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Que mudanças na montaria e na espera?

helldanger1

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por:filipepedrosodelimadomingos

A temática sobre caça maior tem sido uma constante em diversos fóruns de debate, mas que nunca se esgota, nomeadamente a caça ao javali.
Numa outra página fiz um inquérito com diversos itens, sendo dois deles directamente relacionados com a montaria e com as esperas. As duas perguntas eram as seguintes: As montarias (esperas) devem continuar como até aqui? As montarias (esperas) devem ser alteradas?

Das respostas dadas sobre a montaria, 50% acham que deve continuar na mesma e 47,22% que se devem alterar.

Nas esperas as respostas dadas, 27.78% acha que as esperas devem continuar como até aqui e 61.11% opina que devem ser alteradas.

Embora a maioria, em relação à montaria seja de opinião que tudo deve continuar na mesma, uma percentagem elevada considera que algo se deve mudar. Já nas esperas, resulta evidente que uma maioria significativa é de opinião que se deve mudar.

A questão que agora se coloca a todos nós é o de saber o quê? É pois com esse propósito que pretendo fazer uma reflexão, sendo certo que também não tenho uma opinião definitiva sobre o assunto. Não interessa neste contexto, na minha opinião, levarmos a discussão para as questões de gestão técnica e territorial, que têm sido amplamente debatidas noutros locais, mas sim talvez, procurarmos reflectir se a época das montarias deve continuar de Outubro a Fevereiro e as esperas poderem ser permitidas durante todo o ano como até aqui, como resulta da alínea 3 do art 105 do Decreto-Lei 202/2004 de 18 de Agosto.

Quem só caça em montaria e não faz esperas, que são cerca de 50%, pode ser tentado a dizer que tudo está bem na montaria e que a eventual redução de efectivos é imputada às esperas. Já os que fazem esperas, podendo também fazer montarias, que são os restantes 50%, podem também ser levados a atribuir essa responsabilidade à montaria, isto naquela perspectiva de “puxar a brasa à minha sardinha”. Nem a uns nem a outros interessa encarar a situação nesta perspectiva, pois na minha opinião, o que interessa é uma leitura desapaixonada, podendo-se reflectir no interesse da preservação da espécie, independentemente de como cada um a caça, deixando o espírito de capelinha de parte, que não interessa nada nem leva a conclusões sérias. A todos o que interessa é continuar a caçar javalis fazendo-o de forma sustentada, mas para que isso aconteça, temos que fazer uma abordagem pragmática.

Pois então o que mudar nas montarias? No estudo do Dr. Carlos Fonseca que se pode ler aqui, sobre os períodos de gestação das javalinas, constata-se que na sua grande maioria, as parições a sul acontecem entre Janeiro e Fevereiro, no centro entre Fevereiro e Março e no norte entre Março e Abril, pelo que se defende que se adapte a época das montarias a esses ciclos, o que teoricamente está correcto. Assim, no sul a sua caça deveria incidir principalmente nos meses de Outubro e Novembro, sendo este último mês já o limite, pois se o período de gestação é de 4 meses, muitas javalinas em Outubro e Novembro já estarão prenhas. Seguindo o mesmo raciocínio no centro a época seria nos meses de Outubro, Novembro e já no limite o Dezembro e no norte o período de caça poderia ser então nos meses de Outubro, Novembro, Dezembro e já no limite o Janeiro. Apesar destes ajustamentos, não tenhamos dúvidas que aparecerão sempre nos quadros de caça javalinas prenhas, embora o seu número fosse bastante diminuído.

 

helldanger1

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Em qualquer circunstância no mês de Fevereiro já não haveria montarias. Será que existe vontade de se mudar? Aqui fica a pergunta.

Quanto às esperas, o que mudar efectivamente, sendo certo que muitos caçadores têm uma opinião pouco favorável a este tipo de caça nos moldes em que presentemente é efectuada. Há uns tempos atrás numa discussão no fórum do Portal Santo Huberto o confrade Hernâni Carvalho escreveu o seguinte:

“Depois que me desculpem os esperistas, que também fui agora não tenho tempo, se eu tivesse que medir os resultados das esperas o ano todo apenas numa reserva que conheço, ficariam surpreendidos os confrades se vos disse-se, que são mais as reses mortas, que a soma das montarias anunciadas neste portal, o que obviamente releva para resultados não desprezíveis, quando achamos que o problema da diminuição generalizada, se deve apenas ás montarias.”

Estas palavras fizeram-me reflectir e deram-me que pensar, digo-o francamente.

Parece-me a mim que a necessidade de legislar permitindo as esperas, terá tido como objectivo primeiro o dar resposta a algum descontentamento de agricultores, por queixas de prejuízos em algumas culturas, como se sabe que existem. Parece-me que todos concordarão que o intuito era meritório. O que se passa é que as esperas se tornaram parte dos calendários venatórios independentemente dos eventuais prejuízos. É verdade que os prazos já foram encurtados, presentemente “apenas” se pode fazer esperas em 10 noites por mês, ou seja um terço do mês. Sei que as esperas têm tido uma procura exponencial, aliás como a caça ao javali no geral, por razões de todos conhecida. Por isso, a procura aumentou e os gestores das zonas de caça procuram dar satisfação à mesma. Mas será que está correcto? Pessoalmente não sendo contra as esperas, estaria muito mais de acordo, que as mesmas se enquadrassem dentro do espírito da sua existência, por razões objectivas de eventuais prejuízos. Não estou com isto a defender as famigeradas milharias, que têm tido apenas uma função económica e destrutiva de varas inteiras de suídeos com implicações nos efectivos de grandes áreas territoriais. Isso, a generalidade dos caçadores não deseja. Para além do atrás dito e a manter-se a situação actual, não seria de equacionar também uma redução dos dias das esperas? Fica também aqui a pergunta.

Muito mais há a dizer sobre o tema, seguramente outras perspectivas de análise aparecerão, o que é bom pois é do contraditório que saem as boas soluções.
 
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