Fátima não esquece essa experiência: «Só quatro colegas se dispuseram a ir a tribunal e mais tarde todos eles sofreram represálias e acabaram por ser afastados da empresa». Mas a jovem acabou por vencer todos os processos: o de assédio sexual e o que moveu pelo despedimento ilegal. Durante este período, que se arrastou por dois anos, mal conseguia dormir, emagreceu e precisou da ajuda de comprimidos e apoio psicológico. No final, a empresa pagou-lhe «pouco mais de cinco mil euros».
«As indemnizações são miserabilistas e ridículas», critica o advogado Fausto Leite, sublinhando que estes casos «têm consequências terríveis a nível da saúde mental dos trabalhadores». Passados três anos, Fátima confessa que nunca mais conseguiu estabelecer relações de confiança nos diferentes locais de trabalho por onde tem passado.
Estima-se que quatro em cada dez trabalhadoras são assediadas no emprego, mas por medo e vergonha a maioria não o denuncia. No ano passado, foram instaurados mais de 300 processos disciplinares relacionados com este crime, que o inspector-geral do Trabalho diz estar a aumentar em Portugal.
«Todos os dias, de norte a sul do país, há mulheres vítimas de assédio sexual no local do trabalho», alerta Fausto Leite, advogado especialista em Direito de Trabalho, assegurando que os casos que chegam a julgamento «são apenas a ponta do icebergue».
Fátima (nome fictício), de 36 anos, foi uma das vítimas com coragem para denunciar a situação e enfrentar o chefe em tribunal.
Na empresa de call-center, onde trabalhava há três anos, os avanços do novo superior hierárquico começaram subtilmente: elogiava-a com frequência e atribuiu-lhe mais responsabilidades. Pouco tempo depois começou a acompanhá-la nos serviços externos, criava pretextos para estar sempre a seu lado e à saída do emprego pedia-lhe boleia. Na noite em que a convidou «para subir a sua casa e beber uns martinis» Fátima assustou-se.
«Quando comecei a recusar sistematicamente os convites, foi o descalabro total. Passou a controlar-me, mudou os meus horários para que eu almoçasse sempre sozinha, nas reuniões não me deixava falar, chegava a ser agressivo e a humilhar-me em frente aos colegas».
A situação arrastou-se durante meses até que decidiu pedir apoio jurídico ao sindicato, porque «não podia ficar calada». Por ela, e por todas as outras mulheres. Na altura, o advogado avisou-a de que, muito provavelmente, as represálias iriam aumentar e, por isso, quando a empresa lhe moveu um processo disciplinar conducente ao despedimento não ficou surpreendida. Fátima avançou para tribunal com uma queixa por assédio.
Só no ano passado, a Associação Nacional de Pequenas e Médias Empresas (ANPME) acompanhou mais de 300 processos disciplinares por assédio sexual. Um número que para o especialista Fausto Leite está muito longe da realidade: «Calcula-se que em cada dez trabalhadoras há quatro assediadas». Mas, ao contrário de Fátima, a grande maioria das vítimas esconde o drama.
«Temos muito, muito poucas denúncias. Era importante que nos fizessem chegar [as queixas], que tivessem essa coragem, porque são situações que nos preocupam e que acontecem com cada vez mais frequência», alerta o Inspector-Geral do Trabalho, Paulo Morgado de Carvalho.
Das centenas de processos que em 2007 chegaram ao gabinete jurídico da ANPME´s, «apenas três resultaram em despedimento», afirma.
Se a maioria das vítimas não denuncia a situação por medo e vergonha, há também quem desista de apresentar queixa perante a dificuldade de arranjar colegas com coragem para testemunhar contra os superiores hierárquicos ou contra outros trabalhadores «com influência no poder».
Fátima não esquece essa experiência: «Só quatro colegas se dispuseram a ir a tribunal e mais tarde todos eles sofreram represálias e acabaram por ser afastados da empresa». Mas a jovem acabou por vencer todos os processos: o de assédio sexual e o que moveu pelo despedimento ilegal. Durante este período, que se arrastou por dois anos, mal conseguia dormir, emagreceu e precisou da ajuda de comprimidos e apoio psicológico. No final, a empresa pagou-lhe «pouco mais de cinco mil euros».
«As indemnizações são miserabilistas e ridículas», critica o advogado Fausto Leite, sublinhando que estes casos «têm consequências terríveis a nível da saúde mental dos trabalhadores». Passados três anos, Fátima confessa que nunca mais conseguiu estabelecer relações de confiança nos diferentes locais de trabalho por onde tem passado.
Diário Digital / Lusa