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A redução do gelo no Oceano Ártico devido ao aquecimento global pode provocar um aumento de invernos secos e mais frios em Portugal, disse hoje à Lusa Pedro Viterbo, do Instituto de Meteorologia (IM).Pedro Viterbo chegou a esta conclusão depois de analisar um estudo realizado por vários cientistas, entre os quais a presidente da Escola das Ciências Atmosféricas no Instituto de Tecnologia da Geórgia, Judith Curry.
«A verificar-se aquilo que os autores dizem, haverá tendência a haver mais invernos como este. Portanto, mais invernos com menos depressões [atmosférica] a chegar ao nosso país e mais depressões a ir para norte. Portanto, Invernos secos e frios», explicou o coordenador científico de estudos sobre o clima do IM.
Segundo o estudo, divulgado pela Academia de Ciências dos Estados Unidos, a redução do gelo no Oceano Ártico devido ao aquecimento global pode explicar a neve e o frio acima do habitual nos invernos dos últimos anos em certas zonas do hemisfério Norte.
«Há uma indicação de que poderá haver maior frequência destas situações de invernos secos e de secas, mas não sei até que ponto posso dar significância estatística a isto», sublinhou Pedro Viterbo.
De acordo com os cientistas, os dados recolhidos desde 1979 – início das observações por satélite – até 2010 mostram uma diminuição da superfície do gelo no Oceano Ártico em um milhão de quilómetros quadrados no Outono, o que representa 29,4 por cento da sua superfície e equivale a duas vezes [o território] da França.
«O nosso estudo demonstra que a diminuição dos gelos do Oceano Ártico está ligada a mudanças na circulação atmosférica do hemisfério Norte no Inverno», afirmou Judith Curry.
O especialista considera que o estudo estabelece uma tendência, mas não consegue explicar «o facto de os dois últimos anos terem sido muito chuvosos», sendo que o de 2009/2010 foi mesmo o «mais chuvoso de sempre» em Lisboa.
Pedro Viterbo admite que o «gelo do Ártico está a diminuir a uma taxa muito superior àquilo que os próprios modelos de clima dizem» e considera que «as previsões de um grande decréscimo na segunda metade do século XXI, provavelmente vão já acontecer na primeira metade do século XXI».
O especialista do IM explicou que o que acontece quando desaparece o gelo no Ártico é que o contraste térmico entre as latitudes, subtrópicos e pólos «diminui qualquer coisa como quatro graus».
De acordo com o estudo, desde que a superfície do gelo caiu para um nível recorde, em 2007, quedas de neve nitidamente mais abundantes do que o normal foram observadas em vastas regiões norte-americanas, na Europa e na China.
Nos invernos de 2009-2010 e 2010-2011, o hemisfério Norte registou a segunda e terceira acumulações de neve mais fortes desde o início dos registos.
Lusa/SOL