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GF Ouro
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A aprovação pela Assembleia da República de alterações à Lei de Financiamento dos Partidos Políticos é uma aberração. Em 2003, o Parlamento viabilizou, em nome da maior transparência, restrições ao financiamento partidário: impôs limites a donativos parti- culares. Agora, seis anos depois e em ano de três eleições, os deputados subvertem o espírito da lei de 2003.
Ou seja, aumentando em mais de 50 vezes o valor permitido para entradas de dinheiro vivo, reduzem-se as possibilidades de escrutínio das verbas dos partidos. Os que, em nome da moralização, querem acabar com o sigilo bancário e criminalizar o enriquecimento ilícito são os mesmos que aprovam estas alterações. E mais grave é a hipocrisia revelada por todas as forças políticas.
A lei mantém a lacuna que permite todos os abusos: as campanhas internas nos partidos ficam sem controlo. Quando se realizam eleições directas no PSD, no PS ou no CDS, estas acontecem de Vila Real de Santo António até Bragança. Com almoços, jantares ou comícios que alguém paga, mas que nunca se sabe quem foi. No limite, um qualquer empreiteiro que queira ter um partido na mão pode pagar uma campanha destas na totalidade sem que o candidato saiba de onde veio o dinheiro. Muito conveniente, porque quem não sabe não se compromete.
As nossas sociedades são hoje mais complexas do que as que existiam quando, em 1886, os Mártires de Chicago tombavam lutando pelas oito horas de trabalho. E quase um século sobre o início da construção do "socialismo real", mesmo em plena crise económica e financeira global, não há sinais de irrupção de movimentos sociais que queiram voltar a esses tempos e a esse modelo de sociedade, na qual o que não era proibido era obrigatório. Hoje, a resposta ao desvario financeiro especulativo das três últimas décadas procura despontar um pouco por todos os continentes a partir de novos valores e princípios. Os valores da dignificação do trabalho e da responsabilidade social e ambiental das empresas, do papel regulador das instâncias políticas e da intervenção do Estado q.b. para assegurar igualdade de oportunidades a quem não as obteve desde o berço.
Desponta a ideia de uma outra globalização, na qual mercado(s) e Estado(s) se concertem para atacar a sério os grandes problemas da humanidade - a pobreza extrema, a mudança climática, o desenvolvimento sustentável, o fim da ameaça nuclear e do messianismo terrorista, a vida digna para todos, sem discriminações nem marginalizações. Em mil cambiantes e em milhões de iniciativas e movimentos. Já não assume o branco/preto dos confrontos de classe contra classe, tingidos a vermelho de tantos que caíram pelo sustento básico. Neste 1.º de Maio, carregado de tantas incertezas e ameaças ao emprego, ao rendimento, ao direito básico a crescer através do trabalho que qualifica, continua o vermelho da memória, que não se apaga. Mas pela frente surgem novas lutas e novas metas, de todas as cores.
@ DN
Ou seja, aumentando em mais de 50 vezes o valor permitido para entradas de dinheiro vivo, reduzem-se as possibilidades de escrutínio das verbas dos partidos. Os que, em nome da moralização, querem acabar com o sigilo bancário e criminalizar o enriquecimento ilícito são os mesmos que aprovam estas alterações. E mais grave é a hipocrisia revelada por todas as forças políticas.
A lei mantém a lacuna que permite todos os abusos: as campanhas internas nos partidos ficam sem controlo. Quando se realizam eleições directas no PSD, no PS ou no CDS, estas acontecem de Vila Real de Santo António até Bragança. Com almoços, jantares ou comícios que alguém paga, mas que nunca se sabe quem foi. No limite, um qualquer empreiteiro que queira ter um partido na mão pode pagar uma campanha destas na totalidade sem que o candidato saiba de onde veio o dinheiro. Muito conveniente, porque quem não sabe não se compromete.
As nossas sociedades são hoje mais complexas do que as que existiam quando, em 1886, os Mártires de Chicago tombavam lutando pelas oito horas de trabalho. E quase um século sobre o início da construção do "socialismo real", mesmo em plena crise económica e financeira global, não há sinais de irrupção de movimentos sociais que queiram voltar a esses tempos e a esse modelo de sociedade, na qual o que não era proibido era obrigatório. Hoje, a resposta ao desvario financeiro especulativo das três últimas décadas procura despontar um pouco por todos os continentes a partir de novos valores e princípios. Os valores da dignificação do trabalho e da responsabilidade social e ambiental das empresas, do papel regulador das instâncias políticas e da intervenção do Estado q.b. para assegurar igualdade de oportunidades a quem não as obteve desde o berço.
Desponta a ideia de uma outra globalização, na qual mercado(s) e Estado(s) se concertem para atacar a sério os grandes problemas da humanidade - a pobreza extrema, a mudança climática, o desenvolvimento sustentável, o fim da ameaça nuclear e do messianismo terrorista, a vida digna para todos, sem discriminações nem marginalizações. Em mil cambiantes e em milhões de iniciativas e movimentos. Já não assume o branco/preto dos confrontos de classe contra classe, tingidos a vermelho de tantos que caíram pelo sustento básico. Neste 1.º de Maio, carregado de tantas incertezas e ameaças ao emprego, ao rendimento, ao direito básico a crescer através do trabalho que qualifica, continua o vermelho da memória, que não se apaga. Mas pela frente surgem novas lutas e novas metas, de todas as cores.
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