Moura II
Queijo de Serpa
Entre os queijos que se fazem no concelho de Moura, é o de Serpa o mais categorizado e um dos melhores queijos portugueses, só rivalizando com o da Serra. Trata-se de um queijo de ovelha curado, com poucos ou nenhuns olhos (cavidades), que apresenta uma casca maleável, fina e ligeiramente rugosa, de cor amarelo-palha, sobre uma pasta unida e amanteigada da mesma cor, cremosa e deformável no corte, podendo mesmo entornar. O Queijo Serpa - DOP pode apresentar-se com quatro dimensões, desde "merendeiras" (entre 200 e 250 gramas) passando pelas "cuncas" (entre 800 e 900 gramas) e pelos "normais" (entre 1000 e 1500 gramas) até aos "gigantes" (entre 2000 e 2500 gramas). Hoje em dia, o Queijo de Serpa é um produto artesanal conhecido pela sua excepcional qualidade. Mantém a forma tradicional de fabrico e revela características únicas resultantes da trilogia gado autóctone, ervas e clima, ao que se junta a arte popular que ao longo dos séculos foi apurando as técnicas da transformação do leite. O queijo Serpa também se encontra certificado pela Denominação de Origem Protegida. Só pode ser fabricado com o leite de ovelha produzido na Região Demarcada do Queijo Serpa, que foi criada em Junho de 1987 e abrange os concelhos de Moura, Mértola, Beja, Castro Verde, Almodôvar, Cuba, Ourique, Serpa, Vidigueira, Aljustrel, Ferreira do Alentejo e Alvito e algumas freguesias dos concelhos de Odemira (Colos e Vale de Santiago), Santiago do Cacém (São Domingos, Alvalade e Abela), Grândola (Azinheira de Barros) e Alcácer do Sal (Torrão).
No Alentejo, o grande destino dos porcos das matanças é a preparação dos enchidos, para o que são destinados os melhores pedaços. Era ainda hábito recente, nas casas de famílias numerosas, matarem dois porcos por ano, aos quais retiravam apenas dois presuntos, ficando a restante carne para os apreciados enchidos. Trata-se também de um produto com uma grande tradição em Moura. A qualidade dos enchidos alentejanos depende bastante mais da qualidade da carne utilizada do que da complicação da receita, podendo dizer-se, simplificando, que apenas lhe basta a massa de pimentão, o sal, alho pisado e um pouco de fumo (para alguns enchidos utiliza-se também como tempero o vinho branco e o cravo de cabeçinha). Os enchidos mais importantes são os paios (feitos com a carne do lombo, enrolada na membrana que reveste as banhas do porco, e posteriormente apertada com linha em volta), os painhos ou paiotes (para os quais é utilizada a melhor carne magra), as linguiças (chouriços de carne magra, entremeada com alguma carne gorda), os chouriços (feitos com carne gorda temperada com sangue) e as farinheiras.
Vinhos
O vinho têm-se mantido desde os primórdios da humanidade ligado à história e cultura dos povos, sendo utilizado nas mais diversas circunstâncias da vida, desde a alimentação aos rituais religiosos. No nosso território, a cultura da vinha é anterior à ocupação romana, mas foi com estes que a vinha e a exploração agrícola em geral, conheceram um avanço técnico mais significativo. São ainda evidentes as marcas deixadas pelos romanos através de diversos equipamentos ainda hoje conhecidos e alguns correntemente utilizados - é o caso dos "podões", que os podadores utilizam para podar as vinhas e as "talhas" , recipientes usados nas adegas do Alentejo para a fermentação de mostos e conservação, transporte e armazenagem de vinho.
A região produtora de vinhos alentejana, com solos e clima propícios, constitui uma das grandes riquezas do país. Regiões como Moura, Portalegre, Borba, Redondo, Reguengos, Vidigueira, Évora, e Granja-Amareleja estão na origem de vinhos de elevada qualidade a que foi concedida a classificação VQPRD (Vinhos de Qualidade Produzidos em Regiões Demarcadas). No concelho de Moura são ainda produzidos vinhos com a indicação geográfica de qualidade Vinho Regional do Alentejo. A região vitivinícola de Moura abrange parte dos concelhos de Moura e de Serpa. Apesar de ser uma das mais modernas, já em 1870 se produziam vinhos na região. Foi José Maria dos Santos que, na segunda metade do séc. XIX, procedeu à implantação de uma vinha na Herdade dos Machados e ali construiu uma adega com características regionais, que ainda hoje existe.
Quanto aos pratos típicos regionais eles são, entre outros:
Caldo de peixe da ribeira - Caldo feito com peixe e poejos.
Caldo de «baldoregas» - Caldo com beldroegas, ovo e queijo.
Gaspacho - Caldo frio, com sopas de pao, tomate e pepino.
Açorda - Sopas de pao, coentros, com ovos cozidos, bacalhau ou peixe grelhado (carapau ou sardinha).
Migas - Fatias de pao, fritas em alho, deixadas tostar.
Caldo de caçào ou alhada - Caldo de caçao com coentros e sopas de pão.
Ensopado de borrego - Prato feito com borrego e batatas.
Cachola de coentrada - Cachola assada, temperada com azeite, vinagre e coentros.
E nos doces:
Nógado - Tiras finas de massa frita, unidas com mel e cortadas às fatias.
Filhozes - Massa fina de forma rectangular, recortada, frita e regada com mel.
Borrachos - Massa fina de forma arredondada, frita e coberta com açúcar e canela.
Bolo Podre - Bolo feito com mel.
Bolo Bom como tão bom - Bolo feito com gila e amêndoa.
Gila - Doce feito desse fruto.
Manjar - Doce feito de amêndoas.
Porquinho de chocolate - Doce feito com gila, manjar e fios de ovos.
Lampreia de ovos - Doce feito com ovos moles e fios de ovos.